Laiane Cruz
Um grupo de servidores da prefeitura municipal de São Francisco do Conde realizaram, na manhã desta segunda-feira (21), um ato de doação de sangue, com o objetivo de chamar atenção também para a pauta de reivindicações dos profissionais de educação, que buscam melhorias salariais e de condições de trabalho.
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade
A servidora Vandelma Silva Oliveira Rios relatou em entrevista ao Acorda Cidade, que há três anos os profissionais de educação de São Francisco do Conde estão sofrendo com cortes salariais e defasagem do plano de carreira.
“O governo se nega a dialogar com a categoria. Não temos condições mínimas de trabalhar. Durante os dois anos de pandemia, em que as escolas ficaram fechadas, não fizeram nenhuma melhoria para receber os alunos, tanto que não temos a mínima condição de voltar ao presencial ainda. Queremos mudar essa situação, queremos ser ouvidos, pelo menos, e que de fato a gente consiga alcançar aquilo que a gente almeja, que é ser valorizados. Quando os profissionais de educação ganham, toda a comunidade ganha. A valorização traz uma educação com muito mais qualidade”, declarou Vandelma Silva.
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade
Segundo ela, a ideia de realizar a manifestação e ao mesmo tempo doar sangue teve o intuito de contribuir com o órgão pelo fato da pandemia ter prejudicado os estoques.
Diretor do Sindsefran (Sindicato dos Servidores Públicos de São Francisco do Conde), que representa os servidores da prefeitura e da Câmara de Vereadores, Flamário Santana, confirmou sobre a dificuldade de dialogar com a prefeitura de São Francisco do Conde.
“Foram várias tentativas de negociação, vários ofícios foram enviados para a gestão, e já vai fazer um ano e até hoje não tivemos um diálogo com o prefeito para negociar. Além do salário e a valorização dos profissionais da educação, temos também a questão da infraestrutura das escolas. A educação do município pede socorro, porque uma cidade com tanto dinheiro e ainda assim as unidades escolares estão sucateadas e não têm os recursos apropriados. O piso salarial que o governo federal determinou para este ano é de R$ 3.845. O piso salarial de São Francisco do Conde é R$ 3.208, ou seja, tem essa diferença e estamos lutando para que, no mínimo, ele venha adequar ao piso nacional, sendo que não temos reajuste há três anos”, protestou.
Fotos: Ney Silva/Acorda Cidade
O servidor Luiz Amaral destacou que o ato de doar sangue hoje foi também um ato político, que representa o fato de os profissionais doarem seu sangue pela educação de São Francisco do Conde.
“Vimos ao Hemoba de Feira e também de Salvador, e paralelo a isso, viemos reivindicar os nossos direitos, que é o piso nacional de aplicação imediata, que várias cidades já aplicaram e também nossas progressões verticais, que com a derrubada da Lei 173 de 2020, a partir de 1º de janeiro de 2022, já era para essas progressões terem entrado na nossa conta. Desde 2018 que a gente não está tendo nenhum tipo de reajuste. Não estamos pedindo aumento, estamos pedindo reajuste para recompor a inflação. O transporte ficou mais caro, a gasolina ficou mais cara, a alimentação, e os profissionais estão ficando com inanição. O piso nacional é R$ 3.850 então teria que completar esse valor para adequar, que várias prefeituras de todo o país já estão pagando, inclusive cidades que não têm a mesma arrecadação que São Francisco do Conde tem.”
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade
A coordenadora do Hemoba, Nilza Azevedo, salientou que toda contribuição ao órgão é bem-vinda.
“Que bom seria se todas as manifestações fossem dessa forma, não só chamando atenção para si, mas que também pode ser um doador de sangue, fazendo o cadastro de medula, ou doando seu tempo para ajudar alguém. É uma das melhores formas de se manifestar, mostrando que é um cidadão e que se importa com o outro. Como mudamos para o centro da cidade, melhoramos bastante nossas coletas, mas com a pandemia, aumentou muito o número de cirurgias no Clériston Andrade e com isso aumentou muito o volume de sangue consumido tanto pelo Hospital Estadual da Criança quanto do Clériston. Essa semana temos alguns pacientes que estão internados e são do tipo O negativo, que é um tipo sanguíneo raro, e para ajudar esses pacientes a saírem do quadro fica mais difícil”, informou.
Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade.
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