Laiane Cruz
Responsável por acompanhar o clima em Feira de Santana e região, a Estação Climatológica da Universidade Estadual (Uefs) está impossibilitada de emitir relatórios oficiais com dados coletados sobre o clima e previsões do tempo para os próximos meses, devido a problemas nos equipamentos há cerca de dois meses e também a suspensão das atividades na unidade de ensino, por conta da pandemia.
Vale ressaltar que o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) também faz essa medição.
De acordo com Rosângela Leal, coordenadora da estação, no local a medição é feita de forma analógica e automática. Porém, por nenhum dos dois modelos está sendo possível emitir os dados oficiais pela estação da Uefs.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade | Rosângela Leal, coordenadora da estação climatológica da Uefs
“A estação analógica, que é a tradicional e oficial, como estamos em período de suspensão, não estão sendo coletados dados, pois isso é feito por técnicos durante o horário comercial. E nos fins de semana, feriados e à noite, nós temos estagiários, que são responsáveis por coletar os dados, só que como todas as atividades estão suspensas, não está sendo feito. E temos a estação automática, que é responsável por coletar os dados nessa região aqui. Houve um problema na estrutura da estação, no equipamento. A Uefs é a cuidadora, mas não é responsável. Então nós entramos em contato com o Inmet, que é o Instituto Nacional de Meteorologia, eles enviaram para cá os técnicos e aí nós estamos tentando dar providência de ajeitar esses equipamentos”, informou Rosângela Leal.
A coordenadora deixou claro que as duas estações, tanto a automática quanto a analógica pertencem ao Instituto Nacional de Meteorologia, que é o órgão oficial responsável pela coleta e distribuição de dados do Brasil, o qual colocou a Uefs como responsável pela estação de Feira.
Rosângela Leal ressaltou ainda que por conta da pandemia a dificuldade de comprar outro equipamento aumentou.
“Estamos em período de pandemia e a aquisição de equipamentos, por parte do governo, seja federal ou estadual, é muito complicada. Porque tem que passar por processo de licitação, seleção. É muito complicado comprar um equipamento, porque temos que justificar e passar para a Secretaria da Fazenda, e nós estamos quase terminando essa história e vamos providenciar. Enquanto isso, não temos condição de dar nenhuma informação. A estação está coletando, mas não temos como tirar essa informação de dentro dela”, explicou.
Análise global
A Estação Climatológica da Uefs tem uma importância muito grande para a medição das temperaturas e modelagem de dados relacionados ao clima da região de Feira de Santana, que está situada numa zona intermediária, entre a zona da mata, que é chuvosa e úmida, e o semiárido baiano.
De acordo com Rosângela Leal, os dados coletados na cidade contribuem para a análise global do clima, que é feita em Washington, nos Estados Unidos.
“Na forma analógica, é feita a leitura três vezes por dia. No mundo inteiro, a coleta é feita no mesmo horário, ao meio-dia, 18h, e à meia-noite. Só que, como nós estamos a menos 3 horas, então nós coletamos às 9h, 15h e às 21h. Passamos via rádio para o centro, que no caso é Salvador, que é o quarto distrito meteorológico, de lá mandam para Brasília, e de Brasília vai para Washington, nos Estados Unidos, que coleta todos esses dados e faz o levantamento global de comportamento do clima três vezes por dia e é feita essa modelagem dos dados”, informou.
Já a estação automática tem os mesmos equipamentos, porém mais compactos, que coletam dados de hora em hora. Esses dados são enviados por meio de sinal de celular, direto para Brasília, que por sua vez envia para os EUA. “É uma modelagem muito mais fina, porque é de hora em hora. Ela tem temperatura, radiação solar, velocidade dosa ventos a 2 e 10 metros, chuvas, então ele é bem mais compacto, pode ficar em qualquer lugar, pois é alimentada por bateria solar. Mas sempre, no caso do Inmet, tem que ficar com a estação convencional, porque são equipamentos diferentes. As informações precisam ser calibradas pela estação convencional, porque podem haver diferenças e sempre se considera uma estação convencional, onde uma pessoa vai lá e mede, como a verdade, em relação à automática.”
Enquanto as atividades estão suspensas na Uefs e a estação convencional não pode funcionar, estão sendo feitos consertos e trocas nos equipamentos.
Previsão para Agosto
Apesar da estação não estar em condições de emitir relatórios sobre o clima atualmente, a professora Rosângela Leal acredita que o mês de agosto será o mais frio do ano, em Feira de Santana.
De acordo com ela, pelas análises feitas a partir de anos anteriores, as temperaturas neste inverno não estão tão baixas na cidade, mas sim a sensação térmica.
“Nós estamos no inverno, e como as estações em Feira são muito distintas, temos um inverno muito quente e as pessoas costumam esquecer que o inverno é frio. Só que além do inverno ser frio, é o período de nossas chuvas, começa a chover e a temperatura baixa. Só que esse ano estamos tendo entradas de frentes frias muito frequentes. Não está tão grave como no sul e sudeste, porque quando a frente fria chega aqui, ela já veio pegando umidade, já se aqueceu. A temperatura não está tão baixa, mas a sensação térmica está muito grande, porque está chovendo e está muito úmido. Então está passando essa sensação de que está muito frio, mas acreditamos que a temperatura mesmo deve estar em torno de 16,17 graus na madrugada”, afirmou a coordenadora da estação.
Conforme Rosângela, Feira já enfrentou períodos mais frios há cerca de 9 a 10 anos e também há três anos. Inclusive já tivemos inverno mais frio do que esse, na temperatura, só que a sensação térmica não era tão baixa. E o que está acontecendo agora é que nós estamos sentindo essa sensação térmica que está muito fria mesmo. Pode preparar os casacos que agosto sempre é o mês mais frio de nossa região. E aí só vai começar a aquecer a partir de setembro”, opinou.
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade.