Covid-19

Brasil completa uma semana sem dados oficiais da vacinação por causa do ataque hacker ao ConecteSUS

Esse apagão de dados preocupa especialistas. Os sistemas da Fiocruz que monitoram os casos de influenza e a pandemia do coronavírus no Brasil ficaram prejudicados.

Acorda Cidade

No Brasil, uma semana depois do ataque hacker, o sistema do Ministério da Saúde continua fora do ar.

É no formulário de papel que a enfermeira da unidade de saúde de Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, registra os casos de gripe e de Covid dos últimos dias. Não adianta tentar inserir a informação no sistema de notificação do Ministério da Saúde. Alguns serviços da plataforma de dados continuam fora do ar.

“O site, quando nós entramos para fazer notificação, precisa logar, colocar senha, login. E nós não estamos conseguindo lançar os dados do paciente”, diz a enfermeira Graziele Fonseca.

O ConecteSUS, que reúne os dados sobre vacinas, medicamentos e atendimentos nas unidades de atenção básica também segue fora do ar.

“Nós temos tido muitos problemas, agora, especialmente para pessoas que demandam certificado de vacinação, seja para uma viagem, seja para participar de algum evento e, nesse momento, são dados que a gente precisa de monitorar muito perto, considerando, inclusive, a baixa no nosso país de vacinação em relação a segunda dose”, diz o secretário municipal de Saúde de Contagem, Fabrício Simões.

Outras prefeituras enfrentam problemas parecidos. Em Belo Horizonte, a instabilidade no sistema de dados do Ministério da Saúde também afeta o lançamento de resultados de exames de Covid. A Secretaria Municipal de Saúde disse que mantém o registro num sistema próprio, e que vai atualizar as informações junto ao governo federal quando for possível. Esse apagão de dados preocupa especialistas.

“Se a gente não sabe quantos casos teve ontem, quantos casos teve anteontem, a gente não tem como programar quantos casos vai ter hoje e quantos casos vai ter amanhã. E essas informações são necessárias para que o sistema de saúde se prepare para receber essas pessoas. Então, é como se estivéssemos voando às cegas no meio de uma pandemia”, afirma Pedro Hallal, epidemiologista da UFPel.

No Rio, a Secretaria estadual de Saúde informou que os dados referentes ao SUS podem estar defasados. A preocupação com as falhas nos registros de gripe e Covid também fez o governo de São Paulo solicitar que o Ministério da Saúde se manifeste com urgência sobre a situação.

Sem os dados, os sistemas da Fiocruz que monitoram os casos de influenza e a pandemia do coronavírus no Brasil ficaram prejudicados.

“Nesta semana nós não chegamos a receber esse conjunto de dados que são os casos graves de síndrome respiratória aguda grave, ficou com essa lacuna. Eu espero que nas próximas semanas isso seja retomado e a gente consiga recompor esse quadro, para poder continuar essa avaliação”, diz Daniel Villela, coordenador do Programa de Processamento de Dados da Fiocruz.

O Ministério da Saúde declarou que está trabalhando para recuperar os sistemas o mais rápido possível – mas não estabeleceu um prazo.

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