Política

Comissão de feirantes da Marechal Deodoro solicita revogação de decreto na Câmara

Os feirantes utilizaram a tribuna livre na manhã desta quarta-feira (24).

Uma comissão de feirantes da rua Marechal Deodoro em Feira de Santana, utilizou a tribuna livre da Câmara Municipal na manhã desta quarta-feira (24), para solicitar ao prefeito Colbert Martins, a revogação do decreto que permitia a presença dos trabalhadores no local, até o último domingo, dia 21 de novembro.

Ao Acorda Cidade, uma das feirantes, Sônia Pereira de Jesus, explicou que todos os comerciantes estão trabalhando sob pressão, com medo que algo possa acontecer, e por conta disso, muitos não conseguem dormir com tanta preocupação.

Foto: Paulo José/Acorda Cidade

"Nosso objetivo aqui, é que o prefeito quebre este decreto, porque estamos com medo, estamos assustados, não estamos nem dormindo direito de tanta preocupação. Ele já sentou para conversar com a gente, mas o decreto permanece e nada foi confirmado. Estamos sendo ameaçados de expulsão do local e continuamos em busca desta negociação. Estamos aqui, para que ele possa nos escutar, que ele tire esse decreto, que sente com a gente novamente para conversar, precisamos de um diálogo, queremos dar continuidade com o nosso trabalho, não queremos ficar fazendo novas manifestações, fechando rua, indo para porta de prefeitura. Assim como os outros feirantes, eu trabalho trazendo todos os produtos da agricultura familiar de Maria Quitéria, é caju, tangerina, castanha, além das outras pessoas que trazem de Pé de Serra, Água Grande, são várias pessoas, sem falar dos outros distritos", disse. 

Nas redes sociais, os feirantes divulgaram uma nota aberta. Confira:

Terceira Carta da Feira da Marechal à Sociedade Feirense


Fizemos uma vigília em frente à Prefeitura de Feira de Santana entre a noite da segunda-feira (15) e a manhã da terça-feira (16) da semana passada, momento em que finalmente o prefeito Colbert Martins Filho recebeu o movimento A Feira da Marechal é Patrimônio para uma conversa. Pela primeira vez, o governo municipal abriu um processo de negociação conosco após quase um ano de luta. Isso depois de sete pedidos formais de reunião, várias manifestações de rua, inúmeras entrevistas na mídia, realização de audiência pública na Câmara Municipal e denúncias sobre o caso encaminhadas através da Comissão de Reparação e Direitos Humanos para diversas instituições voltadas à garantia de direitos na Bahia e Brasil.

Reafirmamos, nessa primeira reunião, o desejo de que a requalificação da rua Marechal Deodoro seja junto com a permanência organizada da Feira. Também explicamos que as “opções” apresentadas pelo governo, o Pau da Miséria ou feiras de bairro, não oferecem segurança, infraestrutura ou viabilidade econômica. Mais que isso, mostramos que temos um projeto técnico alternativo. Embora o prefeito tenha reconhecido que ir para as feiras de bairro ou Centro de Abastecimento não seja solução, o mesmo afirmou que nosso projeto é “inviável”. Então, solicitamos que seja mostrada a avaliação técnica por escrito. Após falarmos de exemplos de feiras organizadas no centro urbano de Salvador, o prefeito viabilizou a ida de uma comissão com feirantes, nossa assessoria técnica e representação da Prefeitura para conhecer as experiências das feiras na rua Joana Angélica e na Avenida 7 de Setembro. Depois disso, o combinado seria uma nova reunião na última sexta-feira (19) para seguir com as discussões e chegarmos a um entendimento que permita a permanência organizada da Feira da Marechal.

Recebemos com tristeza a notícia que o prefeito, alegando impossibilidade de comparecer em função de uma viagem, não poderia se reunir conosco na sexta como sinalizado. Além disso, mesmo após nossos pedidos e o indicado na conversa com o prefeito, o decreto municipal que definiu este domingo (21) como o prazo para a nossa expulsão da rua Marechal Deodoro não foi suspenso pelo governo. Essa situação, até pela permanente ameaça que representa, na nossa avaliação não é correta e dificulta o desenvolvimento do processo de negociação. Na manhã desta segunda-feira (22), para mostrar a nossa disposição de luta, fizemos uma nova manifestação de alerta reivindicando duas coisas simples: a imediata suspensão do decreto e retomada das reuniões de negociação!

Reforçamos a nossa abertura de sempre para o diálogo, mas também a certeza de que a Feira da Marechal pode permanecer e conviver com a requalificação do centro da cidade. Temos contado com o apoio de instituições como Instituto Brasileiro de Direito Urbanístico (IBDU), da União Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras Camelôs, Feirantes e Ambulantes do Brasil (UNICAB) e também da Arquidiocese de Feira de Santana por meio do Vicariato para Ação Social. Convidamos todo o povo feirense a também apoiar a permanência organizada da Feira da Marechal, garantia de sustento para centenas de famílias e patrimônio cultural a ser preservado e valorizado! 

 

(Por Gabriel Gonçalves, com informações do repórter Paulo José do Acorda Cidade)

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