Gabriel Gonçalves
Nesta quinta-feira (19), é celebrado o Dia Nacional do Ciclista. Comemorado extraoficialmente no Brasil, o dia marca a data da morte do ambientalista, biólogo e ciclista Pedro Davison, que se deu em 19 de agosto de 2006, depois de ter sido atropelado por um motorista alcoolizado, enquanto pedalava em Brasília.
Pedalando há mais de dois anos, Jackson Nascimento atualmente é diretor do grupo Trilheiros do Sertão, grupo de amigos que se reúnem todas as semanas para pedalar e se divertir.
Em entrevista ao Acorda Cidade, Jackson informou que o último 'pedal', como assim também é chamado os percursos, foi feito para a cidade de Anguera, cerca de 130 km, ida e volta.
"Eu quando mais jovem já fui atleta, participava do Mountain Bike, até competi aqui na cidade de Feira de Santana, mas fiquei parado por alguns anos. Retornei para o pedal e tem dois anos e meio que faço parte do grupo Trilheiros do Sertão. No domingo por exemplo, a gente fez um pedal de 130km, nós fomos a convite de amigos para Anguera, foi um pedal maravilhoso, uma trilha bacana e voltamos pedalando novamente. Quando nosso grupo chegou lá, nós fomos recepcionados com um café da manhã e depois o grupo de lá, nos levou para fazer uma trilha de mais 40km pelas estradas vicinais, feito isso, voltamos para a sede, nos despedimos e voltamos para Feira", explicou.
Foto: Arquivo Pessoal
De acordo com Jackson, a prática do pedal faz a pessoa refletir sobre a vida e esquecer todos os problemas que o acompanham durante o dia a dia.
"Eu digo que é uma sensação inexplicável quando a pessoa está ali pedalando. Você esquece de tudo nessa vida, esquece dos problemas, esquece dos contratempos, você fica leve, e foca apenas ali no seu pedal, no seu trajeto com o objetivo de pedalar e ser feliz", disse.
Segundo Jackson, o grupo Trilheiros do Sertão se reúne cerca de cinco vezes na semana para a prática do pedal. De acordo com o diretor do grupo, cada dia, é específico para uma determinada rota.
Foto: Arquivo Pessoal
"Nós temos pedais dia de terça com um nível médio, na quarta é um nível mais light, para aquelas pessoas que estão iniciando agora, na quinta, é o nível mais alto, para aquelas pessoas que gostam mesmo de pegar pesado no pedal, na sexta é considerada como gourmet, a gente sai para algum lugar mais próximo para resenhar, lanchar, se divertir e dar risada. Já no domingo, a gente faz o chamado 'longão', que é o pedal acima de 100km, onde a gente sai para visitar algumas cachoeiras que tem por aqui por perto de Feira de Santana ou alguns distritos. Sempre durante esses encontros, acontecem nossas reuniões também, onde discutimos os roteiros, plano A, plano B, caso venha a ter uma chuva a gente não circula por estradas de chão, prefere locais com asfalto, mesmo com a pouca segurança que nós temos, porque infelizmente muitos motoristas não respeitam os ciclistas como diz a legislação, então por isso que nosso grupo prioriza as estradas de chão ou trilas", destacou.
Incentivada pelo esposo, Poliana dos Santos Ferreira informou a reportagem do Acorda Cidade que o ciclismo foi como uma paixão à primeira vista e afirmou que o percurso mais longe de pedal, foi para a Ilha de Itaparica.
"Meu esposo é o presidente do grupo Trilheiros do Sertão e foi através dele que conheci o esporte, até porque não gosto muito de academia e o ciclismo me deu uma saúde melhor, além de acompanhar ele também e digo que foi uma paixão à primeira vista. Eu lembro que o percurso mais longo que já fiz, foi quando nós fomos para a Ilha de Itaparica. A gente saiu daqui de Feira por volta de meia-noite e chegamos lá às 5h", disse.
Foto: Arquivo Pessoal
Praticando o esporte há cinco anos, Poliana explicou que cada 'pedal', é um novo desafio, mesmo sendo o mesmo percurso, novas aventuras são encontradas.
"Eu já estou pedalando aproximadamente há cinco anos e cada vez que a gente faz uma trilha, mesmo que seja a mesma rota, é um desafio diferente. É uma ladeira que a gente enfrenta, é uma trilha que a gente encontra, então a gente pode ir para vários locais e sempre será uma rota diferente, um desafio novo para ser enfrentado. Dizem que a droga vicia não é? Então eu digo que o ciclismo também vicia, mas é um vício bom, é maravilho e a gente se apaixona, até porque eu nunca imaginei que um dia na minha vida, eu iria para Ilha de Itaparica pedalando, conhecer as cachoeiras que tem por aqui por perto, já fomos também para Amélia Rodrigues, Vitória Serra D'Água e Pé de Serra", afirmou.
Para Poliana, praticar o ciclismo é como agradecer a Deus todos os dias pelo dom da vida, contemplando toda a natureza durante o percurso.
Foto: Arquivo Pessoal
"Eu me sinto mais perto de Deus, a gente agradece pelo pôr do sol, a gente agradece a Deus pela lua, e quando vem a chuva, lava a nossa alma, porque tem dias que a gente está tão atribulado, tão triste com a vida e aí vem aquela nuvem com aquela chuva e aí diz, 'Senhor, muito obrigado por molhar minha alma, trazer paz', e realmente isso é muito gratificante, além do mais, o ciclismo cria uma relação de amizades, hoje temos muitos amigos que a gente pensa em nunca desfazer", pontuou.
Utilizando o o ciclismo como uma terapia no início da pandemia, a técnica de enfermagem Claudiane Martins, quase desistiu do esporte. Mas foi aos poucos que o gosto foi aumentando, e o pedal já faz parte da rotina há mais de um ano.
"Eu comecei no início da pandemia, a gente que estava ali na linha de frente, todo aquele processo de preocupação, o medo, então foi aí que eu descobri o pedal como uma terapia, algo que pudesse me deixar mais relaxada. Quando eu comecei, pedalava uma, duas vezes e aí fui pegando o gosto e pedalo até hoje. No início tinha o cansaõ, eu queria até desistir, vender a bike, mas hoje não vendo mais", explicou.
Foto: Arquivo Pessoal
Por conta da profissão, Claudiane informou ao Acorda Cidade que pedala geralmente três a quatro vezes por semana sempre no período da noite com uma média entre 30 a 35km de pedal.
"Eu não tenho como pedalar todos os dias por conta do trabalho, mas tento aí pelo menos três a quatro vezes por semana a noite e aos finais de semana, pedalo pela manhã quando vou para a Nóide Cerqueira, Fraga Maia, o que geralmente é em torno de 30 a 35km de percurso", disse.
Para Claudiane, a prática do esporte fez melhorar a condição do sono durante a noite. De acordo com ela, antes do ciclismo o sofrimento era com a insônia.
"Eu mudei bastante, porque era muito ansiosa, eu tinha insônia pelo fato de ter que trabalhar a noite e isso me ajudou bastante. Hoje eu me sinto menos cansada, por mais que eu pedale bastante, hoje eu me sinto menos cansada porque são muitos os benefícios. Hoje meu esposo também me acompanha, as vezes minha cunhada, o esposo dela e assim vai pedalando a família toda. Hoje eu não faço parte de grupos, mas sempre que posso pedalo com algumas amigas", informou.
Com um investimento de cerca de R$ 1.800, Claudiane explicou que ainda segue investindo no esporte e convidou as pessoas que ainda não praticam o ciclismo, que possam ter essa oportunidade.
Foto: Arquivo Pessoal
"Quando eu comprei a bicicleta, foi R$ 1.800, mas aí vem os acessórios, vem a roupa, tem isso, tem aquilo para comprar, então até hoje ainda sigo comprando muitos acessórios. Nesse dia 19 que é comemorado o dia do ciclista, eu digo que quem ainda não tem uma bike, que possa comprar, porque é o melhor investimento a ser feito, tanto para a saúde, quando para o bem-estar em geral. Vale muito a pena, eu mesmo chego do trabalho, posso até chegar cansada dos meus plantões, mas tenho que ir para meu pedal", concluiu.
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade