Feira de Santana

Estudantes do curso de Arquitetura e Urbanismo desenvolvem projetos voltados para mobilidade urbana de Feira de Santana

Os projetos foram apresentados no Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) da Faculdade.

Gabriel Gonçalves

Com o pensamento de desenvolver uma estrutura melhor para a cidade de Feira de Santana em termos de urbanismo e mobilidade, os estudantes do curso de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade Unef, apresentaram em seus Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC), projetos com ideias viáveis para o município.

Recém-formado, Daniel Mascarenhas de 23 anos, disse que a planta da cidade necessita de muitas melhorias e explicou que a mobilidade urbana não deve ser pensada apenas no tráfego de veículos, mas um projeto que seja multimodal.

"O meu projeto foi pensado em ter mais espaço para os ciclistas, porque realmente é necessário descongestionar o trânsito. A gente vê em horários de pico, muitos ônibus do transporte coletivo em sua capacidade máxima, veículos com apenas um passageiro que é o próprio motorista e um carro, ocupa muito mais espaço do que um ciclista, do que um pedestre. Os projetos devem ser pensados de forma multimodal, ter espaços para os ônibus, veículos próprios, ciclistas e pedestres, mas observamos que as vias são pensadas, apenas para os carros", disse.

Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

Daniel apresentou no TCC, um projeto voltado para os ciclistas que utilizam a Avenida Nóide Cerqueira. De acordo com ele, não é simplesmente criar uma via exclusiva para este tipo de público, deve ser pensado também em arborização e iluminação pública nesses locais onde serão instaladas as ciclovias.

Foto: Arquivo Pessoal

"Não adianta a gente fazer espaços que não serão utilizados e que não serão seguro para quem vai passar por ali. É preciso ter iluminação adequada a noite, arborização para gerar o microclima e sombreamento para as pessoas. A gente sabe que o sol em Feira de Santana na maior parte do ano é muito quente, então se não tiver esse sombreamento, as pessoas deixam de utilizar e algo que não foi projetado ali na Avenida Nóide Cerqueira, é a ciclovia no sentido Nóide, centro da cidade. Foi feita apenas uma ciclo faixa do lado direito, sentido Salvador e alguns carros ocupam aqueles espaços, fazendo de estacionamento, então é preciso ter fiscalização", explicou.

Hoje arquiteta, Paula Carvalho de 25 anos, apresentou no TCC um projeto de intervenção intermodal e requalificação do trecho do Anel de Contorno entre o viaduto da Avenida Maria Quitéria, até o viaduto da Avenida Nóide Cerqueira.

"Resolvemos fazer intervenções nesse trecho, como forma de deixar a cidade mais atrativa e para que as pessoas realmente sintam-se parte da cidade, utilizando todos os modais possíveis, não apenas o transporte privado, porque a cidade deve ser pensada para as pessoas. A partir disso, nós catalogamos todas as informações in loco, realizamos entrevistas e chegamos à conclusão de que em primeiro plano, o Anel Viário atualmente é classificado como uma via expressa e pede um recuo maior. A cidade está expandindo de uma forma, que hoje o Anel de Contorno já não cumpre mais a função antiga que era apenas para uso de cargas pesadas, como forma de não passarem por dentro da cidade", explicou.

Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

Paula explicou que a ideia presente no projeto, é transformar a via expressa em uma via arterial, construindo pequenos sobrados de até cinco pavimentos.

"Iríamos utilizar o recuo dessa via expressa para atendimento populacional, com construções de pequenos sobrados com até cinco pavimentos, nos quais, o térreo seria ativo tendo o comércio e nos demais pavimentos, seriam residenciais. Porque quando se tem uma área que é somente comercial, em determinados momentos do dia, essa área estará 'morta', sem pessoas ali trafegando, assim como é o comércio daqui de Feira de Santana, assim como uma área residencial. Então fazendo o uso compilando o residencial com o comercial, nós teremos uma atividade durante todo o tempo, porque sempre vai ter gente indo e vindo, seja para o comércio ou para casa", disse ao Acorda Cidade.

Para a realização do projeto, um grupo de mais de 100 pessoas foram entrevistadas. Segundo Paula, a questão da vulnerabilidade nas ruas, foi o assunto mais discutido.

"Dentro desse projeto, a gente traz também a segurança para as pessoas andarem nas calçadas, andarem de bicicletas, se não há pessoas andando em certos locais, isso indica como um local inseguro, existe a ausência de segurança e de vulnerabilidade. Pensamos em fazer tudo conectado, com ciclovias, estações de BRT, parques arborizados e principalmente, iluminação voltada para os pedestres, porque na maioria dos casos, a iluminação é voltada para os carros e isso faz com que a calçada se torne menos atrativa para os pedestres. Entrevistamos mais de 100 pessoas e elas foram dando os palpites sobre a questão da segurança pública, quantas vezes utilizam o transporte coletivo e se acham o transporte coletivo suficiente na cidade de Feira de Santana", concluiu.

Catarina Cerqueira Rios, também recém-formada, informou a reportagem do Acorda Cidade que sempre gostou 'de tudo um pouco' na época de colégio e por este motivo, escolheu um curso no ensino superior que atendesse as suas expectativas.

"Eu sempre gostei de tudo um pouco no colégio e por isso eu procurei um curso que tinha um pouco de tudo também. Na arquitetura, eu percebi que ela é muito ampla e eu poderia trabalhar em várias áreas e por isso busquei um curso que realmente eu gostasse e pudesse ter experiência de um todo, além de sempre gostar muito de desenhar, sempre gostei da parte realmente da criatividade que a arquitetura traz para a gente", afirmou.

Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

Ex-estagiária da Secretaria de Planejamento (Seplan) da prefeitura de Feira de Santana, Catarina explicou que uma das matérias que mais se identificou, foi com conforto ambiental e acústico.

"Eu estagiei na Secretaria de Planejamento daqui de Feira e auxiliava na parte do cadastro. Uma equipe se deslocava para algumas edificações e ao chegar lá, fazia as inspeções das medidas para que depois pudesse fazer todas as alterações. Nesse período de faculdade, eu sempre gostei da área de conforto ambiental e conforto acústico, além de matérias relacionadas com a geografia, como a topografia que eu sempre gostei", destacou.

Foto: Arquivo Pessoal | Projeto da Arquiteta Catarina Cerqueira

Para quem está pensando em iniciar o curso de Arquitetura e Urbanismo, Catarina deixou um recado e destacou que não é simplesmente desenhar casas.

"A gente pensa que é até fácil no começo porque realmente achamos que é só desenho, que é só fazer umas casinhas, mas não. É um pouco puxado, mas é preciso ter bastante foco, pois o curso nos traz muitas oportunidades e é uma área ampla, não é só o que imaginava na época da escola. O que eu sempre falei no meu TCC, era que Arquitetura e Urbanismo é muito mais além do que normas técnicas, muito mais além do que uma NBR da vida. Precisamos experimentar a vivência, a gente tem que entender o que é a cidade na questão do urbanismo, até na questão da arquitetura e entender o que é a cidade, para poder construir aquele prédio daquela forma e como aquele prédio pode impactar no município", concluiu.

O mestre em Urbanismo e Engenheiro Civil de Formação, professor Allan Ribeiro Pimenta, que ministra as disciplinas de Projeto de Urbanismo I e II, foi o orientador dos estudantes durante o processo do TCC. Ele explicou que os projetos têm como objetivo, contribuir com o desenvolvimento da cidade.

"Inicialmente, precisamos entender que Arquitetura trabalha mais com os espaços de prédios, edificação de dentro e Urbanismo, trabalha mais com as áreas públicas, como o entorno, requalificação das calçadas das ruas, então esse é o objetivo agregando também na mobilidade urbana, melhorando a cidade, tornando mais sustentável. A ideia, é que estes projetos da instituição, possam contribuir com o desenvolvimento da cidade, trazendo alternativas para a requalificação de vias, lagoas, parques e que exista a possibilidade dessa conexão com a prefeitura", explicou.

Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

Recentemente, um projeto desenvolvido pela graduanda em Arquitetura e Urbanismo, Mariana Amaral da Silva, garante a trafegabilidade de veículos e a possibilidade da não retirada dos feirantes da rua Marechal Deodoro, no centro da cidade.

"Estamos com um projeto em pauta sobre a rua Marechal Deodoro com a permanência dos feirantes naquele local. A Arquiteta e Urbanista, Mariana Amaral, fez um projeto alternativo, mantendo os feirantes, um projeto democrático com a participação dos lojistas e feirantes. Além disso, temos um projeto para o Anel de Contorno com a duplicação que pode acontecer, incluindo todos os modais de transporte público, ciclovias, além de um projeto para a Avenida Artêmia Pires, do estudantes Daniel, então são várias soluções para diferentes problemas que Feira de Santana já tem, encarados aí por décadas", disse.

Fotos: Arquivo Pessoal

O professor Allan Pimenta explicou que o projeto do Anel de Contorno tem como objetivo melhorar a mobilidade urbana como um todo, não pensando apenas nos veículos que por ali, trafegam.

"A gente fala muito da duplicação do Anel de Contorno, mas essa duplicação é pensada apenas nos automóveis, mas é preciso agregar todos os modais, como é o caso da Avenida Paralela em Salvador, são várias faixas duplicas e triplicadas e em alguns setores, temos o metrô que é um transporte público, tem a grande ciclovia e a ideia é conectar todos os modais. A gente pensa em trazer uma criação futura do BRT conectado ao Anel de Contorno, porque ali estão os maiores bairros a exemplo do Conjunto Feira X, Cidade Nova, Tomba, e todos estes, passam pelo Anel", afirmou.

Ainda segundo Allan, quando se melhora o transporte público junto com a mobilidade urbana, existe uma valorização da região.

"Quando se pensa em uma duplicação que beneficia apenas os automóveis, muitas vezes existe um impacto negativo no entorno dos comércios. É preciso valorizar o pedestre, o transporte público, porque a gente sabe que quando se tem uma melhoria no trânsito, os comércios são mais valorizados, as residências se tornam mais valorizadas, ao contrário do que acontece com a duplicação apenas para os automóveis, então a ideia é melhorar o uso do solo em Feira de Santana. A gente busca fazer um processo democrático, porque todos os projetos que a gente faz com objetivo de ser aplicado, a gente busca também o diálogo com a população e entender o que precisa. O projeto de urbanismo precisa dialogar com o povo e tem muito mais chance de dar certo do que um projeto que sai apenas da cabeça dos urbanistas. Precisamos ouvir o povo e entender o que eles precisam, pois desta forma que se tem os princípios básicos do urbanismo sustentável", concluiu.

Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade

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