Laiane Cruz e Andrea Trindade
Primeira a depor na CPI das cestas básicas, na Câmara de Vereadores, nesta quarta-feira (26), a diretora do departamento de planejamento e gestão do Sistema Único de Assistência Social (Suas), Soneide Rios, negou qualquer tipo de participação na distribuição dos alimentos a famílias carentes durante o período eleitoral.
Em entrevista ao Acorda Cidade, ela afirmou que não sabe dizer o quantitativo de cestas que foram liberadas durante o ano de 2020, nem durante as eleições.
Foto: Paulo José/Acorda Cidade
“Esse quantitativo eu não tenho como passar precisamente, teria que estar olhando pra conseguir passar essa quantidade. A distribuição das cestas, eu não consigo dizer exatamente como aconteceu, porque existem funções em cada departamento. O departamento, o qual eu sou responsável, não faz parte da execução desta concessão. Eu não tenho informações de como esse processo direto com as famílias aconteceu. Eu conheço as funções de todos os setores e respeito, inclusive, o objetivo de cada um. Cada departamento tem a sua função, por isso que a parte da execução não é feita pelo departamento que eu estou. Outro pode informar melhor sobre essa distribuição aconteceu”, declarou a depoente.
Ela também não soube informar em quais meses essas cestas foram distribuídas, apesar de ter acesso a todas as planilhas.
“Eu não sei informar precisamente os meses. Eu tenho os números, mas teria que estar observando em relação aos meses que foram distribuídos durante todo o período da pandemia, que houve essa extrema necessidade. Não sei dizer os critérios da distribuição”, disse.
Chuva de cestas básicas
O vice-presidente da Câmara de Vereadores, Sílvio Dias (PT), disse ao Acorda Cidade que deveria ser obrigação da Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedeso), acompanhar essa distribuição, pois choveu cestas básicas no período eleitoral.
“Hoje nessas oitivas ficou claro que há irregularidades. O próprio setor técnico da Secretaria de Desenvolvimento Social nos informou que não acompanhou todas as entregas, que muitas dessas entregas ocorreram sem a presença de assistentes sociais, sem a presença de prepostos da Sedeso. Nós entendemos que era uma obrigação da Sedeso fazer esse acompanhamento. Se não houve, foi de forma deliberada, foi de forma intencional para que houvesse agora esta justificativa. As oitivas continuam, inclusive sexta-feira, e tenho certeza que a cada oitiva mais claras ficarão as irregularidades que aconteceram durante a eleição de 2020”, declarou.
Segundo ele, só em setembro 52 mil cestas básicas foram distribuídas às vésperas das eleições.
“A população de Feira de Santana viu chover cestas básicas durante a eleição. A justificativa da prefeitura é que foi em razão da pandemia. Mas a pandemia teve início em março, a prefeitura contratou um quantitativo alto de cestas básicas a partir de setembro, 52 mil cestas básicas foram compradas em setembro e depois mais 26 mil cestas básicas em novembro como se a pandemia tivesse começado neste período e acabado naquele período. Depois disso, dezembro, janeiro, fevereiro, abril, nós estamos no final de maio e nós não estamos visualizando uma quantidade de distribuição de cestas básicas como ocorreu naquele período eleitoral. A fome é gradativa, a dificuldade das pessoas vem aumentando na medida em que a pandemia continua (…). Se houve necessidade em outubro e novembro, agora é ainda maior. É cadê a distribuição das cestas básicas agora? Por que não estão ocorrendo? Isso foi questionado ao departamento da Sedeso. É um dos elementos que comprovam que houve uso eleitoral por parte da distribuição de cestas básicas, que houve vantagens para um determinado grupo político durante a eleição, no momento em que essas cestas básicas foram distribuídas, e sem nenhum acompanhamento técnico. Não houve acompanhamento técnico para se garantir que os critérios estabelecidos pelo Ministério da Cidadania, responsável pela distribuição das cestas, fossem cumpridos”, explicou.
Com informações do repórter Paulo José do Acorda Cidade