Laiane Cruz
É comum em períodos de chuvas o alagamento em diversas ruas da cidade. Essa situação pode ter como causa o entupimento da rede de esgotamento sanitário. De acordo com o gerente responsável por esse setor na Embasa, Alex Cruz, o problema pode ser evitado se a comunidade souber usar devidamente as redes de esgoto e drenagem, trazendo melhorias sanitárias e ambientais para a população.
Alex Cruz observou que, com o uso da rede de esgotamento sanitário pela população para escoamento de águas pluviais, justamente em alguns pontos da cidade que não foram ainda contemplados com drenagem, as pessoas a fim de escoar mais rápido a água da chuva, acabam abrindo os tampões, fazendo o mau uso da rede. Isso causa diversos transtornos e precisa ser evitado de todas as formas. Outro problema apontado por ele é o descarte irregular de lixo nessas redes.
“As principais demandas na rede de esgotamento sanitário quando chove é principalmente pelo mau uso. Então só reforçando que a rede de esgotamento sanitário não é destinação de lixo. Para se ter uma ideia já retiramos até sofá em nossas redes, além de cadeiras, objetos, tudo o que se pode imaginar que foram causas de entupimento e extravasamento. Rede de esgoto não é para escoamento de chuva, nem tampouco lixo”, alertou Cruz.
Esgotamento X Drenagem
O gerente da divisão de esgotamento sanitário da Embasa esclareceu quais são as principais diferenças entre as redes de esgoto e de drenagem. Segundo ele, cada uma possui uma finalidade e foram projetadas de forma separada.
“A principal diferença entre a rede de drenagem e esgotamento sanitário é justamente a sua finalidade. A rede de esgotamento sanitário é projetada pra tirar os dejetos das residências de modo geral e levar para estação de tratamento de esgoto, enquanto a rede de drenagem é prioritariamente para a questão da água da chuva. No Brasil, a gente utiliza o sistema de separador absoluto, até porque se a gente fosse colocar tudo em uma tubulação só, teríamos tubulações imensas, bem superiores às que são utilizadas hoje em dia”, explicou.
Ele salientou que algumas situações auxiliam a população a identificar cada uma das redes. Geralmente, a rede de drenagem se encontra na lateral das vias. As águas, tanto de chuvas, quanto lavagem de passeios, escoam em parte de forma superficial pelas sarjetas até chegar aos bueiros e vão para uma rede subterrânea. As redes de esgotamento sanitárias geralmente ficam nos eixos das ruas, pois elas têm que pegar o esgoto dos dois lados de cada via.
“Segundo, as redes de drenagem utilizam muito os tampões de concreto, enquanto nas redes de esgotamento sanitário, praticamente todos os tampões são de ferro e têm a inscrição ‘esgoto Embasa’. Outro fato que facilita essa identificação é a questão da tubulação empregada. As redes de esgotamento sanitário são tubulações de menores diâmetros, de 150, 200 milímetros e de material, como PVC, principalmente na cor ocre. Em relação à drenagem, são tubulações maiores e prioritariamente são feitas em manilhas de concreto. Então, esses são os principais pontos de diferenças”, afirmou.
De acordo com Alex Cruz, a interligação das duas redes traz diversos problemas. O primeiro está relacionado à capacidade. A rede de esgotamento sanitária foi projetada para pequenas variações de volume, com um aumento de fluxo principalmente entre as 18h e às 20h. O segundo problema é a questão de sujeira na rede, pois a interligação com a rede de drenagem leva muita sujeira e lixo para dentro das redes, o que ocasiona o extravasamento e entupimento.
“O terceiro ponto é a diminuição da capacidade de tratamento das estações. Quando o esgoto chega diluído em água, as bactérias que fazem o tratamento para devolver o esgoto ao rio têm menos alimento pra consumir e isso causa a deficiência do tratamento. A interligação do esgoto na rede de drenagem também traz dois principais problemas. O primeiro é que prejudica a tubulação, que é de concreto armado e o esgoto possui gases tóxicos, que prejudicam essa tubulação. E o segundo é que vamos levar esgoto sem o devido tratamento para nossos rios, então é uma questão ambiental.”
Manutenção
A construção, implantação e manutenção da rede de drenagem ficam a cargo do poder municipal. A Embasa fica a cargo da ampliação e manutenção da rede de esgotamento sanitário, explicou o gerente da divisão de esgotamento sanitário.
Ele afirmou que a Embasa está fazendo diversos investimentos em Feira de Santana, na região do Tomba, Fraternidade, que é a bacia do Subaé, e dando apoio à Conder, na questão da Lagoa Grande, que envolve Ponto Central, Rocinha, Parque Getúlio Vargas. “Hoje temos cerca de 68% da cobertura e estamos ampliando esse horizonte, para que no máximo em 2033 possamos estar com 90%, no mínimo, de cobertura na cidade”, concluiu.