Missão

Bombeiro de Feira de Santana relata desafios e momentos marcantes durante buscas por desaparecidos em Petrópolis

No dia 18 de fevereiro, ele e outros colegas da equipe foram convocados para participar das buscas aos desaparecidos nos desabamentos em Petrópolis, no Rio de Janeiro.

Laiane Cruz

Convocado para mais uma missão de resgate, o bombeiro militar Capitão Márcio de Cristo Estrela entende que é preciso estar preparado não só fisicamente, mas também espiritual e emocionalmente para lidar com os desafios da profissão que escolheu.

No dia 18 de fevereiro, ele e outros colegas da equipe foram convocados para participar das buscas aos desaparecidos nos desabamentos em Petrópolis, no Rio de Janeiro. Infelizmente, as vítimas estavam sem vida, entre elas uma criança de 6 anos de idade e um bebê de apenas 15 dias.

“Para mim foi um momento que marcou e posso considerar como difícil pela circunstância. Encontramos uma mulher e logo mais uma menina de 6 anos e um bebê de 15 dias de nascido. Estavam praticamente todos no mesmo local, sob um colchão. Esse foi um momento que marcou bastante nessa operação”, declarou o capitão ao Acorda Cidade.

Foto: Arquivo Pessoal
 

Capitão Márcio Estrela é coordenador de Treinamento Operacional do Departamento de Ensino e Pesquisa do Corpo de Bombeiros Militares da Bahia (CBMBA). Ele já atua na corporação há 17 anos. Natural de Salvador, reside em Feira de Santana desde 2014, quando foi convocado para trabalhar no 2º Grupamento de Bombeiros Militares. “Lá permaneci por cerca de 2 anos e meio e fui transferido para uma unidade de ensino do Corpo de Bombeiros.”

A convocação para viajar a Petrópolis ocorreu por telefone. No outro dia, em 19 de fevereiro, ele e mais 12 bombeiros militares da Bahia sob o comando do Coronel Valdir partiram para apoiar o trabalho do Corpo de Bombeiros no Rio de Janeiro. Mas ao longo de sua trajetória, essa não foi a única missão desafiadora.

“Já participei de outras missões parecidas com essa, como em 2013 no município de Lajedinho, na Chapada Diamantina; em 2018, em Brumadinho, Minas Gerais, e recentemente no final do ano passado no extremo-sul da Bahia, mais precisamente na região de Itamaraju”, informou o bombeiro ao Acorda Cidade.”

No dia da sua chegada a Petrópolis, logo percebeu que não seria fácil. Muitas pessoas morreram soterradas e mais da metade ainda não tinham sido localizadas.

“As equipes estavam chegando e unindo esforços junto com as equipes do corpo de bombeiros do Rio. Nós fomos para Petrópolis no dia 19 de fevereiro e retornamos no dia 28. Infelizmente todas as vítimas que resgatamos estava em óbito. Nós das unidades da Bahia devemos estar sempre preparados tecnicamente, fisicamente e psicologicamente para atuar em situações de desastre, que podem acontecer não só no nosso estado, mas em todo o Brasil, e muitas vezes em outros países. Já houve desastres naturais em outros países em que os bombeiros brasileiros participaram de missões de busca e resgate”.

Apesar dos momentos de tristeza que convivem também ao lado de muitas alegrias, o que brota em todos os momentos é o de gratidão. “Poder estar ali ajudando aquelas pessoas que estão aflitas e muitos em busca de seus parentes desaparecidos; sendo instrumento para fazer as buscas e estar localizando aquelas pessoas, mesmo que sem vida. É um sentimento de gratidão por trabalhar ajudando as pessoas.” 

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