Gabriel Gonçalves
Com o início da Semana Santa, o Centro de Abastecimento em Feira de Santana está apresentando um movimento satisfatório de populares que estão em busca dos ingredientes para o preparo das refeições, e principalmente do vatapá e caruru.
Morando em São Paulo, mas passando a Semana Santa em Feira, o casal Rogério Silva e Gisele Aparecida, sempre comparecem no Centro para garantirem os ingredientes com preços razoáveis. Segundo eles, mesmo com o preço do camarão um pouco salgado, não há outro ingrediente que possa substituir.
Foto: Paulo José/Acorda Cidade
"Sempre estamos aqui fazendo essa pesquisa de preço e levando os produtos. Com toda certeza, o peixe e o camarão não podem faltar, porque realmente é insubstituível", disse Rogério.
A esposa, Gisele, explicou que usa o camarão na moqueca de peixe, outro prato para somar junto com o vatapá e o caruru.
"Eu sempre preparo a moqueca de peixe, a gente coloca uns camarões para dar aquele 'tchan' e fica muito bom. Eu aprendi com minha sogra, e não pode faltar peixe na Semana Santa. Já fazem uns dois anos que estivemos aqui no Centro e posso dizer que não teve uma alteração tão enorme assim dos produtos, e como o peixe e o camarão não podem faltar, viemos comprar", explicou.
Foto: Paulo José/Acorda Cidade
O comerciante Eduardo Capistrano explicou que por conta da pandemia, a expectativa de movimento na segunda-feira (29), foi abaixo do esperado, mas as vendas estão sendo satisfatórias, conseguindo levar um lucro para casa.
"Se comparada aos anos anteriores, infelizmente por conta da pandemia, a expectativa da gente foi baixa, mas está dando para levar a vida e sustentar a família", relatou.
Segundo Adriano, os preços dos produtos foram elevados por conta do combustível que também teve alteração.
"Por conta da frota dos caminhões que neste ano foi muito pouco, ainda mais com a dificuldade de exportação, exploração dos animais como o camarão, e dos peixes, teve uma leve alteração e precisamos passar esses valores para o público. Como a maioria desses produtos vem de fora e somado ao preço da gasolina, tivemos dificuldade para pegar e agora repassar. O amendoim ainda está dando para vender de forma normal, mas os frutos do mar estão prejudicando, como o camarão da água doce e da água salgada", destacou.
O comerciante informou à reportagem do Acorda Cidade, que no ano passado chegou a vender o quilo do camarão por R$ 40, mas agora com todos os reajustes, está vendendo por R$ 50.
Foto: Paulo José/Acorda Cidade
"Normalmente o quilo do camarão graúdo, a gente vendia de R$ 38 a R$ 40, mas nesse ano teve um reajuste de praticamente R$ 10. Hoje estamos vendendo de R$ 48 a R$ 50, já o camarão miúdo a gente varia entre R$ 32 e R$ 35. Além desses ingredientes, tivemos aumento também no azeite, na castanha que está custando R$ 55 e o amendoim a R$ 22, já o leite de coco o reajuste não foi tão alto ao ponto das pessoas acharem caro", informou Adriano ao Acorda Cidade.
Também comerciante no Centro de Abastecimento, Maiane Dantas, explicou que dentre todos os ingredientes que são mais utilizados nesse período de Semana Santa, o litro do azeite de dendê, foi o que mais teve reajuste.
"O preço está com uma pequena diferença do ano passado. O camarão e a castanha não tiveram um aumento assim expressivo, a única diferença mesmo foi o azeite de dendê que hoje está custando o dobro do preço do ano passado, antes encontrávamos de R$ 6, hoje custa R$ 12. Esse reajuste foi depois da pandemia, por falta de matéria-prima, não conseguimos encontrar na região e os ingredientes estavam vindo de fora. Alguns chegam do Ceará, Salvador, Valença e por isso precisamos repassar os valores para os clientes também", disse.
Foto: Paulo José/Acorda Cidade
Maiane exemplificou a média dos preços de alguns produtos e afirmou que mesmo caro, o azeite de dendê é o 'pulo do gato' no preparo dos pratos.
"A gente tem camarão de água salgada a partir de R$ 10, o litro do camarão doce, a partir de R$ 5. O litro do amendoim torrado de R$ 10 e da castanha de R$ 20 e o litro do azeite de dendê por R$ 12. O azeite foi o que mais teve reajuste, mas sem o azeite, não tem como preparar os pratos, é o pulo do gato, aquele toque final para dar o sabor no caruru e no vatapá", disse.
Ainda segundo Maiane, o movimento comparado aos anos anteriores foi mais baixo, mas considerou que pelo fato de evitar aglomerações em casa, as famílias irão se reunir com quem mora dentro da própria residência.
Em mais um ano responsável por produzir o camarão e o vatapá da família, dona Margarida de Almeida esteve na tarde de ontem (29) no Centro de Abastecimento para comprar castanha. Segundo ela, a tradição foi passada dos pais para ela, e até hoje segue com esta missão.
Foto: Paulo José/Acorda Cidade
"Graças a Deus, eu mesmo que preparo desde que eu me entendo por gente. Aprendi com meus pais, faço até hoje e gosto mais do caruru. Infelizmente os preços estão salgados aqui como a castanha e o amendoim. O comerciante me fez a R$ 47, mas era R$ 50 a castanha e o camarão já tinha comprado de R$ 44. Com toda certeza, o camarão e o peixe não podem faltar com o caruru e o vatapá, nada substitui esses alimentos e lá em casa, a partir de meia noite de quarta-feira, só come peixe, a carne só no sábado de aleluia", concluiu.
Com informações do repórter Paulo José do Acorda Cidade