Gabriel Gonçalves
Nos últimos dias, a produção do Acorda Cidade recebeu diversas reclamações de banhistas que presenciaram uma grande quantidade de peixes mortos na faixa de areia das praias de Cabuçu e Praia do Sol, localizadas no município de Saubara.
No dia 12 de fevereiro, uma tartaruga também foi encontrada morta por um inspetor da Guarda Municipal de Feira de Santana.
Ao entrar em contato com o secretário municipal de Meio Ambiente de Saubara, João Gonzaga, ele explicou que os peixes mortos que estão aparecendo na faixa de areia podem ser provenientes de pescas que são feitas utilizando-se explosivos.
Por esta razão, o Acorda Cidade foi em busca de maiores informações com o biólogo, Mestre em Ciências Ambientais e Doutor em Zoologia e professor da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), Alexandre Clistenes.
De acordo com ele, esta prática se tornou comum no estado da Bahia, embora seja considerada como um crime ambiental.
Foto: Ed Santos/ Acorda Cidade
"Infelizmente essa prática de pesca é comum e já está mapeada nos pontos onde ocorrem com maiores frequências. Isso é considerado um crime ambiental e se quisessem fazer alguma coisa, já poderiam ter feito, uma vez que isso está na lei de crime ambiental e também no estatuto de desarmamento pela utilização de explosivos, que é proibida. Existem vídeos das pessoas arremessando essas bombas artesanais, que podem atingir um raio de 500 metros, podendo chegar até 1km, e claro, vai destruir tudo que estiver ali ao redor", explicou.
De acordo com o biólogo, essa prática tem como objetivo facilitar a pesca.
"Isso acontece principalmente com pescadores que não são tradicionais ali daquela região. Se torna mais fácil retirar estes peixes, porém ao mesmo tempo, é altamente destrutiva, porque isso acelera o processo de extinção dos peixes e os prejuízos são enormes. O primeiro fator é que os peixes morrem imediatamente e já temos algumas espécies ameaçadas de extinção como os cavalos-marinhos, os peixes cartilaginosos, badejos e raias. Às vezes, ocorre também a falta de noção por parte dos pescadores, que acabam destruindo o período reprodutivo dessas espécies. Eu, particularmente, conheço um pescador que perdeu as duas mãos enquanto estava preparando o explosivo", disse.
Foto: Ed Santos/ Acorda Cidade
Ainda segundo o professor Alexandre Clistenes, por falta de incentivo federal, as fiscalizações estão precárias.
"Os nossos órgãos ambientais, não sei se todos estão acompanhando, pois estão sendo desmantelados. A política ambiental no país neste momento encontra-se sobre ataque e, por conta disso, o investimento é pequeno nos órgãos ambientais. Com isso, temos a falta do recurso humano, a falta de equipamentos, falta de barcos, que são necessários para esta fiscalização. Em Salvador, por exemplo, já foram mapeadas todas as regiões onde ocorre esse tipo de pesca, os bairros que permitem o acesso fácil dos pescadores, como a Ribeira, Gamboa, Subúrbio e infelizmente, a gente também sabe que as pessoas dão a preferência para este tipo de peixe que é pescado desta forma, por conta do tempo que ele pode durar. É necessário vender o mais rápido possível, caso contrário, começam a ficar podres", explicou.
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade
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