Bahia

Ocupação da MLB na governadoria é marcada por confusão com a polícia

O governo estadual informou que cerca de 50 membros do MLB invadiram o prédio da governadoria e que houve agressão contra os policiais da Casa Militar do Governador.

Acorda Cidade

Manifestantes do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) e da Ocupação Carlos Marighella ocuparam a governadoria do estado da Bahia, no Centro Administrativo da Bahia, em Salvador, nesta segunda-feira (12).

O ato teve início no final da manhã e terminou por volta das 17h30. Participantes afirmam ter sido recebidos com violência por parte dos policiais e retirados à força do saguão do órgão estadual, onde pretendiam realizar um protesto pacífico.

"Tudo o que a gente queria era sensibilizar o governo, porque tinha um mandado de reintegração de posse contra nós, e ontem [domingo, 11] a desembargadora suspendeu o mandado e falou que o governo tem que resolver as moradias para retirar a gente do prédio", explica Gregorio Motta, da coordenação do MLB.

Foto: Secom/GOV-BA


"A gente entrou e estava sentando, para ficar no saguão de entrada. A segurança nos recebeu com muita truculência. Eles quebraram até a porta enquanto nos empurravam. Machucaram uma companheira que está em resguardo, acabou de ter filho, bateram nela", relata.

Ainda segundo Gregorio, um dos manifestantes teria sido detido pela Polícia Militar. "Ele se chama Victor Aicau e faz parte da coordenação do movimento. Está uma situação bem ruim aqui".

O que diz o governo da BA

Por meio de nota, o governo estadual informou que cerca de 50 membros do MLB invadiram o prédio da governadoria no final da manhã desta segunda-feira e que, durante a invasão, teriam agredido com socos policiais da Casa Militar do Governador.

 Policial tem roupa rasgada durante manifestação do MLB em Salvador | Foto: Divulgação/Secom/GOV-BA 

Além disso, conforme a nota, o grupo teria quebrado a porta da entrada principal do prédio e rasgado a roupa de um dos policiais. O comunicado destacou que integrantes do MLB chegaram a entrar na sala de funcionários localizada no térreo do prédio.

O governo da Bahia disse também que o líder do movimento, Vitor Aicau Moraes, foi detido e encaminhado para a delegacia de polícia do bairro Tancredo Neves, após dar socos em um policial que tentava retirar os manifestantes de dentro do prédio público.

Vitor Aicau foi ouvido e liberado após a Polícia Civil instaurar inquérito policia. Ele vai responder pelos crimes de dano ao patrimônio público, resistência, desobediência e lesão corporal. Outros integrantes do grupo também foram interrogados na delegacia e liberados posteriormente.

O governo também informou que, apesar de os manifestantes não terem feito previamente uma solicitação para discutir a pauta, uma comissão do MLB foi recebida, no início da tarde, na Secretaria de Relações Institucionais (Serin), localizada no prédio da governadoria.

Durante o encontro, foi definida uma nova reunião para terça-feira (13), entre representantes do movimento, da Serin e da Sedur, a fim de definir ações que serão adotadas para as famílias da ocupação.

Foto: Seom/GOV-BA

Entenda o caso

O MLB reivindica acesso à moradia e ocupa um imóvel da Embasa, na Avenida Sete de Setembro, no Centro de Salvador, confirma explica o governo da Bahia ainda na nota. A Embasa, no entanto, solicitou na Justiça a reintegração de posse visando preservar a integridade física e a vida das pessoas que estão ocupando o imóvel, pois há indicativos de haver instabilidade nas estruturas internas do prédio.

Já a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Urbano (Sedur) realizou, na última semana, o cadastro dessas famílias em um programa de habitação do órgão.

Ocupação Carlos Mariguella

O ato faz parte da ocupação Carlos Mariguella. Cerca de 200 famílias ocuparam, no dia 7 de junho, um prédio localizado na Avenida Sete, no Centro de Salvador, onde funcionava o Centro Educacional Magalhães Neto. O imóvel pertence ao governo estadual.

Na época, o grupo chegou a colocar cartazes na fachada do prédio, e uma delas dizia: "isolamento social – direito de todos e dever do Estado".

Na última sexta-feira (9), um grupo fez uma manifestação na Avenida Carlos Gomes, no Centro da cidade, para protestar contra a ordem de reintegração de posse dada ao poder público referente ao prédio ocupado pelo grupo.

Representantes do movimento afirmaram que o imóvel, que era utilizado pela Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa), está abandonado há 12 anos.

A empresa confirmou que existe uma ordem judicial que determina a desocupação do imóvel e visa, prioritariamente, preservar a integridade física e a vida das pessoas que estão ocupando o local, já que há indicativos de haver instabilidade nas estruturas internas do prédio e, por isso, não tem condições de ser habitado.

Conforme o grupo, embora o governo justifique que o imóvel está condenado, não houve perícia no local.

A Embasa disse também que a Defesa Civil de Salvador (Codesal) tentou realizar vistoria técnica para atestar as condições das instalações internas, mas o técnico foi impedido de entrar por lideranças do movimento que ocupou o prédio.

Fonte: G1
 

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