Gabriel Gonçalves
Os primeiros ônibus do BRT de Feira de Santana chegaram ao município no mês de outubro do ano passado. De acordo com o prefeito Colbert Martins, os veículos circulariam em fase experimental pelas avenidas Getúlio Vargas e João Durval até o final do mês.
Seis meses após o início da fase experimental, os usuários reclamam que o sistema do BRT ainda não atende as principais regiões da cidade e os ônibus do Sistema Integrado de Transporte (SIT) continuam lotados nos horários de pico. A impressão é de que os ônibus do BRT estão sempre vazios.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
Em entrevista ao Acorda Cidade, a passageira Gilene Souza, moradora do Conjunto Feira X, explicou que utiliza o BRT três vezes na semana, mas seria preciso que a rota fosse mais estendida.
"O BRT é um meio de transporte bom, é mais confortável que outros veículos até porque tem o ar-condicionado, mas eu acho que deveria circular por um percurso maior. Os ônibus só vivem lotados e isso se repete todos os dias, eu mesmo trabalho no SIM e sempre está lotado. Dizem que não está tendo mais frota, porque a demanda de passageiros está pouca, mas não é isso que acontece, disse.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
Por outro lado, existem passageiros que opinam de forma positiva sobre o novo sistema aplicado no município. Para Adriane Freitas, assistente comercial, os ônibus não atrasam e percorrem em tempo hábil de uma estação para outra.
"Eu utilizo o BRT desde quando iniciou o processo de teste aqui em Feira e, na minha opinião, o serviço é bom, confortável e rápido. Geralmente eu pego por volta de 8h45 todos os dias aqui no Terminal Central e tenho como destino a Getúlio Vargas, então neste momento, não tenho nada do que reclamar", explicou.
O secretário municipal de Transportes e Trânsito Saulo Figueiredo, explicou que mesmo tendo atualmente uma única linha experimental com quatro ônibus, os resultados da procura por passageiros são positivos.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
"Estamos operando desde o mês de outubro de 2020 e vem trazendo números muitos positivos com o nosso transporte público. Nós temos hoje funcionando uma linha em caráter experimental que é a linha Getúlio Vargas, e do mês de outubro para o mês de novembro, tivemos um acréscimo de 264% no número de passageiros. Então a gente vem notando que as pessoas vêm criando o hábito de fazer o uso desse serviço", informou Saulo ao Acorda Cidade.
Segundo o secretário, durante os meses entre março de 2020 a fevereiro de 2021, cerca de dois milhões de passageiros utilizaram o sistema de transporte público no município.
"Durante todo esse tempo da pandemia, de março do ano passado até fevereiro deste ano, temos os dados consolidados de que conseguimos manter a população utilizando o transporte público. Foram dois milhões e duzentos mil usos entre gratuidade para idosos e pessoas com deficiência e, até o dia 10 de maio, teremos uma reunião com as representatividades das concessionárias para que possamos iniciar a operacionalização da linha 2, que é da João Durval", disse.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
Para o secretário, o sistema do BRT na avenida João Durval ainda não teve início na operacionalização, devido algumas dificuldades existentes.
"Nós dependemos de uma série de questões logísticas, principalmente em relação às estações. Hoje o setor produtivo tem passado por algumas dificuldades, mas conseguimos deixar todas as estações da Getúlio Vargas prontas. Infelizmente pela falta de alguns componentes tecnológicos, ainda não finalizamos as estações da João Durval, entretanto, ressalto que não há nenhum tipo de prejuízo para os passageiros. Todas as linhas que operam naquela região estão funcionando normalmente", destacou Saulo em entrevista ao Acorda Cidade.
O BRT que foi projetado para não parar em sinaleiras, ainda não está funcionando no município. De acordo com Saulo Figueiredo, ainda faltam alguns aparatos tecnológicos para que este recurso seja aplicado na cidade.
"Ainda estamos em fase experimental e nós precisamos chegar nessa operação definitiva, precisamos contar com alguns aparatos tecnológicos e ainda temos essas dificuldades presentes. Então temos a necessidade de ter todo esse conjunto semafórico, sensores presentes nesses corredores para que consigamos ter um serviço em sua plenitude", afirmou.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
Com relação a demora dos ônibus pontuados pelos passageiros, o secretário orientou que os usuários entrem em contato com a própria Secretaria e explicou que sempre há fiscalizações no Terminais de Transbordo, como forma de verificar se os horários estão sendo seguidos, conforme programado.
"Eu peço que as pessoas entrem em contato conosco através da secretaria, ou até mesmo através da imprensa. Nós estamos sempre acompanhando a operação do BRT por GPS, temos fiscalizações nos terminais e quando existe essa demora, significa algum tipo de problema como retenção no trânsito, movimentação na cidade, fazendo com que esse ônibus não cumpra seu ciclo", explicou.
Para o secretário municipal, uma das principais dificuldades que o transporte público tem passado, é motivado pelas medidas restritivas em virtude da pandemia.
"Devido a essas medidas restritivas, as pessoas estão mudando seus hábitos, ou seja, não estamos tendo aulas presenciais, seja rede pública ou privada, os estudantes estão tendo aulas virtuais em casa e com isso, a gente observa que essa demanda de passageiros já não está mais utilizando o transporte público nesse momento. Além disso, muitos profissionais continuaram trabalhando de modo 'Home Office' e durante esses 13 meses, tivemos uma queda 60% desses passageiros, como se você tivesse 100 clientes e da noite para o dia, você só tem 40, então o transporte coletivo passa por essa dificuldade e estamos no aguardo desse novo normal para que possamos reavaliar a situação de nossa cidade. É bom lembrar que o prefeito também está entregando alguns vetores de crescimento de nossa cidade com novas ciclovias e a secretaria está se estruturando para um novo momento da Semob, secretaria de Mobilidade, onde vai levar para a população vias compartilhadas, ciclovias, ciclofaixas para justamente dar essa mobilidade aos feirenses, não apenas se preocupar com o transporte público, mas para as pessoas que se deslocam na cidade seja caminhando ou pedalando", concluiu.
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade