A BÍBLIA registra que “todos os anos, os pais de Jesus (Maria e José) iam a Jerusalém para a Festa da Páscoa. (Lc 2,4l). Numa dessas viagens, ao voltarem para casa, perceberam que Jesus havia ficado na cidade. Depois de uma longa busca, o encontraram no templo, sentado entre os mestres da Lei “ouvindo-os e fazendo-lhes perguntas”, (Lc 2,46).
A QUEM vivia preocupado com coisas superficiais, ele perguntou: “Por que ficar preocupado quanto ao vestuário? (Mt 6,28). E esclareceu: “Se Deus veste assim a erva do campo, que hoje está aí e amanhã é lançada ao forno, não o fará muito mais a vós, fracos na fé? (Mt 6,30).
DIANTE de quem criticava os erros dos outros, ele indagou: “Por que reparas no cisco no olho do teu irmão, e a trave no teu olho não percebes?” (Mt 7,3). Aos apóstolos, que navegavam no Lago de Genesaré e assustados com a tempestade que parecia afundar o barco, Jesus perguntou: “Por que tendes medo, fracos na fé?” (Mt 8,06). Em outra ocasião, diante de uma multidão faminta, o Mestre lhes perguntou: “Quantos pães tendes?”. (Mt 15,34).
JESUS, durante sua vida, fez 217 perguntas diferentes, registradas pelos evangelistas. Quantas outras ele deve ter feito nos encontros com o povo! As perguntas de Jesus são para todas as pessoas, de todos os tempos, inclusive, para nós. Jesus quer continuar a inquietar quem dele se aproxima. As perguntas de Jesus nos obrigam a olharmos para nós próprios, para os outros e para a situação da sociedade. Por isso, não é possível ficarmos indiferentes diante delas.
HOJE, JESUS, voltando-se para nós, pergunta: “E vós, quem dizeis que eu sou? (Mt 16,13). Responder-lhes é comprometer-se. Se tivermos um coração de discípulo, acabaremos fazendo o que fizeram aqueles dois discípulos de João Batista, que seguiram Jesus, pediram onde morava, e permaneceram com ele” (Jo 1,39).
Dom Itamar Vian
Arcebispo Emérito
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