Feira de Santana

Com retorno 100% presencial, escolas e estudantes da rede estadual buscam se adaptar à nova realidade deixada pela pandemia

De agora em diante, pais, professores e estudantes terão que reforçar os cuidados com a higiene e o distanciamento social, devido a uma maior quantidade de alunos em sala de aula.

Laiane Cruz

As aulas da rede estadual de ensino retornaram de forma totalmente presencial nesta terça-feira (19), em Feira de Santana. De agora em diante, pais, professores e estudantes terão que reforçar os cuidados com a higiene e o distanciamento social, devido a uma maior quantidade de alunos em sala de aula. Mas, além dos cuidados redobrados, terão que lidar também com a ansiedade provocada pelas incertezas deixadas pela pandemia.

Para a diretora do Colégio Gastão Guimarães, Alfreda Xavier, que possui um total 2.100 jovens matriculados divididos nos turnos da manhã e da tarde, toda mudança gera um pouco de medo. Apesar disso, ela pôde ver a alegria dos estudantes da unidade ao reverem os colegas que há muito tempo não encontravam.

Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

“Muitos alunos hoje voltaram para a escola. Eu acompanhei o momento da entrada no portão até o último aluno e nós tivemos um grande número retornando hoje. Toda mudança gera um pouco de medo, como nós tivemos no híbrido. Depois, as famílias começaram a ter confiança na escola e os meninos começaram a retornar. Então eu acredito que nós, desde o híbrido, procuramos fazer um trabalho para que as pessoas tivessem confiança na escola, tanto que até hoje, com esse número de alunos gigantesco que nós temos, e de professores, não tivemos nenhum caso de covid no Gastão”, avaliou a diretora.

Ela ressaltou que o colégio têm buscado seguir todos os protocolos determinados pela Secretaria de Saúde e de Educação e com a retomada 100% presencial, algumas melhorias deverão ser feitas para prevenir o vírus.

“Temos álcool gel espalhado por toda a escola, temos máscaras para os alunos. Temos dado máscaras N95 para todos os nossos professores toda semana. O que mudamos aqui foi o intervalo, que nós servíamos a merenda dentro da sala porque tinha a metade de alunos. Agora que as salas vão estar cheias, nós dividimos o intervalo em três momentos na escola. Faremos esse teste a partir de hoje e vamos ver como vai funcionar, mas acredito que vai dar tudo certo. Nada está sendo forçado, mas já estava na hora desse retorno. Já estávamos participando de tudo lá fora, e os estudantes precisavam retornar, precisam merendar, precisam do convívio com os colegas e professores. Então vimos muita alegria nesse encontro de todos os nossos alunos.”

Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

O estudante Iago de Oliveira Cristo, do 1º ano B do Colégio Luís Eduardo Magalhães, ficou satisfeito com a liberação das aulas para todos os estudantes. “Eu achei fundamental voltar aos estudos. Eu fiquei feliz de voltar a estudar, pois o modo presencial é melhor.”

Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

A estudante Maria Eduarda, de 16 anos, também avaliou como positivo o retorno. “Eu gostei, só que tem o lado da pandemia. Como a gente acabou de voltar do recesso, a gente não sabe o que pode acontecer. Mas, eu prefiro a aula presencial, porque a gente aprende mais. De casa é mais difícil de entender. E está todo mundo se prevenindo com álcool e máscara.”

Temeridade

Já o professor Edvan Pedreira, diretor do Colégio Modelo Luís Eduardo Magalhães, vê com preocupação o retorno das aulas de forma 100% presencial, devido à quantidade de alunos que ficarão em cada sala.

Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

“Ainda não temos uma avaliação completa, porque nesse momento é que os alunos estão voltando de forma 100%, mas já era esperado e estávamos preparando o ambiente para que tudo isso acontecesse. Os protocolos foram encaminhados pela SEC, que vêm do Ministério da Educação. O governo do estado deu o suporte em todos os recursos, com a questão do álcool em gel, termômetro, banheiros, mas um requisito que nos preocupa bastante é a questão do distanciamento, já que agora as salas estarão com 40 alunos cada. Mas vamos ver até onde vai isto”, observou.

Na opinião dele, as aulas semipresenciais estavam ocorrendo de forma tranquila, com 50% dos alunos frequentando a escola em dias alternados.

“Até então estava tranquilo. Agora, com essa questão dos 100% ficamos um pouco apreensivos, mas sabíamos que um dia iríamos retornar. Os pais não se manifestaram até agora, só alguns pais de estudantes que têm comorbidades e vamos verificar como irão fechar o ano letivo, já que não podem estar em uma sala cheia.”

A diretora do Núcleo Territorial de Educação (NTE), Celinalva Paim, informou que a rede estadual de ensino em Feira de Santana possui uma média de 53 mil alunos matriculados, porém nem todos deverão retornar às salas devido à temeridade que alguns pais ainda sentem em relação à pandemia.

Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

“A gente entende que algumas famílias estão temerosas, e não vamos conseguir alcançar os 100%. Temos também das 56 escolas da rede em Feira de Santana, seis que ainda não possuem condições de começar 100% presencial. Elas continuarão com o ensino híbrido, enquanto as reformas não forem terminadas.”

As medidas de segurança, segundo ela, continuam as mesmas, com o uso de máscaras sendo obrigatório, o afastamento social, evitar a troca de materiais, reforçar o uso de álcool em gel, uso de EPIs pelos funcionários e professores das escolas, totens com álcool em gel, sabonetes líquidos e pias externas, além dos tapetes sanitizantes.

“Os cuidados foram reforçados por conta da quantidade de alunos. Em relação à alimentação, desde o híbrido que estamos dando. Tem escolas, a depender das condições, que estão fazendo o café da manhã e mais o lanche, mas tem escolas que não podem por conta do corpo de funcionários, mas as merendas estão sendo reforçadas neste momento. Nossa expectativa é muito boa, pois temos o conhecimento que a comunidade em geral deseja esse retorno; os alunos e os pais, em sua maioria, desejam.”

Para Celinalva Paim, a falta da escola na vida dos estudantes trouxe muitos prejuízos durante a pandemia, mas neste momento já é possível vislumbrar o final desse período.

“Temos 56 dias letivos restantes a cumprir, e nesse período a gente acredita que deve haver o acolhimento para tentar recuperar um pouco dos danos causados por essa pandemia. O calendário continua, ele começou todo orientado em três fases: o remoto, que começou no dia 15 de março, tivemos o híbrido dia 27 de julho, em Feira de Santana, porque no dia 26 foi feriado. E no dia 23 de agosto, estávamos com todas as escolas funcionando. Agora é a terceira fase, que estava prevista, só não tinha data marcada, que é o retorno 100% presencial. Estamos muito felizes com esse retorno porque nos traz uma esperança, e que esse momento está passando. O vírus ainda está entre nós, mas se encontra amenizado por conta das vacinas e todos os cuidados que tivemos durante todo esse tempo”, destacou.

Rede Particular

Em Feira de Santana, algumas escolas da rede particular também decidiram retomar as aulas de forma totalmente presencial, mesmo sem a publicação de um decreto da prefeitura autorizando esse retorno, tanto da rede privada quanto da municipal. Porém, de acordo com essas unidades, a retomada aconteceu com base na autorização dada pelo governo do estado.

Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

Foi o caso do Colégio Santo Antônio, no bairro Capuchinos, que retornou com todos os estudantes matriculados desde as séries municipais até o terceiro ano do ensino médio. Conforme a coordenadora da escola, Poliana Magalhães, o retorno gradual das atividades vem acontecendo desde que foi autorizada a retomada das aulas presenciais.

Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

“De lá para cá estamos fazendo sempre adequações, a depender das necessidades e dos decretos que saíram. Com a autorização do estado, nós precisamos fazer mais uma adequação, mudando turmas de sala, adequando a quantidade de alunos por tamanho de sala, para que sejam cumpridos os protocolos, uma vez que aumentamos o número de alunos de 50% para 100%. Algumas turmas tiveram que ser relocadas para atender o distanciamento que é previsto no protocolo. Porém, esse retorno não é obrigatório ainda, porque o Conselho Nacional de Educação faculta as escolas e as famílias até o dia 31 de dezembro de 2021, e a gente tem uma quantidade de alunos ainda no online, mas muitos já têm retomado presencialmente”, informou a coordenadora.

Ela afirmou que alguns pais ainda estão temerosos, porém em um número bem menor do que quando foram liberadas as aulas semipresenciais em agosto.

“Quando eles viram o funcionamento e a responsabilidade que estamos tendo, esse número veio aumentando bastante. Já temos aí cerca de 85% que estão no presencial, do infantil ao ensino médio. O retorno maior sempre foi do infantil aos anos iniciais. No ensino médio, os alunos foram aderindo com o passar do tempo, e hoje temos um grande número no presencial. Isso faz com que a gente tome mais cuidados. Sejamos mais cautelosos com os protocolos, e temos usado muito as áreas externas do colégio, para que os alunos usem mais as áreas abertas do colégio, onde há mais circulação de ar e isso facilita bastante”, salientou.

Professora e mãe de uma estudante de 6 anos do colégio, Renata Pires, disse que no início a filha permaneceu no formato online, mas com o passar do tempo, ela se sentiu mais segura em levar a criança para a escola.

Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

“As crianças ficaram muito tempo em casa, então já era realmente necessário. A minha filha não voltou no início, mas como eu percebi que a escola realmente adotou todos os protocolos, estava tudo muito organizado e minha filha estava necessitando voltar ao convívio escolar, então ela retornou tem duas semanas.”

Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

Ela avalia que o período em que a filha esteve no online foi muito complicado, devido à idade da criança.

“Ela era muito pequena, iniciou com cinco anos, e fazer aula online com criança da educação infantil é muito complicado. Então no início foi muito estressante. Depois ela foi se adaptando, mas a necessidade do convívio com outras crianças foi muito grande e por isso ela voltou.”

Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade. 

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