Laiane Cruz
Pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) em Feira de Santana precisam realizar uma verdadeira peregrinação aos postos de saúde para tentarem agendar consultas e exames. Diante da falta de vagas e adoção de listas de espera muitos têm se dirigido à Central de Regulação da Secretaria Municipal de Saúde a fim de buscar uma solução para o problema.
É o caso da paciente Evanilda de Assis, de 55 anos, que está em tratamento contra o câncer. Ela necessita realizar duas ressonâncias magnéticas, uma para a cabeça e outra para a coluna, mas só encontrou vaga para daqui a 60 dias.
Foto: Ney Silva/ Acorda Cidade
“Eu marquei para daqui a 60 dias, mas eu sou paciente oncológica e não posso esperar. Estou esperando essa ressonância, pois tenho problema de coluna, hérnia de disco, e estou na fila. A Central de Regulação informou que é 60 dias. São duas ressonâncias, uma do crânio e outra da coluna. Vim aqui pra ver se resolvem. Isso tem que melhorar, porque desse jeito não tem como ficar”, reclamou, insatisfeita com o serviço.
Maria Gorete da Silva Santana foi até a Secretaria tentar um exame para o filho, que sofre com epilepsia. Segundo ela, já faz 15 dias nessa busca.
Foto: Ney Silva/ Acorda Cidade
“Sou da Gabriela e já tenho 15 dias em busca desse atendimento. Fui ao posto médico do meu bairro e disseram pra eu vir aqui na Central de Regulação. Chegando aqui mandaram eu ir pra outro lugar, que eu nem sei onde é. Estou com a solicitação em mãos, mas não consigo resolver. Está muito difícil uma coisa dessa. A pessoa precisa de um exame e fica sem saber o que fazer”, afirmou.
O taxista Ailton Costa de Almeida percorreu diversos postos de saúde em busca de atendimento, porém não teve sucesso. Ele também foi até a Secretaria de Saúde para tentar solucionar sua situação.
“Eu estou com a solicitação para uma ultrassom abdominal e um ecocardiograma colorido, então eu fui ao Hospital Dom Pedro de Alcântara e lá me mandaram vir para a Secretaria de Saúde. Chegando aqui, mandaram eu procurar o posto do meu bairro. Fui ao posto do meu bairro, na Serraria Brasil, onde eu estou residindo no momento e lá o gerente mandou que eu fosse para o Dispensário Santana, mas lá não está tendo vaga, só agendamento de espera. Eu passei a migrar para outros postos, no bairro Eucalipto, no bairro Irmã Dulce, que disseram que não estão atendendo pessoas de outros bairros”, relatou.
Ailton Costa espera que a Secretaria de Saúde resolva essa dificuldade, pois a população está sofrendo para conseguir atendimento médico em Feira de Santana.
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Foto: Ney Silva/ Acorda Cidade
“Está existindo uma grande dificuldade, principalmente porque as pessoas estão indo para fila de espera. Esperamos que a Secretaria venha a resolver o problema. A tendência é piorar para a população que não tem condição de pagar seus exames. Eu estou há mais de 15 dias tentando”, disse.
Ao Acorda Cidade, o secretário de saúde do município, Marcelo Britto, reconheceu a dificuldade de marcação de consultas e exames pelo SUS. Ele justificou que isso se deve em parte ao esquema de vacinação contra a covid-19 que foi montado na cidade e o fato de muitos servidores ainda estarem trabalhando em home office.
“Com relação à queixa de dificuldade de marcação de consultas e exames, passamos um período muito difícil, que foi da vacinação da pandemia. Têm muitos servidores em casa, fazendo home office. Disponibilizamos o teleatendimento para algumas especialidades, como psicologia, que estão funcionando. E reconhecemos sim que nós temos que aumentar e melhorar ainda mais o atendimento da população. E agora que estamos encerrando a primeira fase da vacinação com as pessoas acima de 18 anos, vamos direcionar de forma mais forte a incrementação da disponibilidade das especialidades médicas e determinados exames”, informou Marcelo Brito.
Ele destacou que a secretaria está fazendo um estudo para disponibilizar os agendamentos através de aplicativos.
“Já está em estudo nós começarmos a fazer marcação de consultas e exames através dos aplicativos, onde a própria pessoa possa fazer dentro dos horários disponibilizados. É uma megaoperação que temos que fazer na saúde, mas nós vamos conseguir isso”, garantiu.
Foto: Ney Silva/ Acorda Cidade
O secretário Marcelo Britto informou ainda que as Unidades Básicas de Saúde (UBS), por ordem do Ministério da Saúde, serão reformuladas e passarão a ser Postos de Saúde da Família (PSF).
“Há uma determinação do Ministério da Saúde de que as Unidades Básicas de Saúde vão desaparecer em seu conceito. O Ministério atualizou as regras deles, e as UBS vão ser transformadas em Postos de Saúde da Família e mais incrementadas do que são hoje. Nós temos que ampliar, inclusive, carga horária de servidor para poder atender. Nós não temos nenhum tipo de prejuízo, elas não vão acabar da noite para o dia e com isso não haverá nenhum prejuízo para a população.”
Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade.
