Laiane Cruz
Com a revogação do decreto municipal que permitia a realização de eventos comerciais com até 500 pessoas, e a posterior liberação somente para eventos, como casamentos, formaturas e passeatas, com público de até 300 pessoas, empresários e promotores se sentiram prejudicados. Eles criticaram ainda a atitude do prefeito Colbert Martins de atribuir o desrespeito praticado no último final de semana à categoria.
De acordo com o produtor de eventos Mário Paim, que atua nesse ramo há 15 anos em Feira de Santana, com grandes produções como os shows dos cantores Roberto Carlos e Gusttavo Lima, os verdadeiros empresários e promotores de eventos não fizeram shows, e que as festas que foram realizadas durante o fim de semana pós-liberação foram clandestinas.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
“O prefeito foi muito infeliz na colocação dele, porque o que faltou foi fiscalização da prefeitura. Feira de Santana está se tornando um paraíso dos eventos clandestinos. Ele cancelou (o decreto), mas vai continuar tendo eventos esse final de semana. Tem que ser mais efetiva a fiscalização, pois basta qualquer pessoa entrar na internet para ver a quantidade de eventos que estão ocorrendo em Feira de Santana, e eu acho que é uma omissão do poder público não fiscalizar”, opinou o produtor.
Mário Paim ressaltou que em Feira existem produtores que são mais responsáveis no que diz respeito às normas e aos decretos, a exemplo de duas casas de shows de Feira de Santana, que têm projeto de pânico e incêndio, hidrante, e quando faz um evento mantém médico e enfermeira de plantão, com UTI móvel.
“O setor de entretenimento na pandemia foi o que mais sofreu. Estamos há um ano e meio parados, sem apoio nenhum dos órgãos públicos municipal, estadual ou federal. É uma cadeia produtiva que representa 4,5% do PIB brasileiro, e está desassistida há um ano e seis meses. Quando o prefeito liberou em decreto, a gente ficou muito feliz. Mas quando cancelou ficamos tristes, porque não fizemos nada pra isso. Então eu queria até pedir o apoio de algumas pessoas, para que a Secretaria de Saúde faça uma força-tarefa e fiscalize os eventos clandestinos em Feira de Santana. São bares, churrascarias, uma fazenda na Nóide Cerqueira fazendo eventos, e a prefeitura sabe disso, e por que não vai fiscalizar?”, questionou Paim.
Também conforme o produtor, ele continua pagando os funcionários e sofre com os prejuízos. “Ainda estou mantendo meu efetivo, meus colaboradores. Só que já tenho 1 ano e seis meses sem receita. O prejuízo é diário. As bandas maiores não estão sofrendo tanto, porque hoje tem a questão da monetização que vem dos streamings. Mas as bandas menores estão sofrendo muito, porque estão paradas, e esse decreto iria ajudar muito os artistas locais. E os produtores responsáveis estão sendo prejudicados. Essa liberação de 500 pessoas foi o primeiro passo, e a gente ficou muito feliz. Mas eu estava esperando quando chegasse a mil pessoas para poder fazer os eventos”, afirmou.
O produtor de eventos Erivaldo Cruz, que há 30 anos atua na cidade, também se surpreendeu com a revogação do decreto que liberava até 500 pessoas em eventos com vendas de ingresso. Ele afirmou que, assim como outros empresários e produtores, não realizou eventos, pois não houve tempo hábil para organizá-los.
Foto: Arquivo Pessoal
“Os eventos que existiram na cidade foram clandestinos, os mesmos que vinham sendo realizados antes da publicação do decreto. Como produtor, gostaria de pedir ao prefeito que ele revisse essa situação, porque nós não fizemos nenhum evento. Não deu tempo nem de começar a fazer uma programação, porque entendemos que eventos têm que ser feitos de forma projetada, bem elaborados, pois estamos em pandemia, e como dizia o decreto, com pessoas que tivessem tomado pelo menos uma dose de vacina, teria que ter o controle disso.”
Ele criticou o fato de os produtores terem sido apontados como os autores dos desrespeitos que ocorreram na cidade.
“Isso nos deixou numa situação desconfortável. A prefeitura deveria repensar isso e sentarmos para ver uma forma de voltar a trabalhar. Mesmo porque não podemos ficar parados a vida toda. As coisas têm que ser conversadas, avaliadas. Queremos realizar eventos, mas não de qualquer forma. Queremos realizar com controle, acompanhamento dos órgãos competentes, para ser cumprido tudo que foi combinado. Quero pedir ao poder público que reavalie essa situação, para que possamos realizar o nosso trabalho sem prejudicar ninguém. Estamos parados, não fizemos eventos nestes dezoito meses, não aglomeramos em lugar algum e não compactuamos com eventos feitos em qualquer esquina”, retrucou.
Com informações da produtora Maylla Nunes do Acorda Cidade
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