Gabriel Gonçalves
Atualizada às 15h52
Em meio à pandemia da Covid-19, onde há a necessidade de higiene das mãos a todo instante, e uma grande estiagem no campo rural, os moradores da Fazenda Venda Nova no distrito de Maria Quitéria, em Feira de Santana, estão passando por dificuldades devido à falta de água na localidade, que já completou três meses.
Uma das moradoras, Nielza Canuto dos Santos explicou à reportagem do Acorda Cidade que é necessário caminhar por quase 1km em busca de água encanada e afirmou que o carro-pipa abasteceu a comunidade pela última vez no mês de novembro do ano passado.
"Nós estamos sem água de forma geral e estamos nos virando como podemos para tentar ter água. A gente se desloca para pegar um balde por quase 1km, onde tem água encanada, e são muitos moradores que precisam disso. A última vez que o carro esteve aqui foi em novembro do ano passado. Minha cisterna tem 16 mil litros, se estiver cheia, a água dura até três meses, mas o carro que vem, só traz nove mil litros, então temos água durante 1 mês e 15 dias", explicou.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
Ainda segundo Dona Nielza, os moradores já entraram em contato com a Secretaria de Agricultura (Seagri) do município e foram informados que apenas uma moradora está na programação para receber água, mas sem previsão.
"A queixa dos moradores aqui é muito grande e estávamos até com dificuldade para entrar em contato com a Seagri, porque eles mudaram de endereço e o telefone não estava funcionando. Graças a Deus, essa semana já conseguimos, mas falaram que só tem o nome de uma moradora, que é Cristina Costa, mas não sabemos quando vai vir. Estamos racionando a água todos os dias, se for para lavar os pratos, uma única vez, banho, uma única vez, e aí a gente consegue pegar um galão de 60 litros e divide para todas as atividades dentro de casa. Só na minha casa, são quatro pessoas; na casa do meu sogro, mais sete e dessa forma fica muito complicado, ainda mais carregar água no balde nessas ladeiras que existem aqui", declarou.
Com 74 anos de idade e morando com o esposo de 80, Dona Maria Madalena explicou que o tanque residencial já está ressecando por conta da estiagem. Segundo ela, a qualquer momento pode perder o reservatório.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
"Eu já tenho mais de dois meses com o meu tanque seco e não pode ficar muito tempo sem água, porque quando coloca, já sai na mesma hora porque está ressecando, então o cimento chupa a água e estou vendo aí a hora de perder o tanque. Aqui moram eu e meu esposo de 80 anos e só teve água no período da eleição no mês de novembro. Ali teve água à vontade, mas de lá para cá, não estamos tendo nada, até para passar um pano na casa, eu utilizo duas canecas para molhar o pano e passar na casa", disse ao Acorda Cidade.
Com quatro pessoas morando na residência, Cristina Costa explicou que quanto entrou em contato com a Seagri, foi informada que não havia pedidos de água para a localidade e por isso, precisa se deslocar até o ponto onde tem água encanada para carregar até a casa.
"A nossa água veio pela última vez em novembro. Procuramos em janeiro a Seagri. Informaram que a gente não estava pedindo água, minha irmã ligou para lá, informaram a mesma coisa. Na minha casa, são dois adultos e duas crianças e eu preciso ficar indo para a casa da minha cunhada buscar água encanada junto com meu esposo. Eu espero ele chegar, vamos buscar e a quantidade que traz é o que utilizamos durante o dia e agora queremos uma resposta da secretaria, porque estamos passando por muita dificuldade aqui", concluiu.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
O Acorda Cidade entrou em contato com a Secretaria de Agricultura do município e o órgão enviou a seguinte nota:
O abastecimento de água nos distritos é realizado todos os dias da semana, e a secretaria atende a população de acordo com a ordem de solicitação.
Devido ao período de estiagem, a demanda está acima da média de outros períodos do ano. Prova disso é o decreto de calamidade pública decretado pelo município.
Com relação à esse caso específico, solicitamos que entrem em contato com a secretaria, através do número 3603-4100 / 3603-4115 e informem sobre a demanda a fim de que possamos normalizar o abastecimento nesta comunidade.
Fotos: Ed Santos/Acorda Cidade
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade