Feira de Santana

Em assembleia, professores da rede particular decidem permanecer apenas com aulas remotas

Os profissionais podem aderir greve caso permaneça a decisão de retornar com as aulas presenciais antes da imunização completa dos professores contra covid-19.

Gabriel Gonçalves

Foi realizada uma assembleia no dia de ontem (12) com professores e representantes do Sindicato dos Professores da Rede Privada do Estado da Bahia, para dialogarem sobre o retorno das aulas presenciais, autorizado pela Prefeitura Municipal de Feira de Santana.

Em entrevista ao Acorda Cidade, o diretor do Sindicato da rede particular de Feira de Santana, Jorge Luiz, informou que cerca de 92% dos professores presentes na assembleia optaram por não retornar neste momento para sala de aula.

"Nós tivemos uma assembleia no dia de ontem com os professores e eles decidiram em não retornar para as atividades presenciais. Então iremos manter as atividades de forma remota e não retornar para as salas de aulas, porque em torno de 92% dos professores presentes, optaram por esta decisão. Teremos outra assembleia, já foi convocada, mas ainda estamos no aguardo da publicação do edital e já estamos também pensando na possibilidade do indicativo de greve", disse.

Com relação a decisão das escolas da rede privada retomar com as atividades na próxima segunda-feira (19), o diretor Jorge Luiz explicou que avalia esta opção como um absurdo.

"Nós sabemos o real interesse das escolas, que é obter o lucro e estas unidades já estão lançando enquetes, onde a maioria das enquetes que tenho acesso aqui comigo, cerca de 70% dos pais, são contra este retorno. Então aquele percentual que defende esse retorno, estão expondo seus filhos nas escolas, mas posso dizer que a grande maioria é contra este retorno. A gente espera que as consequências que possam vir, não sejam negativas, mas nós teremos uma reunião amanhã com a secretária Anaci Paim, já solicitei o intermédio do Ministério Público do Trabalho para tentar negociar esse não retorno no dia 19", explicou o diretor ao Acorda Cidade.

Ainda segundo Jorge Luiz, o retorno irá acontecer, mas em um momento que seja  considerado seguro ter aulas presenciais.

"Nós iremos retornar no momento ideal e que seja seguro ter aula presencial. Feira de Santana tem um descontrole relacionado a pandemia, não tem um quantitativo real de número de casos ativos na cidade. Eu tenho todos os dados aqui que nos últimos sete dias, somando todos os casos, Feira ultrapassa mais de 830 casos, mas de acordo com a Secretaria, Feira só tem 370 casos ativos. Apenas nos meses de maio e junho, Feira registrou um grande quantitativo de óbitos, então esse é o momento ideal para retornar com as atividades? Fica esse questionamento", destacou.

Para o diretor, o momento mais certo para retomada das aulas presenciais, seria no mês de setembro, quando grande parte dos professores já receberam a segunda dose da vacina contra a Covid-19.

"Se os pais se sentem seguros em mandar os filhos para as escolas, eu não posso fazer nada, mas será uma tremenda irresponsabilidade. Eu tenho também informações que grande parte das escolas aqui em Feira de Santana, não se prepararam para ter esse retorno no dia 19. Eu acredito que o mais seguro, seria o retorno acontecer em setembro ou até mesmo na segunda quinzena de agosto, quando os professores já receberam a segunda dose da vacina. Acredito que nesse período, estaremos com números melhores relacionados a pandemia, com um grande avanço na vacina, ainda mais agora que se fala sobre variantes que estão circulando aqui no Brasil, quem garante que uma dessas variantes não estejam circulando em Feira?", questionou.

Aproximadamente, Feira de Santana possui 575 escolas particulares. De acordo com Jorge Luiz, caso a greve seja decretada, os professores não possuem obrigação em retornar para a sala de aula.

"Caso os professores entrem em greve, eles não são obrigados a retornarem para a sala de aula, porque a lei protege esse trabalhador nesse momento. Mesmo com greve decretada, o professor pode ir? Pode, mas ele não é obrigado. O edital já foi publicado, mas a gente sabe que existe uma grande burocracia para ser seguida, deve ser publicado no prazo correto e estamos aí, aguardando isso para ver qual será a movimentação que será realizada com base nesse retorno aqui em Feira de Santana", concluiu.

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Com informações da produtora Maylla Nunes do Acorda Cidade

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