Feira de Santana

Pai diz que proprietária de bar assassinada fechou estabelecimento por 30 dias a mando de traficante

O pai de Elisângela, que também não quis revelar o nome para a reportagem por medo de represálias, contou que tinha um ótimo relacionamento com a filha e que a ajudou a montar o estabelecimento.

Laiane Cruz

Familiares e amigos participaram na tarde desta segunda-feira (14) do velório da enfermeira Elisangela Silva Santos, 33 anos, que foi alvejada com três tiros na tarde de domingo (13) em seu bar e restaurante, localizado na Rua Andorinha, no bairro Alto do Papagaio, em Feira de Santana.

Um amigo da vítima, que preferiu não se identificar à reportagem, relatou que Elisangela era uma pessoa tranquila, querida por todos da vizinhança e que não fazia mal a ninguém.

Foto: Arquivo Pessoal | Jovem de 33 anos morta na tarde de domingo (13)

“Ela era uma pessoa fora do comum, muito querida, não perturbava ninguém, não fazia mal e sempre ajudava as pessoas. É difícil entender como acontece isso com uma pessoa da índole dela. Eu estava distante quando tudo aconteceu. Fiquei sabendo que chegou um carro no estabelecimento dela e deram tiros. Achei que seriam tiros aleatórios, para assustar, mas logo depois fiquei sabendo de como tudo ocorreu”, informou.

Ainda conforme esse amigo, na região onde fica o bar, no bairro Alto do Papagaio, sempre acontecem tiros, violência, mas dessa forma foi a primeira vez.

O pai de Elisangela, que também não quis revelar o nome para a reportagem por medo de represálias, contou que tinha um ótimo relacionamento com a filha e que a ajudou a montar o estabelecimento.

“Minha filha no dia a dia era ótima, todo mundo gostava dela. Era uma menina espetacular, ajudava as pessoas, fazia cestas básicas pra entregar aos mais pobres. Aí colocou o negócio dela lá, inclusive fui eu que desmanchei uma casa e fiz o barzinho para ela ter mais uma renda, que ela trabalhava num hospital como enfermeira. Ela só ficava no bar dia de sábado e domingo e durante a semana trabalhava em outro emprego. E aí ontem de tarde chegou esse cara lá e deu três ou quatro tiros, que pegaram nela e foi fatal”, lamentou.

Ele revelou ainda que o bar ficou fechado por 30 dias a mando do principal suspeito, que segundo o pai, é um traficante que mora próximo ao estabelecimento e vinha ameaçando a vítima.

“O bar dela ficou fechado um tempo por causa desse sujeito que mora próximo, ficou fechado um mês, e quando foi domingo agora, abriu. O autor do disparo mora próximo ao bar, é muita droga que rola, e a polícia já esteve lá, pegou a droga e levou, então está um bairro perigoso. Eu estava em casa e só ouvi os tiros. Quando a gente correu para ver já tinha acontecido. Não cheguei a ver o suspeito correndo. Mas falo que foi ele porque a casa é de junto, e ele que queria proibir ela botar o negócio dela, porque estava empatando o comércio dele. Ele a ameaçou uma vez e aí ela parou uns 30 dias, e agora tinha recomeçado porque ela precisava pagar as contas dela”, contou o pai de Elisangela.

A vítima tinha dois filhos, um de seis e outro de 14 anos, que agora serão criados pelo avô.

Jovem vinha sendo ameaçada

Em entrevista ao Acorda Cidade, o delegado titular da Delegacia de Homicídios (DH), Rodolfo Faro, confirmou que, de acordo com as investigações iniciais, a jovem vinha sendo ameaçada por um traficante na área do estabelecimento, que estaria insatisfeito com a presença constante de policiais no bar.

“Recebemos o relatório do local do crime, que foi feito pela equipe do plantão regional, e estamos agora em contato com testemunhas e familiares que presenciaram o crime para apurar as informações até então fornecidas, ainda não confirmadas, sobre a autoria e a motivação, que supostamente teria sido uma represália pelo fato da vítima ter um estabelecimento comercial frequentado por policiais. Porém, essas informações carecem de comprovação”, informou o delegado.

Imagens de um homem estão circulando nas redes sociais apontando-o como um dos autores. Segundo Rodolfo Faro, esse homem está sendo procurado.

“Os autores chegaram em um veículo e um deles desembarcou do banco do carona e atirou contra a vítima. A polícia já se encontra à procura de um dos suspeitos, cuja foto circula nas redes sociais. Vamos ouvir os familiares, após a vítima ser enterrada”, disse.

A comerciante morava na parte de cima do estabelecimento onde foi assassinada. A vítima foi alvejada com três tiros. Ela chegou a ser socorrida para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro Mangabeira, mas chegou sem vida por volta das 16h. O levantamento cadavérico foi realizado na unidade de saúde pela delegada Dorean dos Reis Soares.

A vítima foi atingida por tiros no pescoço, braço e tórax.

 

Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade

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