Gabriel Gonçalves
Os funcionários da empresa Nestlé, localizada na BR-324 em Feira de Santana, aderiram à greve por tempo indeterminado desde às 0h desta segunda-feira (12). De acordo com eles, a empresa está realizando cortes em benefícios, como o ticket alimentação.
Em entrevista ao Acorda Cidade, a funcionária Rosiglene Silva Conceição, informou que no mês de outubro, completa 10 anos que trabalha no setor de cereais e agora a empresa decidiu realizar alguns cortes nos benefícios.
Foto: Paulo José/Acorda Cidade
"Nós estamos hoje aqui para reivindicar por melhores salários, até porque estão cortando nossos benefícios, estão querendo reduzir a porcentagem do adicional noturno, muitos lesionados estão trabalhando na empresa e eles não querem conversar com a gente", explicou.
Segundo Paulo Marcos Santos, a empresa agora adotou um sistema de coparticipação no plano de saúde com 20% sendo descontado do próprio funcionário. De acordo com ele, após essa medida, algumas clínicas que eram credenciadas à empresa, não estão mais realizando atendimentos.
"Tivemos um reajuste de salário de 7%, porém ao nosso plano de saúde foi aplicado uma coparticipação de 20%, sendo que quando entramos aqui, nada disso existia. Nem todos os hospitais estão querendo atender a gente, se tiver lesionado, não temos como pegar relatório, nem apresentar ao INSS para ser afastado. A insatisfação é grande por parte de todos aqui, porque quando entramos, existiam os benefícios e agora estão querendo cortar", destacou.
Foto: Paulo José/Acorda Cidade
Para Ivan de Jesus Ferreira, após mudanças na diretoria da fábrica, novos procedimentos começaram a ser apresentados.
"Eu estou muito insatisfeito aqui, porque a empresa vem tendo uma atitude muito leviana com relação aos colaboradores. Um hora, nós tínhamos um plano de saúde, a gente tinha condições básicas e justas de trabalho, mas agora com a nova direção, estamos perdendo tudo isso. Reduziram o nosso ticket alimentação em 48%, tirando o pão da nossa mesa, além disso, estamos com centenas de funcionários de certa forma lesionados, precisando de cuidados médicos, sem nenhuma condição de atuar nas atividades laborais e eles nos tiram essa condição básica da saúde. Porque muitos hospitais foram descredenciados com o novo plano de saúde que eles adotaram. Temos que pagar 20% quando realizamos algum tipo de atendimento médico, e a empresa com uma magnitude dessa, uma empresa multinacional, vem se comportando como uma empresa de fundo de quintal", lamentou.
De acordo com o diretor do Sindialimentação, João Luiz Queiroz, a Nestlé apresentou uma proposta para o período 2021/2022, sendo rejeitado pelos trabalhadores. Sendo aplicada contra aprovação, os funcionários decidiram aprovar a greve por tempo indeterminado.
Foto: Paulo José/Acorda Cidade
"Os trabalhadores aprovaram essa greve por tempo indeterminado, tendo em vista que a empresa apresentou uma proposta para acordo coletivo 2021/2022, mas os trabalhadores rejeitaram. Colocamos um edital de greve, os funcionários aprovaram e agora estamos abertos para negociação a qualquer dia e a qualquer hora. Até o presente momento, a empresa não se posicionou para negociar, solicitaram que os trabalhadores voltassem e assim, teria a conversa, mas por não ter nenhuma garantia, então a greve permanece. Os funcionários estão aí aflitos, nesse aguardo de uma proposta, ninguém trabalhou nesta segunda-feira, até porque a greve teve início desde às 0h e cerca de 600 funcionários estão aqui de braços cruzados", concluiu.
O que diz a Nestle
Ao Acorda Cidade a Nestlé esclarece que "a negociação coletiva com a entidade representativa dos trabalhadores em Feira de Santana acontece de maneira transparente e respeitando todas as fases de propostas, discussões e consultas às partes envolvidas".
A Companhia reitera "que cumpre rigorosamente a legislação trabalhista brasileira, em todos os seus aspectos, e que preza por manter um diálogo aberto com o sindicato, reforçando seu compromisso com a geração de empregos e o impacto positivo no desenvolvimento e crescimento econômico da região."
Foto: Paulo José/Acorda Cidade
Com informações do repórter Paulo José do Acorda Cidade