Laiane Cruz
O Hospital Geral Clériston Andrade (HGCA), em Feira de Santana, amanheceu superlotado, nesta segunda-feira (13). No final de semana, 34 pessoas deram entrada na emergência da unidade vítimas de acidentes de motos, 15 por acidentes de carros, 14 pacientes foram vítimas de quedas e nove sofreram mordidas de animais.
O diretor do HGCA, José Carlos Pitangueira, afirmou que a emergência estava com 60 pacientes a mais. E alertou que as blitze precisam retornar com mais intensidade na cidade, a fim de coibir motoristas de dirigirem embriagados.
“Tem que voltar a ter blitze, mas blitze mesmo, tem que parar. 34 acidentes de moto em um final de semana, isso é um absurdo, não é possível que Feira de Santana esteja desse jeito. E vem reclamar da regulação de quê? Não tem vaga para ninguém mesmo não, vai levar 10 dias na UPA. O pessoal precisa da vaga do Clériston, e a gente vê acidentes acontecendo desse jeito. Tem que parar, precisa fazer blitze, tem que acabar com isso em Feira de Santana, não é uma blitz não, é blitz direto, sexta, sábado e domingo. Quem está pedindo é o povo, o povo está pedindo porque o Clériston não aguenta mais”, declarou o diretor da unidade.
Segundo ele, antes o hospital possuía oito salas de cirurgia e atualmente conta 11 funcionando. Somente no setor de ortotrauma, que tem capacidade para sete pacientes, 28 estão internados, prejudicando o atendimento. A principal razão, de acordo com Pitangueira, é a ingestão de bebidas alcoólicas no final de semana.
“Agora como vai poder a população em policlínicas, em UPAS, precisando usar os leitos, e um bocado de gente usando bebida alcoólica, muita gente mesmo. Que negócio é esse? O pessoal está doente e não tem vaga por causa da irresponsabilidade de quem devia ter cuidado com a vida dele. Porque quem está em cima da moto não tem nenhuma proteção. Isso é um absurdo, nós precisamos mudar esse negócio”, afirmou.
Outro motivo para o aumento do número de acidentes em Feira de Santana é o relaxamento das medidas de restrição contra a pandemia de covid-19. Para o diretor médico, a população está se comportando como se a doença já tivesse ido embora.
“Eu acho que voltou, 'acabou a covid', e todo mundo foi para a rua. Está bebendo? Usa o Uber, usa o táxi, pelo amor de Deus, desse jeito não tem que vá aguentar. Vai ter que colocar mais 10 hospitais em Feira de Santana para ver se melhora a situação. Você tem 60 pessoas a mais dentro da emergência do Clériston Andrade, não pode um negócio desses, não tem quem aguente, e as equipes são preparadas para ter quatro enfermeiras, duas enfermeiras para atender três pessoas, não é para atender 28”, reclamou.
José Carlos Pitangueira salientou que muitos pacientes que sofrem acidentes de motos chegam a ficar até 40 dias internados. E devido à grande quantidade de pessoas nessa situação, as equipes médicas do hospital não estão conseguindo atender a demanda.
“Nós temos cinco ortopedistas que operam e que não aguentam. Tem seis cirurgiões que operam, mas não adianta você colocar 200 médicos, porque se não melhorar a responsabilidade de cada um não adianta nada, vai ser mais acidente ainda”, reforçou.
Endoscopia
O diretor do HGCA informou também que a unidade continua ofertando o exame de endoscopia digestiva, mas que os pacientes precisam ser regulados.
“Temos quatro equipamentos, mas tem que ser regulado. Procure uma UPA para emergências, o Clériston não é porta aberta.”
O prefeito Colbert Martins, informou hoje durante coletiva de imprensa, que irá intensificar as ações para aumentar a segurança no trânsito do município, através da ampliação do videomonitoramento.
“Associado à bebida alcoólica, temos tido um aumento muito grande de acidentes de trânsito, principalmente envolvendo motocicletas, com uma grande quantidade de pessoas com sequelas, permanentes às vezes, em decorrência desses acidentes. Em razão disso, tomamos medidas com o videomonitoramento, para que possamos ampliar a segurança no trânsito da cidade. O Clériston estava completamente cheio de pessoas acidentadas, e os acidentes acontecem na sexta, sábado e domingo, por uso de bebida e outros estimulantes. Portanto, as ações vão ter que ser ainda mais fortes, no intuito de proteger as pessoas”, declarou.