Gabriel Gonçalves
Os familiares de Ana Célia de Jesus Santana, 44 anos, estão acusando o Hospital da Mulher de negligência médica. Ela estava grávida, teve o bebê através de uma cesariana, mas devido a complicações, não resistiu no final da manhã desta segunda-feira (25).
A irmã da paciente, Cristiane de Jesus Santana, informou à reportagem do Acorda Cidade que Ana Célia deu entrada na unidade na última sexta-feira (22), já sentindo muitas dores.
"Minha irmã não teve nenhuma assistência aqui desde a hora que ela chegou até esse exato momento. Ela deu entrada na sexta-feira de noite e os médicos tentando induzir o parto e ela pedindo socorro porque não tinha condições, trouxemos até os papéis para fazer a ligadura nela, e isso não foi feito. No momento eu dei uma de doida, chamei o marido dela, ele invadiu lá dentro, foi na hora que veram correndo buscá-la e levá-la direto para o centro cirúrgico. Depois que ela teve o neném, não pôde ficar nenhum acompanhante com ela lá dentro. Ela não teve parto de risco, porém o filho dela nasceu com praticamente 5kg e ela não tinha abertura para fazer esse parto e depois disso, ela ainda ficou se queixando de dores e informaram que era por conta do parto, que era normal, mas ela não estava sangrando, nem nada", explicou.
Foto: Paulo José/Acorda Cidade
Após o parto, os familiares de Ana Célia, solicitaram que a gestante tivesse acompanhante, mas o pedido foi negado. Segundo Cristiane, Ana Célia já era considerada como acompanhante do bebê.
"Depois que deram alta, a gente pediu para acompanhá-la, mas eles não deixaram e a própria assistente social informou que o caso dela era delicado, precisava de acompanhante, não tinha condições de ficar sozinha. Ana Célia caiu sozinha dentro de um banheiro, não teve ajuda de ninguém, se estivéssemos com ela, estaríamos ajudando, mas dessa queda, ela não voltou mais. Se tivesse alguém lá com ela, prontamente, iríamos pedir o socorro, mas ela não tinha o direito, porque como o menino estava internado, ela já era a acompanhante do bebê", lamentou.
Ainda segundo a irmã da paciente, uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionada, mas a equipe foi informada que nada poderia fazer.
"Eles solicitaram a Samu aqui para vir buscá-la, mas disseram que não poderiam fazer nada, porque ela já estava morta e a família agora vai entrar na justiça porque é necessário fazer justiça, para que outras famílias não venham passar por esta situação que estamos passando. Ela estava bem, não era parto de risco e isso não pode ficar impune, uma mulher de 44 anos de idade, nova, saudável, era o seu terceiro filho", concluiu.
A Secretaria Municipal de Comunicação se manifestou e publicou a seguinte nota:
“Toda a equipe médica foi acionada para prestar atendimento à paciente. Porém, infelizmente, ela faleceu”. A informação é da diretora médica do Hospital Inácia Pinto dos Santos, o Hospital da Mulher, Andreia Alencar, esclarecendo sobre a morte da paciente A.C.J.S, 44 anos, ocorrida no final da manhã desta segunda-feira, 25.
Com histórico de comorbidades, a paciente estava de alta hospitalar há oito dias e, apenas, acompanhava o recém-nascido internado no Hospital da Mulher para tratamento clínico, quando inesperadamente apresentou um quadro de sangramento agudo e intenso.
Conforme o prontuário, a paciente “foi levada de imediato ao Centro Obstétrico, onde foi feito todo o protocolo medicamentoso para contenção da hemorragia. Por não ter êxito com medicamentos foi realizada histerectomia subtotal [retirada do útero], mantendo-se estável”.
No entanto, no domingo, ainda na sala de recuperação pós-anestesia, apresentou parada cardiorrespiratória, sendo reanimada por volta de 1h10. A equipe médica solicitou vaga na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), mas, mesmo com o leito reservado, o quadro de instabilidade não permitia a transferência.
A parturiente foi levada novamente ao Centro Cirúrgico por apresentar sangramento interno, sendo assistida por equipe de anestesista, obstetras, cirurgião geral e de Enfermagem. Ainda conforme o prontuário, ela apresentou um quadro gravíssimo de coagulação intravascular disseminada, situação que os mecanismos de coagulação não são mais eficazes. Apesar de todos os esforços, a paciente faleceu.
A Fundação Hospitalar de Feira de Santana lamenta profundamente o ocorrido, e se solidariza aos familiares pela irreparável perda. Vale salientar que a paciente estava com acompanhante.
Com informações do repórter do repórter Paulo José do Acorda Cidade