Gabriel Gonçalves e Ney Silva
A degradação ambiental em Feira de Santana, principalmente contra as lagoas, está sendo muito violenta. Um trabalho de monitoramento, que está sendo realizado pela Secretaria de Municipal de Meio Ambiente (Semmam), verificou que nos últimos 30 anos, o município perdeu cerca de 50% das lagoas, o que representa 60 mananciais.
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade
Em entrevista ao Acorda Cidade, o chefe de Educação Ambiental, João Dias, explicou que essa degradação do meio ambiente está afetando diretamente os peixes, o que tem provocado um grande número de mortes destes animais.
"Feira com o passar do tempo, devido aos problemas que estão acontecendo, apresenta uma grande quantidade de mortes dos peixes, principalmente nestas lagoas e qual o motivo dessa frequência? Nós seres humanos, respiramos pelos pulmões e os peixes não possuem pulmão, eles abrem a boca, a água entra pelo aparelho respiratório que são as brânquias. Através disso, é feito uma espécie de filtragem e depois o peixe libera essa água. Porém, quando esse manancial está com muita turbidez, provocada pelo material da poluição, o peixe não consegue filtrar essa água, nem distribuir oxigênio para o corpo e morrem, além dessa poluição, existem outros fatores como a alta densidade da lagoa", explicou.
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade
Durante o monitoramento que está sendo realizado pela Semmam, João Dias informou que estão sendo verificadas também as ocupações irregulares de residências que ficam perto destes mananciais. De acordo com o chefe de Educação, é necessário que se tenha uma distância destas construções, o que é chamado de área de preservação permanente.
"O monitoramento tem constatado também que além do descarte irregular de esgoto e do lixo, existe a questão das ocupações irregulares ou invasões. Existe uma lei que estabelece as distâncias que devem ser construídas próxima das lagoas, essas distâncias são chamadas de área de preservação permanente. Na área da zona rural, esse distanciamento é de 50m e na zona urbana é de 30m. Na década de 80 houve uma grande migração, assim como ainda existe o êxodo rural como estamos vendo nos distritos e todos esses fatores, fizeram com que o metro quadrado do solo de Feira de Santana ficasse caro e houvesse essa necessidade dos locais para se morar, como isso não foi possível, as pessoas estão ocupando as áreas próximo das lagoas e a água que era um presente de Deus para Feira de Santana, hoje se tornou um problema por conta dessas ocupações irregulares e de toda a degradação ambiental existente aqui em nosso município", destacou João Dias em entrevista ao Acorda Cidade.
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade
Ele disse que o combate na preservação das lagoas em Feira de Santana, facilita os cuidados para quem tem problemas respiratórios.
"Infelizmente ao longo desse tempo por vários fatores, as lagoas foram aterradas e isso traz a série de consequências para os feirenses, pois as lagoas criam um microclima, que são moléculas de água mais leve do que o ar e quando a luz do sol incide sobre a água, essas moléculas ficam suspensas no ar, acessando as narinas das pessoas, refrigerando o aparelho respiratório, e isso é bom para quem tem asma, rinite e sinusite. Quem tem doenças respiratórias, proteger as lagoas é uma tarefa muito importante, por isso que estamos sempre chamando a atenção da população para cuidar do meio ambiente. Nos últimos trinta anos, a cidade cresceu bastante e os problemas se aceleraram, agora cabe o monitoramento e as ações continuam do órgão ambiental do município para evitar o colapso total de nossas vidas", concluiu.
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