Um grupo de professores da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs) esteve na manhã desta quarta-feira (13) na Câmara Municipal de Vereadores para manifestar seu posicionamento em relação ao projeto de lei 131/2021, de autoria do vereador Edvaldo Lima (MDB), que proíbe a utilização da linguagem neutra nos órgãos públicos e nas escolas do município.
O uso da linguagem neutra é defendida por grupos LGBTQIA+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Queers, Intersexo e Assexuais), que propõem a retirada das flexões de gênero masculino e feminino, da língua falada e escrita, a exemplo das palavras ‘todes ou todxs’, ao invés de todos e todas, como prevê originalmente a língua portuguesa.
Para a professora Maria Aparecida Prazeres, que faz parte da Associação de Professores da Uefs, o projeto aprovado na Câmara é de cunho preconceituoso e machista.
“A linguagem neutra é utilizada para incluir pessoas de gênero fluido, travestis, pessoas trans e mulheres para além do que o português coloca como masculino. Os linguistas, junto com as feministas, têm demonstrado o quanto você coletivizar no masculino representa o machismo, uma cultura machista do patriarcado brasileiro. Por isso que nós falamos todos, todas e todes, no sentido de incluir a todos no processo quando se está escrevendo”, afirmou a professora.
Maria Aparecida informou que diversos professores da universidade, participantes de grupos de pesquisa e idependentes, assim como entidades e outros grupos acadêmicos, assinaram uma carta se colocando contra o PL.
“A universidade hoje inclui cotas também para mulheres trans e travestis, além de negros. E uma cota está sendo discutida para cursos de pós-graduação. Estamos buscando incluir essa população para sua formação e não podemos desrespeitar a forma como essas pessoas se reconhecem, como elas se denominam. A universidade não pode compactuar com a conduta que é extremamente transfóbica, sexista e machista”, opinou.
Foto: Paulo José/ Acorda Cidade | Vereador Edvaldo Lima
Em resposta ao discurso da professora na Câmara, o vereador Edvaldo Lima questionou o uso da linguagem neutra e afirmou que esses grupos querem impor tal linguagem à sociedade feirense, sobretudo às crianças.
“Esse grupo de professores veio aqui se contrapor ao meu projeto, que proíbe eles falarem com linguagem neutra, porque eles falam que a criança nasce sem sexo, não nasce nem homem, nem mulher. Então nasce o que? Agora, depois que as pessoas crescem e querem mudar seu comportamento, aí é problema da pessoa. Esse ‘ativismo gay’ quer botar ‘guela abaixo’ da sociedade de Feira de Santana e das nossas crianças a linguagem neutra, dizendo que ‘todes’ é uma palavra que não é pra homem, nem mulher. Isso é um desrespeito às nossas crianças, às mães e pais de família que respeitam a sociedade e a família brasileira. Se me mostrarem na gramática e na Constituição Federal essa palavra ‘todes’ eu aceito”, declarou. (Por Laiane Cruz, com informações do repórter Paulo José do Acorda Cidade)