Laiane Cruz
O empresário e presidente do consórcio que administra o Shopping Popular Cidade das Compras, Elias Tergilene, em entrevista ao Acorda Cidade na manhã desta sexta-feira (23), declarou que é falsa a afirmação do vereador Fernando Torres de que ele pretende acabar com o Feiraguay.
“Eu não sei de onde o vereador tirou a informação que eu quero acabar com o Feiraguay, pelo contrário, o Feiraguay é um ícone da cidade. É um atrativo que ajuda muito o Cidade das Compras, e Feira de Santana a se tornar cada vez mais uma cidade polo, referência para outras cidades virem comprar. Então não é verdade, ele tirou isso da cabeça dele”, afirmou.
Ele lembrou que o Cidade das Compras foi feito com dinheiro público, é uma Parceria Público-Privada (PPP), fruto de licitação, avaliada e validada pelo Ministério Público, Tribunal de Contas. Já o Feiraguay, no entanto, não foi feito a partir de licitação, recebe verba federal, porém possui espaços alugados a comerciantes por preços exorbitantes.
“Nós não queremos acabar com o Feiraguay, apenas temos espaço que custa R$ 300 a R$ 400, enquanto o Feiraguay tem espaço que custa R$ 3 a 4 mil, ou seja, tem lá pessoas que não participaram de uma licitação, que se dizem donas do Feiraguay, alugando por valores absurdos. Então quando atacam o Cidade das Compras, eu lembro que nós temos que criar uma regra para todo o comércio informal de Feira de Santana, e isso engloba o Feiraguay, porque o local pode ficar na mão de algumas pessoas que não participaram de licitação, alugando por preços absurdos e ninguém fala nada”, afirmou Elias Tergilene.
Interesses políticos
O empresário considera ainda que o shopping se tornou um local para palco político. Ele conclamou deputados e vereadores a trazerem mais investimentos para o empreendimento, ao invés de apenas criticarem.
“O Cidade das Compras participou de um processo licitatório, aos olhos do MP, do Tribunal de Contas e tudo, e fica sendo atacado. Então é isso que eu falo, que o Cidade das Compras virou um palco político, que mesmo após as eleições certas pessoas não descem do palco. Tem deputado que fala mal do shopping, mas por favor que traga algum órgão público do governo, e se quer ajudar os camelôs, é só trazer fluxo de clientes. Vereador que quer ajudar o camelô vota um orçamento para que a prefeitura possa subsidiar a conta da Embasa, a Coelba e mão de obra. Ficam atacando a minha pessoa, atacando o Cidade das Compras, mas ninguém fala do comércio informal de Feira de Santana, que precisa ser organizado, precisa ser divulgado no Brasil e na Bahia inteira”, disparou.
Aluguel de boxes
Elias Tergilene anunciou que está lançando um projeto de retomada da economia pós-covid em Feira de Santana, onde vários boxes do shopping popular que estão vagos vão ser ofertados para os empreendedores de Feira de Santana montarem seus negócios, com a mesma condição que foi oferecida para os camelôs. O preço, de acordo com ele, vai ser de R$ 40 o metro quadrado e R$ 40 o condomínio.
“Se o comerciante que está pagando um aluguel absurdo no Feiraguay e quiser ir para o Cidade das Compras pagar bem menos, isso aí é uma opção dele. Estive lá com comerciantes, que estão alugando na mão de camelô que ganhou um box por R$ 700. Por que tem gente gritando que não dá conta de R$ 300 ou R$ 400? Porque não quer pagar nada pra alugar por R$ 700. Então está havendo uma especulação ilícita, injusta, com quem trabalhar. Se o camelô não quer trabalhar, ele entrega o box, ou eu diminuo a área dele e entrego uma área menor pra ele pagar menos, que foi criada lá uma área social, e vamos disponibilizar pra todos os empreendedores. Já que teve dinheiro público, que o empreendimento é social, vamos democratizar.”
O administrador anunciou também que vai disponibilizar mil espaços para feira livre no estacionamento do shopping. “Vai ter uma feira permanente no sábado e domingo no estacionamento do Cidade das Compras.”
O vereador Fernando Torres (PSD), presidente da Câmara de Vereadores de Feira de Santana, retrucou as afirmações do empresário Elias Tergilene, afirmando que acompanhou o crescimento do Feiraguay e por isso o defende com ‘unhas e dentes’.
“Eu cresci acompanhando o Feiraguay, que é um empreendimento de reconhecimento nacional. Em Brasília, as pessoas falam que em Feira de Santana existe um local que vende barato equipamentos eletrônicos e hoje vende de tudo, roupas, celulares, todo tipo de materiais. As pessoas gostam do Feiraguay, tem que gente que vem de Salvador, do interior da Bahia, de Irecê, Itabuna, Juazeiro, então é um empreendimento que traz pessoas de fora pra comprar e conhecer Feira de Santana. Por isso eu defendo o Feiraguay, com unhas e dentes, toda garra, pra ninguém acabar com o local”, afirmou.
Ele disse que, como vereador, tem por obrigação fiscalizar o dinheiro público, que foi investido no local, já que é uma Parceria Público-Privada.
“Ele pegou um terreno público, que vale R$ 40 milhões. Houve investimento da prefeitura, próximo de R$ 18 milhões, uma PPP com dinheiro público, um investimento de R$ 60 milhões. Não sei quanto esse empresário investiu, mas até hoje as pessoas que compraram lá estão reclamando de tudo de ruim que acontece, que o shopping não funciona, que está alto o aluguel, que está caro o condomínio, que não tem cliente lá nesse espaço de compras, porque não se faz propaganda nos meios de comunicação. Então nós que somos políticos, defensores do dinheiro público, vamos ficar quietos em relação a isso? Os vereadores têm que falar porque nossa obrigação é essa, fiscalizar o dinheiro público, da prefeitura municipal de Feira de Santana.”
Com informações do repórter Paulo José do Acorda Cidade.