Feira de Santana

Melhor idade: profissionais revelam o amor pelo trabalho mesmo depois de aposentadas

Conheça as histórias de Ana da Maniçoba e Iara Helena

Gabriel Gonçalves

Quem nunca sonhou em curtir a tão merecida aposentadoria e poder viajar pelo mundo a fora e realizar outros desejos? Este pode ser o pensamento de muitos brasileiros que já estão se aproximando desta conquista.

Embora seja uma boa notícia, receber a aposentadoria e dizer 'tchau ao mercado de trabalho', duas guerreiras que ajudaram no sustento familiar no segmento de alimentos em Feira de Santana, ainda não se despediram do expediente.

Com 82 anos, Ana Beirão, mais conhecida como Ana da Maniçoba, levanta todos os dias às 4h da manhã e não mede esforços para trabalhar no Mercado de Arte Popular (MAP).

Ao Acorda Cidade, a matriarca explicou que precisou criar dois filhos ainda pequenos e ser a responsável pela casa. Para ela, toda essa força, vem do amor e dedicação com a profissão.

"O começo da minha vida foi muito duro, porque eu tinha dois filhos pequenos quando me separei do meu marido, um tinha dois e o outro, três anos de idade, ainda tive que criar mais 10 filhas mulheres dos outros, mas que graças a Deus estão formadas e casadas e foi assim que ajudei a toda a minha família e digo que isso é fruto de toda dedicação e amor que eu tive e ao meu Deus vivo", afirmou.

Mesmo com toda experiência adquirida durante todos este anos, Ana da Maniçoba destacou que é preciso lutar até o último minuto de vida se for preciso.

Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

"Devemos ir a luta, a gente precisa trabalhar, eu aqui junto com meus filhos, junto com meus netos e digo que sou uma das mulheres aqui de Feira de Santana, mais felizes deste mundo. Eu já tive três derrames, um deles, foi preciso ir para a UTI, tenho problema de coração, alergia, problema de coluna, mas estou aqui trabalhando todos os dias, porque na minha opinião as pessoas que não lutam, elas vegetam e eu não quero isso, eu quero lutar até o último minuto de vida, porque devemos sempre agradecer a Deus", declarou.

Antes de ter o ponto comercial no Mercado de Arte Popular, Ana da Maniçoba contou à reportagem do Acorda Cidade que o seu primeiro estabelecimento comercial, localizado no bairro Coronel José Pinto, tem quase 60 anos..

"A outra casa já tem 57 anos de existência, fica localizada lá na Coronel José Pinto, na época eu nem queria vir para o Mercado de Arte, porém o prefeito Colbert Martins disse que eu tinha que comprar o meu espaço porque já tinha a escritura desse espaço, já que em Salvador tem Maria do São Pedro, Feira de Santana, passaria ter Ana da Maniçoba. Lembro também que no período eu recebi muitos políticos, como Tancredo Neves, Valdir Pires, Ulisses Guimarães, foi um jantar que eu fiz e lembro como hoje, o jantar foi filé com purê de batata, foi uma maravilha, fora que Dr. Colbert Martins, o pai, estava lá todo sábado para almoçar", relembrou.

Outro exemplo de vida em Feira de Santana, é a administradora Iara Helena Moraes, 71 anos, responsável pela distribuição de alimentos de uma rede hospitalar. Com quase 27 anos de atuação no mercado, ela fez um retrospecto das atividades que exerceu no passado.

Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

"Eu fui vice-diretora de um colégio no município de Milagres, depois tomei conta de um posto da minha mãe, também lá em Milagres, eu fiquei por 11 anos, enquanto ela trabalhou durante 21. Depois disso, fomos para Salvador, isso no ano de 94, foi quando recebi o chamado de uma pessoa que já me conhecia, porque o hospital estava querendo terceirizar a copa. Quando foi no ano de 95, eu já estava com 45 anos, eu vim de Salvador junto com minha filha Rafaela e meu esposo Sandoval", disse.

Já em Feira de Santana, Iara Helena informou que possui cerca de 60 funcionários, e ainda que o processo esteja em boas mãos, faz questão de estar presente todos os dias no local de trabalho.

"Hoje nós temos quase 60 funcionários terceirizados e todos os dias eu compareço no hospital, que eu amo, gosto do que faço, gosto daquele espaço, gosto de trabalhar, mesmo com meus 71 anos de idade e não tenho preguiça, não tenho desânimo de nada, trabalho direto, de domingo à domingo sem férias. Enquanto eu puder estar presente, estarei acompanhando todos os processos, eu não cozinho, apenas administro todo o trabalho e inclusive, eu tenho funcionárias lá com 50, 60 anos de idade também, que são excelentes, não chegam atrasadas, exemplo de profissionais e eu sempre estou incentivando todo mundo", explicou.

Para ela, manter as atividades previne doenças, assim como a própria depressão.

"Eu acredito que as pessoas não devem se acomodar. Infelizmente não acham trabalho e ficam aí acomodadas, mas é preciso lutar pela vida, não podem desanimar. Cair em uma depressão, eu por exemplo, nem lembro disso, não lembro de nada, não lembro da velhice, das doenças, me considero como uma pessoa jovem e não me troco por muitos jovens que estão por aí não. A minha memória está espetacular, as vezes um médico chega lá na cantina, e eu já sei qual o lanche ele gosta e todo mundo elogia o meu trabalho", enfatizou.

 

Com informações repórter do Ney Silva do Acorda Cidade

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