Feira de Santana

Setembro amarelo: CVV e Caps reforçam importância da prevenção ao suicídio

O atendimento no CVV é gratuito através do número 188.

Laiane Cruz

O Setembro Amarelo foi criado no dia 10 de setembro de 2015 pela Associação Brasileira de Psiquiatria, em parceria com Conselho Federal de Medicina e o Centro de Valorização à Vida (CVV), com o objetivo de conscientizar a sociedade acerca da importância de prevenir o suicídio, que continua sendo uma das principais causas de morte no mundo.

Segundo dados publicados pelo Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2021, no Brasil houve 12.895 suicídios, representando um aumento de 0,4% em relação a 2019 (12.745).


 

Em Feira de Santana, o CVV, que atua como apoio emocional e prevenção ao suicídio, por meio de voluntários, já recebeu mais de 12 mil ligações através do número de telefone 188. São pessoas em sofrimento psíquico, que buscam no serviço de escuta um acolhimento para minorar suas dores.

Em entrevista ao Acorda Cidade, Margareth Barbosa, voluntária do CVV, informou que a demanda no CVV é espontânea e o atendimento é totalmente gratuito.

Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

“O CVV é uma das mais antigas Ongs, fundada em São Paulo, em 1962. Nós trabalhamos com o apoio emocional e prevenção de suicídio, pelo telefone 188, pelo chat e presencial. Temos mais de 120 postos espalhados, mais de 3 milhões de ligações ao ano e 3 mil voluntários. É uma rede nacional. Em Feira de Santana, até o mês de julho, nós recebemos mais de 12 mil ligações. É demanda espontânea. A ligação é gratuita, e a pessoa pode ligar do celular ou de um telefone público, não paga nada e vai encontrar um voluntário para conversar”, explicou Margareth Barbosa.

Na avaliação dela, a pandemia provocou mudanças em toda a sociedade, com o aumento das pressões emocionais, isolamento social, medo da doença e as perdas decorrentes da covid. O CVV não realiza o acompanhamento das pessoas que buscam o atendimento, mas sim oferece uma escuta especializada.

“Quando a pessoa liga através do 188 ela é transformada. Nós também atendemos presencialmente na Avenida Santo Antônio, número 185, mas no momento esse atendimento está suspenso, por conta da pandemia. Em Feira de Santana, temos 12 voluntários e em treinamento temos mais oito voluntários. É um plantão de quatro horas, que pode ser no posto e tem também o momento de plantão em casa, que a gente auxilia, que chamamos de plantão remoto”, afirmou.

Foto: Ney Silva/Acorda Cidade
 

Para ela, a prevenção ao suicídio é muito importante para quebrar tabus e dizer à sociedade que os números têm aumentado.

“A própria pessoa tem que ter a vontade de ligar, pois falar é a melhor opção. A fala auxilia o entendimento dos sentimentos, da compreensão, do que se passa dentro de si, sem julgamentos. À medida que a pessoa vai falando, vai encontrando seu caminho. Nós somos voluntários, não somos profissionais de saúde mental, somos pessoas especializadas na escuta, ouvir o outro com carinho, atenção e afeto.”

Rede Caps

Além do apoio de voluntários, pessoas em sofrimento psíquico também têm à disposição no município o serviço de atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS), por meio da rede Caps (Centro de Apoio Psicossocial).

Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

A coordenadora do Caps III, Bárbara Amorim, explicou que em Feira de Santana existem cinco Caps, que são o Caps II Silvio Marques, Caps Infantil, para crianças e adolescentes em sofrimento psíquico, o Caps AD, que abrange dependentes de álcool e drogas, e o Caps III, Oscar Marques, que também atende pessoas em sofrimento psíquico de forma 24h.

Segundo ela, a importância dos Caps é fundamental para o município de Feira de Santana, pois a saúde mental é abrangente e é preciso dar apoio à população. “Temos a responsabilidade de tratar os nossos usuários e levar um bom atendimento pelo SUS. Devido à pandemia a demanda aumentou bastante em todos os Centros de Atenção Psicossocial e hoje temos 40 mil pacientes cadastrados em toda a rede de saúde mental. A população está vindo em busca mesmo com seus sofrimentos psíquicos, depressão, devido ao covid, por estar restrita dentro de casa, sem poder sair, sem a convivência”, destacou Bárbara Amorim.

Ela acredita que o setembro amarelo é um mês importante, mas a prevenção ao suicídio deve ser refletida o ano inteiro.

“A gente tem que chamar muito a atenção para a importância dos nossos serviços. Com a busca dos nossos usuários, a demanda está sendo muito grande por psicólogo, terapeuta ocupacional, enfermeiros, assistente social. A demanda é espontânea, atendemos todos os dias da semana. A pessoa vem partir das 7h e será acolhido. Hoje devido à pandemia o crescimento maior é de problemas com a ansiedade. Muitas pessoas estão vindo em busca devido ao transtorno.”

Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade

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