Bahia

Moradores descumprem decreto e proibição da Justiça, e fazem 'guerra de espadas' em Cruz das Almas

Na cidade, guerra de espadas é proibida pela Justiça desde 2011, por causa do risco à vida. Ainda assim, grupo se aglomerou para soltar fogos e assistir.

Acorda Cidade

Moradores da cidade de Cruz da Almas, no Recôncavo Baiano, descumpriram o decreto municipal de medidas contra a Covid-19 e se aglomeraram na Rua Ruy Barbosa, na madrugada desta terça-feira (1º), para fazer "guerra de espadas", um tipo de fogos de artifício.

Ainda durante a madrugada, uma pessoa ficou ferida na guerra de espadas. Não há detalhes sobre o estado de saúde dessa pessoa, nem informações sobre como ela ficou ferida.

Além do descumprimento do decreto municipal, as tradicionais guerras de espadas – que é quando grupos se reúnem para soltar os fogos –, estão proibidas desde 2011 na cidade, por causa do risco à vida. A legislação estadual prevê que fabricar, possuir e soltar espadas é crime, cuja pena pode chegar até seis anos de prisão.

Durante a madrugada, vídeos circularam nas redes sociais mostrando diversos grupos em Cruz das Almas fazendo a guerra de espadas. Os "espadeiros" também soltaram rojões e muitas pessoas se juntaram para assistir a queima dos fogos.

A cidade tem a tradição de fazer uma lavagem entre a noite do dia 31 e a madrugada do dia 1º, para comemorar a chegada do mês de junho. No entanto, desde o ano passado a festa não é realizada por causa da pandemia. Os festejos juninos foram novamente suspensos pelo governador Rui Costa.

De acordo o prefeito Ednaldo Ribeiro, o município não sabia que as espadas seriam soltadas pelos moradores na noite de segunda.

“Essa tradição é uma tradição proibida desde 2011, por decisão judicial. Nós não tínhamos conhecimento que na noite de ontem iria acontecer essa situação. Sabemos que nós não temos um contingente da Polícia Militar para conter essa situação. Sabemos que esse momento, um momento de pandemia, nós pedimos aos nossos amigos espadeiros, que gostam da tradição, que não é o momento".

"Está proibido e nós temos um aumento muito crítico ,com a questão da saúde do nosso povo. O mais importante hoje é a vida".

O prefeito informou que vai intensificar a fiscalização e também pediu contribuição do governo do estado.

"Nós estamos intensificando a fiscalização, pedimos aqui à Companhia da Polícia Militar, pedimos à Secretaria de Justiça do estado da Bahia que possa nos ajudar nessa fiscalização. Sabemos que a população está muito estressada, com essa questão do ano de pandemia, mas no agora não é momento de tocar espadas, não é momento de aglomerações, é momento de nós todos nos cuidar e cuidar de nossos irmãos".

"Faço apelo para que nós juntos possamos resolver esse problema. Mas nós não tínhamos como adivinhar que ontem [segunda, 31] poderia ter essa queima de espadas".

Proibição

Em 2003 foi instituído o Estatuto do Desarmamento e a proibição da guerra de espadas se baseou no Artigo 16, que trata da posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito. Desde então, o Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA) acompanha a situação da guerra de espadas.

Já em 2011, a Justiça proibiu a guerra de espadas em Cruz das Almas. O MP-BA estadual expediu recomendações com restrições sobre as espadas.

As cidades que recebem mais atenção são Cruz das Almas, Senhor do Bonfim, Santo Antônio de Jesus, Sapeaçu, Muritiba, Cachoeira, Nazaré das Farinhas, Muniz Ferreira, São Felipe, São Félix, Castro Alves e Campo Formoso. Nestes lugares, a cultura da guerra de espadas é muito forte.

 

Fonte: G1

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