Feira de Santana

Aumenta a demanda de partos no Hospital da Mulher e bebês que precisam de regulação aguardam mais tempo na fila

Esta semana a unidade chegou a ter quatro bebês aguardando na fila. Um deles não resistiu e morreu após aguardar 16 dias pela regulação. Neste momento um bebê continua na fila.

Gabriel Gonçalves

O Hospital Inácia Pinto dos Santos, mais conhecido como Hospital da Mulher, em Feira de Santana, tem realizado cerca de 900 internamentos por mês, sendo cerca de 700 de partos e os demais para curetagem. Em entrevista ao Acorda Cidade, a presidente da Fundação Hospitalar, Gilbert Lucas, informou que a unidade recebe diariamente uma grande demanda de pacientes, não só de Feira, mas de cidades circunvizinhas.

Com a demanda alta, também surgem mais casos de alta complexidade, que não é a especialidade do hospital, e é preciso realizar mais transferências para outros hospitais, através da regulação. Esta semana a unidade chegou a ter quatro bebês aguardando na fila. Um deles não resistiu e morreu após aguardar 16 dias pela regulação. Neste momento um bebê continua na fila.

Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

"Atualmente temos uma média de 150 gestantes avaliadas por dia aqui em nossa unidade. É um Hospital Municipal, porta aberta de emergência na especialidade de obstetrícia, e a gente possui uma grande demanda, não só de pacientes aqui da nossa cidade, mas de outros municípios da região. Com isso, chegamos a realizar cerca de 900 partos por mês e dentro desse quantitativo, existem alguns partos de risco, partos prematuros. Temos uma equipe multiprofissional, temos uma UTI neonatal com nove leitos, um berçário com sete leitos, e a gente até supera o atendimento da nossa capacidade, porque muitos municípios enviam pacientes sem regulação, são pessoas que não residem na cidade e nesse momento de pandemia, muitas pacientes deixaram de realizar o pré-natal, isso prejudica também nossa assistência, porque acaba nascendo com algum problema de saúde, precisamos fazer o acompanhamento e aquela paciente que poderia ter alta com 2 a 3 dias, passa a ficar 10 a 12 dias", disse.

Aumento da demanda de Pré-natal

De acordo com a presidente, durante o período da pandemia, o aumento de pacientes acompanhadas na unidade realizando o pré-natal aumentou de 130 para 340.

"Nós temos um reflexo, por exemplo, dessas gestantes que não fazem o pré-natal em seus municípios e isso vem crescendo muito no nosso ambulatório do Hospital da Mulher. Hoje tem cinco médicos que realizam o pré-natal de risco e a gente passou de 130 para 340 e observamos o quantitativo de grávidas com hipertensão, diabetes, gravidez na adolescência e isso reflete na prematuridade", destacou.

Regulação para recém-nascidos

Para o médico pediatra neonatologista, Luciano Cavalcante Santana, quanto maior o tempo que o recém-nascido aguardar por uma regulação, maior é o risco deste bebê ir a óbito.

Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

"Nós atendemos pacientes com várias patologias diferentes e que possuem um certo risco, necessitando que sejam feita cirurgias, porém nós não realizamos e, para isto, é preciso ser encaminhado para outro hospital que seja especializado no procedimento. Infelizmente, esses pacientes ficam no aguardo da regulação, esperando essa vaga e quanto mais demora para ter essa vaga, maior o risco de se ter uma morte desse recém-nascido", afirmou.

Segundo o médico, as patologias mais frequentes que são apresentadas na unidade, são pacientes com cardiopatia congênita e má formação no esôfago.

"Aqui em nossa unidade, a gente tem algumas patologias que precisam ser reguladas como por exemplo, pacientes com cardiopatia congênita, recém-nascidos com má formação do esôfago que também necessitam ser transferidos e que infelizmente dependem da regulação, para que sejam tratadom com melhores condições", disse ao Acorda Cidade.

Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

Fila da regulação

Ainda segundo o médico Luciano Cavalcante, a Fundação Hospitalar inicia todo suporte para o acompanhamento do recém-nascido, mas a partir do momento em que é necessário uma transferência do paciente para outra unidade hospitalar, o enfrentamento é contra a fila de regulação.

"Nossa unidade é um hospital de base e a gente possui condições para dar pelo menos o início do suporte a este recém-nascido, porque aqui temos a nossa UTI neonatal e podemos permanecer com este paciente até que seja autorizado a regulação. Infelizmente no decorrer deste processo, deste tempo que é levado, o paciente muitas vezes acaba não resistindo, isso é um grande problema enfrentado por estas pessoas que necessitam de um suporte maior em outra unidade", concluiu.

Fotos: Divulgação

Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade

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