Gabriel Gonçalves
Pacientes e confiantes, esta é a sensação de muitos moradores do bairro Rocinha em Feira de Santana, que diariamente enfrentam novas dificuldades no local e aguardam por longos anos, a conclusão das obras realizadas pela Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (Conder).
Foto: Paulo José/Acorda Cidade
Moradora do bairro há 42 anos, a dona de casa, Hilda Ferreira informou a reportagem do Acorda Cidade que na rua Joaquim Nabuco, nenhum veículo tem acesso, por conta do material que foi espalhado na via.
Foto: Paulo José/Acorda Cidade
"Desde quando eu moro aqui, nunca vi nenhum tipo de melhoria. O carro não pode encostar para entregar as mercadorias porque está tudo interditado. A Conder iniciou e não terminou os trabalhos, todo dia temos que limpar nossas casas, porque junta a terra, poeira, lama quando chove e o acesso dos ônibus, nem se fala. Mudaram a rota e os passageiros precisam ir para outro local para pegarem. Se tivermos alguma emergência, os carros não entram aqui e por conta dessa lama toda, quando é de noite, não tem quem aguente com as muriçocas", lamentou.
Foto: Paulo José/Acorda Cidade
Também moradora da mesma rua, Cleide Santos explicou que o acesso é quase possível, principalmente em dias de chuva, pois toda a rua alaga e os moradores ficam 'ilhados'.
"Aqui ninguém consegue passar a pé, de carro, moto, bicicleta, nada. Infelizmente eles pararam as obras, quando chove, a lama invade nossas casas também e ficamos nessa aqui, esperando a boa vontade de concluírem o que iniciaram", disse.
De acordo com o morador Gervásio Gonçalves, cerca de 10 ruas do bairro, estão interditadas. Ele afirmou que a obra se 'arrasta' por cerca de 18 anos.
Foto: Paulo José/Acorda Cidade
"Essa obra aqui já se arrasta por aproximadamente uns 18 anos e quando chega no período de eleição, faz um pedacinho, ficam trabalhando por dois, três meses e pronto. Segundo os funcionários, tem mais de 90 dias que a empresa, a Conder responsável pela obra, recebeu o dinheiro do estado, então pararam os serviços e deixaram todas essas ruas aí interditadas, aproximadamente 10 ruas, como a Dilton Coutinho, Aldo Matos, Joaquim Nabuco, São José, Ayrton Sena, Ipanema, Colbert Martins, Jorge Teles e Miracatu", afirmou.
Foto: Paulo José/Acorda Cidade
Ainda segundo Gervásio, é preciso fazer uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da obra, como forma de dar prosseguimento aos serviços.
Foto: Paulo José/Acorda Cidade
"A situação aqui está ficando terrível a cada dia que passa. As pessoas que precisam pegar ônibus, tem que ir para a outra rua, porque essa aqui que era a principal, os ônibus não estão mais passando. Se precisar de uma ambulância do Samu? Tem que carregar a pessoa nas costas porque aqui não passa nada. Precisamos do apoio da Câmara Municipal, para poder averiguar toda esta situação, o povo está gritando, vai ser preciso fazer uma CPI desta obra também", disse.
Foto: Paulo José/Acorda Cidade
A reportagem do Acorda Cidade entrou em contato com a Conder e a companhia emitiu a seguinte nota:
Nota de Esclarecimento
A Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (CONDER) esclarece que o contrato para a execução da rede de esgotamento sanitário nas ruas citadas foi iniciado em agosto de 2020 e corresponde à quarta e última etapa do projeto de requalificação urbana da Lagoa Grande.
Os serviços de escavação e remoção do pavimento são necessários para o assentamento das tubulações. Devido à grande quantidade de água no subsolo, uma vez que o bairro foi implantado sobre área de lagoa, o tempo para a reposição da pavimentação e liberação para tráfego é maior.
A chuva, que caiu fortemente durante vários dias na região, ocasionou diversos transtornos. Além disso, inviabilizou momentaneamente parte dos serviços, gerando atrasos.
A empresa contratada está com a equipe em campo, executando os serviços de recomposição da pavimentação e, no prazo de 10 dias, todas as ruas citadas estarão liberadas para tráfego.
Outros problemas relacionados à drenagem de águas pluviais não fazem parte do escopo dessa obra. Cabendo à gestão municipal.
Serviços concluídos
A CONDER já concluiu a construção de unidades habitacionais para quase 700 famílias que viviam em condições precárias em áreas com risco de alagamentos; a urbanização do entorno da Lagoa Grande; a implantação de infraestrutura com equipamentos esportivos e comunitários e ainda a drenagem pluvial de ruas adjacentes. O investimento total da intervenção do Governo do Estado é da ordem de 70 milhões.
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Com informações do repórter Paulo José do Acorda Cidade