Gabriel Gonçalves
O Serviço Social do Hospital Estadual da Criança (HEC), registrou no primeiro semestre de 2021, um total de 335 casos de violências contra a criança e o adolescente, atendidos na unidade.
Destes, 219 foram casos considerados como negligência, seguidos de 35 casos de violência física e 13 casos de violência sexual.
No ano de 2020, os casos considerados como negligência, registraram um total de 429, seguidos de 71 casos de violência física e 22 casos de violência sexual. Na grande maioria, os casos ocorreram com crianças e adolescentes residentes de Feira de Santana.
Em entrevista ao Acorda Cidade, a médica pediatra Roma Catarina, explicou que durante este período de pandemia, onde as crianças passaram mais tempo dentro de casa, os casos de acidentes domésticos aumentaram absurdamente.
Foto: Arquivo Pessoal
"Os números de acidentes domésticos com crianças aumentaram absurdamente nesse período de pandemia, porque se eu tenho crianças dentro de casa, elas se sentem mais ansiosas, e os riscos dos acidentes aumentam. Nós temos variáveis tipos de acidentes, como uma criança que caiu, teve um trauma na cabeça, é encaminhado para o hospital e ali passa por um período de observação, mas isso pode causar sequelas e até mesmo o óbito, mas temos casos de crianças que ingerem moedas, é uma queda da cama, e tem outros tipos de fraturas, então o acidente doméstico, vai ser classificado como qualquer acidente que venha acontecer dentro do ambiente doméstico em locais que apresentam riscos para esta criança", explicou.
De acordo com a pediatra, os acidentes domésticos também variam de acordo com a idade das crianças.
"As crianças menores, podem sofrer acidentes pela falta de atenção do cuidador, ou seja, pela negligência. Então temos os exemplos como água quente, queda da cama, ingestão de corpo estranho, estes são os mais frequentes no ambiente hospitalar. Já as crianças mais velhas, são acidentes provocados pela própria consequência, como querer subir no muro, em uma árvore, afogamento em piscina, estes são os casos mais registrados também", afirmou a médica ao Acorda Cidade.
Para a médica, os dados só não são maiores por conta das subnotificações que acontecem. Ela alertou quais os cuidados devem ter com as crianças.
"A maior parte dos acidentes são considerados como leves, mas os acidentes graves também acontecem, mas acabam até sendo subnotificados, porque quando a criança tem um trauma leve dentro de casa, provavelmente a família não vai querer levar essa criança para uma emergência, então a gente não consegue ter dados concretos da quantidade de acidentes domésticos que acontecem relacionados às crianças. É importante que os pais tenham 100% do cuidado, eu costumo dizer que criança cega, porque o fato de olhar para o lado, quando voltar, é o tempo suficiente para que a criança já esteja em outro ambiente. É importante salientar que criança não cuida de outra criança, ainda que seja um irmão maior, mas os perigos ainda existem. Produtos tóxicos devem ficar longe do alcance dos pequenos, medicamentos, da mesma forma e infelizmente ainda temos muitos casos de queimaduras. As crianças devem ficar longe do espaço da cozinha, de piscinas, baldes, banheiras porque apenas 1cm, já pode ser motivo para um bebê se afogar", alertou.
Choques elétricos também são considerados como acidentes domésticos. Segundo a médica pediatra, Roma Catarina, os pais devem colocar um protetor nas saídas das tomadas.
"O ideal é que todas as tomadas possam ser protegidas, porque as crianças possuem uma curiosidade, ela não sabe quais são as consequências que aquilo pode trazer. Então as tomadas devem estar fora do alcance das crianças e principalmente, protegidas", destacou.
Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade