Feira de Santana

Taxistas preferem não trabalhar utilizando Bandeira 2; tarifa é considerada como 13º salário da categoria

Segundo o taxita Dilson, em anos anteriores, os períodos de São João e Natal, sempre foram os melhores meses para os taxistas, até chegar a concorrência com ligeirinhos e carros por aplicativo.

Gabriel Gonçalves

O 13º é a gratificação salarial paga por lei no mês de dezembro de cada ano, a todo trabalhador que atua com carteira assinada. Para os taxistas, esse pagamento é feito de outra forma, através das corridas com a cobrança tarifária na Bandeira 2.

Mas desde o ano passado, já declarado em situação pandêmica, os taxistas em Feira de Santana, não optaram em rodar durante o mês de dezembro na Bandeira 2, pela pouca procura que a categoria vem tendo.

Há mais de 30 anos no mercado, o taxista Dilson Senadinho, como é conhecido, trabalha no ponto da Avenida Getúlio Vargas, próximo à Prefeitura Municipal.

Foto: Paulo José/Acorda Cidade

Em entrevista ao Acorda Cidade, ele contou que a situação já está complicada com o taxímetro rodando na Bandeira 1, caso seja colocado na Bandeira 2, durante todo o mês de dezembro, os clientes não irão pensar duas vezes, em querer utilizar outro veículo como alternativa.

"Eu acho que esse 13º para a nossa situação de taxistas, não vai ter neste ano, porque rodando com a 1, já está difícil, imagine colocar na 2. Mas isso é uma opinião minha, caso outros taxistas queiram rodar utilizando a Bandeira 2, será uma escolha por parte deles, inclusive já estive com o presidente do sindicato, falei com ele que não tinha o interesse, justamente por essa dificuldade que estamos enfrentando, trabalhando com a Bandeira 1", disse.

Em anos anteriores, o período de São João e Natal, sempre foram os melhores meses para os taxistas, até chegar a concorrência com ligeirinhos e carros por aplicativo, é o que afirma Dilson.

"O São João e o Natal, sempre foram bom para os taxistas, mas isso em anos anteriores e hoje isso não existe mais, é um dia normal, um mês normal como qualquer outro. Hoje o passageiro têm outras alternativas, têm os ligeirinhos, têm os carros de aplicativo, então só quem pega táxi mesmo, são aquelas pessoas com mais idade, mas é difícil encontrar um jovem pegando táxi", declarou.

Para Jorge Tengo que também é taxista e trabalha no mesmo ponto que Dilson Senadinho, a mudança da bandeira tarifária, pode gerar um certo desconforto para o cliente nesse momento de alta, por esse e outros motivos, informou à reportagem do Acorda Cidade, que não irá adotar a Bandeira 2.

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"Eu não sou a favor, até porque este valor se torna o mínimo para a gente, mas já é grande coisa para o cliente em pagar um valor mais elevado. Estamos aí na expectativa que tudo possa dar certo, estamos tendo grandes aumentos, como da gasolina, mas vai também da consciência do cliente. Atualmente, a Bandeira 1, está custando R$ 4,90, graças a Deus, o mês de novembro eu não tive o que reclamar, mas a gente espera que o movimento possa melhorar, até porque tivemos aí a pandemia, mas vai passar, tudo vai voltar ao normal com fé em Deus", disse.

Ao Acorda Cidade, Liomar Ferreira, presidente do Sindicato da categoria, Sincaver, explicou que desde o ano passado, não foi solicitada ao governo municipal a autorização para que os taxistas pudessem rodar com a Bandeira 2, visto que não houve interesse por parte dos próprios profissionais.

"Desde o ano passado, nós não fizemos a solicitação da Bandeira 2, imaginando que se fizéssemos, iria criar uma discussão desnecessária. Hoje nós temos uma tarifa vigente desde 2016 e se alguém perguntar a qualquer taxista a opinião dele sobre aumentar essa tarifa, ele vai responder que não pode ter, porque já existe uma dificuldade, e que isso se tornaria maior ainda. Nenhum taxista manifestou o interesse para que nós solicitássemos do governo, essa mudança na tarifa. Hoje eu lembro que nós começamos a ter essa Bandeira 2 no período de Natal, ainda na gestão do ex-prefeito Colbert Martins, o pai, mas não houve negativa da gestão municipal, justamente, porque nós, não solicitamos essa liberação da classe em rodar com a Bandeira 2", explicou.

Ainda de acordo com Liomar, o número de taxistas no município continua o mesmo.

"Nós somos 1.350 taxistas, mas é bom lembrar que boa parte desses companheiros, têm táxi, mas por alguma razão, têm outras atividades, porque nem todo mundo que tem táxi, é taxista. Temos aí aposentados, funcionários públicos, pessoas que possuem outra fonte de renda, então o táxi não se torna o único meio de sustento para estas pessoas. É possível identificar também que temos dois tipos de motoristas, aquele que têm o próprio veículo e só tem essa fonte de renda, mas tem aquele motorista também que trabalha no carro de outra pessoa, e aí a gente chama de pernoiteiro, aquela pessoa que não tem propriedade do veículo, mas trabalha e paga um valor pelo aluguel desse carro, e é o que estamos vendo aí agora com estes carros de aplicativo. Vejo que muitas pessoas pagam R$ 400 por semana, mas será que o trabalho está compensando também para ter uma fonte de renda, o seu próprio salário, ou apenas pagar o aluguel do carro? Essa é uma realidade dura que as pessoas estão atravessando", concluiu.

 

Com informações do repórter Paulo José do Acorda Cidade

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