Estamos em período das férias. Muitos aproveitam essa época do ano para uma parada. Um tempo de descanso. As férias, além de promoverem a saúde, alegria, encontro de famílias e o bem-estar do trabalhador, proporcionam um rendimento mais eficiente em todas as atividades.
NA VIDA, corremos o risco de criar dependências. São hábitos repetidos, que acabam tornando-se muito fortes, fardos que condicionam nosso modo de ser. Algumas dependências mais comuns: a droga, o fumo, a bebida, o sexo, a internet… Existem outras formas, mais disfarçadas, mas não menos perigosas. É o caso da preguiça e da atitude contrária, isto é, o excesso de trabalho. Há pessoas viciadas em trabalhar.
O TRABALHO é uma necessidade. São Paulo dizia: “Quem não quer trabalhar, também não deve comer” (2Ts 3,10). O trabalho é um serviço que prestamos aos demais e com ele ajudamos a Deus a concluir a criação do mundo. Bem feito, torna-se oração. Quando passa dos limites, torna-se perigosa dependência que compromete a família, a saúde, os amigos e a fé. Costuma associar-se à ganância e fazer do dinheiro um ídolo.
QUEM PODE passar férias, deve fazê-lo como uma fonte de crescimento. É uma maneira de ter uma vida saudável. Nós temos uma carência natural de descanso, de lazer e de diversão, tendo em vista estarmos imersos muitas vezes numa atmosfera de fadiga constante e de preocupação diária com os afazeres. Isso é típico do nosso tempo de consumismo em que, muitas vezes, descansar pode parecer deixar de ganhar.
COMPLICA-SE, ainda mais quando a pessoa não consegue desligar-se do mundo do trabalho e das preocupações. E, atualmente, a terrível maquininha do celular alcança as pessoas em qualquer lugar mundo. E quem tem coragem de desligá-lo? Quem viveu décadas sem ele, já não vive umas férias sem que, a cada momento, ele soe rompendo o silêncio e a tranqüilidade.
DURANTE o repouso e o descanso a pessoa se encontra mais consigo mesma, com os outros, com a família, com a natureza e com Deus. O silêncio, seja interior ou exterior, é outro valor a ser cultivado nas férias. Na verdade, somente em silêncio podemos ouvir as profundezas de nossa consciência. E as férias podem ajudar nessa busca, e a redescobrir esta indispensável dimensão interior da existência humana.
Dom Itamar Vian
Arcebispo Emérito
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