OS RIOS não param. E porque não param, as águas continuam vivas e puras. Podem trancar o seu curso, mas eles sempre encontrão um lugar para escapar. E se não puderem superar a barreira e continuar a viagem, a morte se aproxima desses rios. As águas paradas apodrecem e jamais conhecerão a beleza do mar.
HÁ PESSOAS que são rios enormes cheias de vida. Nada pode impedir sua corrida. Se outras pessoas tentam impedir sua força, sua caminhada e seus empreendimentos, elas não reparam e continuam seu curso. Há pessoas que são rios pequenos e de pouca força. Uma crítica, uma calúnia, uma falta de atenção fazem essas pessoas mudarem de rumo.
HÁ PESSOAS que são “águas paradas”. Porque encontraram várias barreiras em sua vida, não mais sentem coragem de lutar e entregam os pontos. Param suas atividades, não tentam novas realizações, se acomodam numa vidinha sem graça e aos poucos vão apodrecendo no desânimo, como as águas paradas. A vida, dentro de nós, é uma força enorme que não pode parar.
NÃO É VERDADE que a mocidade é a manifestação maior de nossa vida e que, depois, vai diminuindo na medida que os anos passam. Ela diminui se perde sua força. Como um rio, pode aumentar suas águas na medida que se aproxima do mar, assim a pessoa deve aumentar sua vida, dentro de si, na medida que avança em idade. Se isso não acontecer é porque a vida se estagnou como as águas que cansaram de correr.
NÃO PODEMOS dizer a uma pessoa idosa que tenha menos vitalidade que um jovem. O corpo pode estar mais gasto, mais fraco, mas a vontade de viver, o gosto de viver, a paixão pela vida, que não acaba, deve aumentar dentro dela. Somente assim poderá desembocar no mar da vida, que é Deus. Deus é vida e nosso destino é viver para sempre neste mar de vida que é o céu.
Dom Itamar Vian
Arcebispo Emérito
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