Rachel Pinto
Depois de oito anos de tentativas, o ano de 2021 ficará marcado para a coach e palestrante de Feira de Santana, Yalle Santiago Roseno, de 37 anos, como o ano do seu tão sonhado teste positivo de gravidez. Neste domingo (9), ela e a família comemoram o Dia das Mães com a espera de Laurinha.
Uma espera que foi muito sonhada e também passou por algumas dificuldades, mas que segundo Yalle, tudo valeu muito a pena e se preciso fosse faria tudo de novo. Ela está de 14 semanas e a gestação aconteceu através de uma fertilização in vitro (FIV), um processo de reprodução assistida.
Foto: Arquivo Pessoal
Yale contou à reportagem do Acorda Cidade como foi passar por essa experiência para chegar a tão sonhada maternidade e também como uma forma de incentivar e encorajar outras mulheres que sonham em gerar seus bebês.
“Sempre sonhei em ser mãe, já falava em ter uma gestação, em ter um bebê crescendo dentro do meu ventre e sempre foi importante para mim a ideia de gestar. Ser mãe para mim sempre foi algo muito importante e eu sabia que mudaria toda a minha vida. Desde 2013 eu já não utilizava nenhum método contraceptivo e como eu tinha ovário policístico eu já deixei para ver como meu corpo reagiria. Em 2015 eu e meu marido fizemos uma investigação mais específica a respeito da infertilidade e foi quando eu descobri outras situações. Só que em paralelo a isso veio a fase de zika vírus e bebês com microcefalia e por orientações médicas a gente resolveu segurar um pouco para ver como as coisas iriam se desenrolar. Nesse meio tempo eu estava passando por uma transição de carreira, meu marido também buscando qualidade de vida e mudou de emprego. A gente então acabou optando por organizar mais a vida para que a gente pudesse enfrentar de novo esse processo do tratamento. Em 2018 nós voltamos a especialista em infertilidade e começamos a fazer novos procedimentos , realmente partimos para os tratamentos mais específicos. Em 2021 nosso tão sonhado positivo”, afirmou.
Yalle relatou que além dos ovários policísticos, através de investigações médicas descobriu ainda um acúmulo de líquido nas trompas, o que lhe fez passar por uma cirurgia e em seguida houve a descoberta da endometriose. De acordo com ela, essa série de fatores levaram a necessidade da reprodução assistida.
“Eu fiz duas tentativas, duas transferências de embriões e na segunda eu consegui, graças a Deus, o positivo. O ideal é que se investigue, descubra todos os fatores, algo que ainda não se sabe que tem. Às vezes é algo simples de resolver e pode diminuir as chances de sucesso no tratamento. Então, buscar informações, buscar os resultados e ter o máximo de clareza sobre a condição é a melhor solução possível e aumenta demais a chance do positivo chegar mais rápido nesse processo”, frisou.
Foto: Arquivo Pessoal
Para a nova mamãe, o tratamento da FIV é uma benção, pois permite através da ciência e de Deus realizar o sonho da maternidade. No entanto, também há o outro lado, que é cansativo, desgastante e solitário. Yalle avalia que neste processo é preciso lidar consigo mesmo em primeiro lugar. Com as expectativas, com as necessidades. Ela avalia que é um momento de transformação pessoal. Além, da questão física, em que é preciso tomar muitos remédios, hormônios, fazer procedimentos e cirurgias.
“O corpo reage, a mente reage e a gente entra no ciclo da ansiedade, da expectativa, da frustração e da comparação. Porque todo mundo engravida, menos você e a sensação é essa. O emocional fica abalado e aí a gente tem que se segurar em alguma coisa. Na fé, nos amigos próximos, nas pessoas que sabe que tem sensibilidade para entender e ficar do lado. Firmar a parceria com o parceiro porque tudo isso é colocado à prova e é um momento que a gente se transforma necessariamente. Eu faria tudo de novo, mil vezes, mesmo sabendo que com certeza foi o maior deserto da minha vida. A fase mais difícil de todas, quando eu mais chorei, quando eu mais briguei com Deus, quando eu mais me senti abandonada. Muitas vezes não merecedora e aos poucos eu fui transformando isso dentro de mim. Fui lendo, fui buscando apoio em quem já tinha passado por isso, pessoas que entendem que sabem que conseguem nos visualizar, nos entender e levar para um caminho positivo, e pensar que eu sou sim merecedora de tudo que é bom, tem pra todo mundo, meu filho vai chegar na hora certa”, declarou a mamãe ao Acorda Cidade.
Perseverança
Foto: Arquivo Pessoal
A palestrante e coach, que agora já podemos chamar como a mãe de Laurinha, enfatizou que perseverar no sonho a fez acreditar que passar por todo sofrimento, os medos e incertezas, lhe faria ainda mais merecedora da maternidade. Lidar com a opinião dos outros, com a comparação, com as outras pessoas também não foi fácil, mas lhe trouxe um caminho de aprendizado para entender que cada pessoa tem a sua história e que tudo acontece no seu tempo, um tempo determinado para cada um.
Yalle que sempre foi uma pessoa muito planejada e organizada precisou se desprender de algumas crenças e hábitos para se preparar e entender que seria preciso caminhar um passo de cada vez e também desacelerar e escolher a sua principal prioridade que no momento é a viver a gestação e a maternidade.
“Houve um momento que tinha 15 mulheres grávidas ao meu redor e eu pensava ‘só eu não engravido, só eu não mereço’. Mudar a percepção, a mentalidade, entender que cada pessoa tem o seu processo e entender que tudo ia ficar bem, ia dar certo no momento perfeito de Deus também levou um tempo. Tive que lidar com opinião, achismo, falta de informação. Além dos efeitos colaterais, dores das medicações.
Eu passei por muita coisa, sobretudo no período da pandemia e 2020 foi o período que eu fiz cirurgia, tomei medicações fortes senti muita dor. Meu corpo todo doía, não tinha força para nada e fui pra cima da cama e aí surgiu a necessidade de escolher as prioridades. Eu entendi que o ritmo de vida que eu tinha era completamente incoerente com o desejo da maternidade e pelo menos por um tempo eu ia precisar desacelerar e viver esse momento e foi a melhor escolha que pude fazer”, enfatizou.
Descoberta da gestação
Foto: Arquivo Pessoal
A descoberta da gestação veio com o exame de sangue beta positivo e depois de ter feitos tantos exames e passar por tantos negativos, Yalle contou que precisou de ajuda para interpretar os resultados, como se lhe ‘beliscassem’ para acreditar que o sonho já era uma realidade, e que os hormônios da gravidez já estavam presentes no seu corpo. Segundo ela, esse momento foi de profunda gratidão e de confirmação do poder de Deus em sua vida.
Há alguns dias houve a descoberta do sexo do bebê e foi confirmada uma menina que se chamará Laura e carinhosamente já é chamada de Laurinha.
A mamãe disse ao Acorda Cidade que essa menina foi tão sonhada desde a época do namoro e quando pensa em tudo que está passando chega até a ficar sem ar.
“Deus é tão perfeito que além de nos entregar um filho nos entregou Laurinha. É a realização completa dos nossos sonhos e a única coisa que eu desejo é que minha filha venha com muita saúde e muita paz. Que ela seja feliz e que eu consiga ser a mãe que ela precisa ter. Que eu consiga respeitá-la e ajudá-la a ser livre e feliz. Eu acredito muito que ser mãe é ser um condutor, um meio pelo qual Deus exerce o seu grande poder de trazer as novas vidas à Terra e ser a pessoa junto com o pai, que vai inspirar, garantir segurança, apoio emocional, e sobretudo proporcionar independência, liberdade para que esse serzinho consiga viver a sua plenitude, a sua essência, os seus sonhos. Se desenvolver dentro do que veio se desenvolver nesta oportunidade. Ser mãe é isso, é ser aquele porto seguro não do direcionamento impositivo, não do medo, mas do respeito, da relação de confiança e amizade. Alguém que vai estar ali independente de qualquer coisa, da concordância ou não. Eu quero muito ser para minha Laurinha uma mãe que a respeita, enxerga como ela é, a potencializa e faz com que ele acredite que tudo que ele tem de bom pode ser ainda melhor e que vai dar tudo certo”, acrescentou.
Ajudando outras mulheres
Junto com a gestação, outro desejo de Yalle é inspirar e ajudar outras mulheres de forma a encorajá-las e a acreditarem em seus sonhos. Ela tem uma página no Instagram onde compartilha diversos assuntos relacionados ao desenvolvimento pessoal e a maternidade, a experiência de mãe tentante vem para agregar como um novo tema. Ela aconselha que quem está passando pelo momento de tentar ser mãe, que agregue mais positividade em sua vida, foque em sua história e não busque se comparar com ninguém.
“Confia, faz a tua parte da melhor maneira e entrega do jeito certo e na hora perfeita vai acontecer. Não é como a gente espera, como a gente programa, mas é do jeito que tem que ser e está tudo bem. Reveja os hábitos, os projetos. Reveja se sua rotina de vida é compatível com a maternidade, se é coerente. Faz enquanto o teu coração persevera e no fundo você acredita que vale a pena. Cada pessoa sabe até onde consegue ir. Eu não posso julgar e ninguém pode, cada um conhece seu coração. Persevere, confie, entregue, espere e já deu tudo certo”, concluiu.
Quem quiser acompanhar a história de Yalle pode acessar a sua página no Instagram: yalleroseno.mastercoach