por Vladimir Aras
O mundo anda movimentado nos últimos meses. Revoluções se espalham pela África e pelo Oriente Médio. E agora esta ação militar dos Estados Unidos no Paquistão deixa-nos com uma série de dúvidas.
Não importa se somos cristãos ou muçulmanos, judeus ou agnósticos, animistas ou budistas, há uma coisa certa e que nos une. Na Meditação 17 de suas ”Devotions upon Emergent Occasions”, o poeta, pastor anglicano e advogado inglês John Donne, eternizou esta prosa depois transformada em versos: “Não pergunte por quem os sinos dobram“. Era o ano de 1624. Mas podia ser 2011:
“Nenhum homem é uma ilha isolada; cada homem é uma partícula do continente, uma parte da terra; se um torrão é arrastado para o mar, a Europa fica diminuída, como se fosse um promontório, como se fosse a casa dos teus amigos ou a tua própria; a morte de qualquer homem diminui-me, porque sou parte do gênero humano. E por isso não perguntes por quem os sinos dobram; eles dobram por ti”.
(John Donne)
Anteontem, Osama bin Laden foi morto e arrastado para o mar. Os sinos não dobraram por ele. O lamento foi escasso. O regozijo foi imenso. Se somos mesmo parte do gênero humano, há realmente o que comemorar?