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Com inspiração nas chamadas ações afirmativas, aconteceu em novembro deste ano o projeto fotográfico “PRETITUDE em Foco” no Colégio Estadual Edith Machado Boaventura (CEEMB), localizado no bairro Pampalona, em Feira de Santana.
Foto: Divulgação
O projeto buscou destacar o protagonismo do povo preto/negro através da visibilização de imagens positivas, fortalecendo e valorizando sua identidade étnica. Inspirado na ideia de que o povo preto tem o seu valor e que pode ocupar os espaços que quiserem, este projeto foi realizado com estudantes da Educação de Jovens e Adultos (EJA), entendendo a arte como um importante instrumento na luta antirracista.
“O projeto, realizado no mês em que comemoramos a Consciência Negra, foi desenvolvido com os alunos da EJA, os quais são trabalhadores, envolvidos em suas vidas de luta pela sobrevivência e sem tempo muitas vezes de enxergarem suas belezas. O projeto colocou literalmente em foco estes alunos para que enxergassem o seu potencial como pessoa, trabalhador, pai ou mãe de família e estudante da EJA, com sonhos que podem ser alcançados. Pude perceber o quanto os alunos ficaram engajados na proposta, proporcionando uma aprendizagem significativa, que vai muito além da teoria”, relata Margarete Dias, uma das coordenadoras pedagógicas da instituição.
Foto: Divulgação
Taísa de Oliveira, 19 anos, uma das estudantes que participaram do projeto, conta que a experiência foi bastante importante para todos eles, porque além das fotos e das maquiagens, lhes ensinou a amar a si mesmos e à sua cor.
“Eu particularmente amei ter feito as fotos e ter presenciado mulheres fortes e guerreiras tendo um momento só pra elas, pra realçar e ressaltar a sua beleza! Espero que esse projeto mude muitas vidas e ajude a nós, negros e negras, a nos amar mais, e nos olhar com outros olhos, saber que nós somos sim importantes e lindos!", completa a aluna. É possível conhecer algumas das fotografias do projeto por meio deste vídeo disponível no YouTube: https://youtu.be/ro_Y_LP5sWc
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“O projeto ofereceu a esses estudantes da EJA a oportunidade de serem protagonistas de um trabalho que lhes desse visibilidade e reconhecimento. O projeto também contribuiu para a formação da sua consciência crítica-reflexiva a partir das discussões que foram trazidas à tona em sala de aula por outros professores da instituição”, conta o professor João Luiz Costa, idealizador do projeto.
Professores como Ivonete Azevedo (História), Elizania Miranda (Geografia), Marcel Vieira (Inglês), Fabrício Anunciação (História), Lucimeire Lobo (Artes) e Joezito Costa (Matemática) também contribuíram para a realização do trabalho, por meio de discussões em sala de aula acerca das questões étnico-raciais.
O professor explicou também que as fotografias foram tiradas na própria instituição de ensino, após uma oficina com a Mamute Fotografia, e com o apoio e orientação das maquiadoras profissionais Danielle Suzart e Jhecianne Profeta, e da trancista CôrteAfro. “Quando o professor João me convidou para participar do projeto, eu não pensei duas vezes. Era uma oportunidade única, de poder compartilhar um pouco dos meus conhecimentos com pessoas tão incríveis. Como aluna de escola pública a minha vida inteira, eu queria ter tido essa oportunidade de aprender a me maquiar, de valorizar os meus traços; e agora eu teria a chance de fazer a diferença na vida desses alunos. No fim, eu não só doei um pouco de mim a eles e recebi um grande carinho e amor de volta, eu ganhei grandes amigos”, comenta Danielle Suzart.
Foto: Divulgação
O projeto contou também com a parceria da agência de modelos JModel que realizou uma seleção nas suas redes sociais com os 21 estudantes que foram modelos no projeto. A JModel realizou um ensaio fotográfico com os selecionados, os quais também irão assinar um contrato com a agência. Alguns dos estudantes já começaram a realizar trabalhos remunerados como modelos em campanhas publicitárias, como Kauan Silva, 17 anos, e Rosenilda Soares, 28 anos.
O projeto “Pretitude em Foco” foi um dos contemplados pelo Prêmio Professor Jorge Conceição, lançado pela Secretaria Estadual da Educação (SEC) e Secretaria de Promoção da Igualdade Racial (SEPROMI), voltado a projetos que tenham como temas a história afro-brasileira e indígena em diversas linguagens artísticas e pedagógicas. Com o valor do prêmio, o projeto será ampliado em 2022, atendendo a mais estudantes e aumentando a sua divulgação na cidade de Feira de Santana.
