Feira de Santana

Pároco da Igreja dos Capuchinhos parte em missão de estudar na Itália

Ele explicou que há um ano já vinha dialogando com Roma, pleiteando uma bolsa.

Laiane Cruz

Após 10 anos como Pároco da Igreja dos Capuchinhos, a Paróquia Santo Antônio, o Frei Mário Sérgio está se desligando das suas funções em Feira de Santana para estudar em Roma, na capital da Itália. Segundo o frei, em entrevista ao Acorda Cidade, a vida do frade capuchinho é marcada pela itinerância, o que caracteriza o seu modo de ser.

“A cada 3 anos nós elegemos os nossos novos superiores e eles remanejam os frades de acordo com as necessidades, porém algumas funções permanecem um pouco mais, por exemplo a de superintendente de uma rádio, o diretor do colégio Santo Antônio e os párocos. Eles, pelo instituto da nossa província, podem ficar em uma paróquia até 9 anos, não mais que isso. Eu, frei Mário Sergio, já sabia disso, qualquer pároco que chegar sabe disso, que nós vamos ser remanejados para outras funções. No meu caso eu já tinha um desejo de fazer um doutorado”, informou.

O frei, que nasceu em Aracaju e entrou para o convento em 1996, explicou que há um ano já vinha dialogando com Roma, pleiteando uma bolsa, e preparando toda a documentação para ir morar na Itália

Ele relembrou que veio para a Bahia, em 1997, para morar em Vitória da Conquista e depois morou em outras cidades como Seabra, Esplanada, Itabuna, Salvador, até sua última escala Feira de Santana.

“Eu viajo dia 18 de abril para Roma e permaneço por lá por dois anos e pode ser renovado. Deixo a paróquia no dia 6 de março, quando o Frei Leomar toma posse, que foi nosso provincial durante seis anos. Já tem 20 anos de sacerdócio e tenho certeza absoluta que a continuidade do trabalho e da missão se manterá tranquilamente”, destacou.

Desafios

O frei Mário Sérgio relembrou ainda os desafios que enfrentou ao assumir a Paróquia Santo Antônio.

"Substitui o Frei Beto, que era carismático, queridíssimo, então até a comunidade desconstruir a imagem daquele pároco e construir a imagem do outro, isso exige da gente muita maturidade, porque nem todo mundo tem a mesma caridade para acolher, mas exige maturidade. Tudo é uma escola, um crescimento e eu tenho certeza que a gente vai aprendendo com isso, até que as pessoas entendem a nossa metodologia, o nosso modo de ser, de pensar e as coisas fluem. Eu sinto que eu firmei meus pés na Paróquia Santo Antônio, depois de três anos que aqui estava, eu me senti um pouco mais inteirado das coisas. Daqui eu só levo gratidão, eu saio de Feira de Santana sem nenhuma contrariedade com qualquer pessoa que seja. Não tive, pelo menos da minha parte nenhum desafeto, nenhum contratempo, ou seja, eu saio daqui como eu vim, eu vim para cá com o coração aberto e agora venho da minha missão da mesma forma. Daqui só levarei coisas boas e se tiveram coisa coisas ruins no caminho, elas não ocupam espaço na minha vida e no meu coração”, observou.

O pároco recordou também uma mensagem ministrada por ele no último domingo sobre a necessidade de se avançar para águas mais profundas e acolher o próximo em suas necessidades.

“Jesus que estava na barca pregando para a multidão, mas de olho em uma pesca frustrada de Pedro e de seus companheiros, ele chega para ele e diz assim: 'avancem para águas mais profundas'. E Pedro já estava cansado, todo mundo, né? Eu falei que Jesus era carpinteiro como profissão, não entendia nada de barco, de pesca, de peixe, mas Pedro falou 'em atenção à tua palavra, Senhor, voltarei e lançarei as redes'. E o milagre aconteceu, e eu dizia que a nossa arrogância, a nossa prepotência, podem impedir que a graça de Deus se realize, aconteça em nossa vida, quando eu quero ser o dono de tudo. Então, eu já fiz, não dá certo, eu já experimentei. Pedro nos ensina a ter humildade. Porque da nossa vida mais sabe Deus do que nós mesmos, e ele falou 'a partir de hoje você será pescador de Homens'. E também eu falava do salmo que dizia que nós somos uma obra inacabada, ninguém está pronto em nada na vida, porque enquanto houver vida, há a possibilidade de erros e acertos. O salmista dizia: 'Senhor, não esqueça das minhas falhas, nas minhas contradições, não esqueça que eu sou um ser em construção'. Eu acho que é um dado antropológico que nos ajuda a viver, me compreender como um eterno aprendiz”, declarou.

Para o frei Mário Sérgio, o grande papel que a igreja faz é o papel de escutadora. “Hoje você encontrar alguém que possa te escutar nos seus dramas mais profundos, nas suas crises, e ouvir, não para julgar a pessoa, mas ouvir porque ela precisa falar. E naquele momento eu pergunto, se fosse Jesus ouvindo essa pessoa, que atitude de misericórdia ele teria? O outro saber que pode falar e alguém vai ouvir, penso que hoje seja a grande colaboração. Porque as vezes a pessoa vem falar e ela só que falar. Eu quando comecei com o sacerdócio, eu acho que às vezes falar mais do que quem vinha falar comigo, você vai amadurecendo, vai compreendendo melhor os dramas humanos. E hoje eu tento falar o mínimo possível para que a pessoa tenha a oportunidade de 'lavar a alma', colocar aquilo tudo para fora, e com uma certeza, de voltar para casa com o abraço misericordioso de Deus. Menos julgamento e mais acolhimento, eu acho que isso Jesus faria, fez e deixa para a gente também como grande lição”, concluiu.

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