O Centro Municipal de Prevenção ao Câncer (CMPC) de Feira de Santana está realizando durante todo o mês de março a Campanha Março Lilás, período de prevenção e tratamento precoce do câncer de colo de útero.
Em entrevista ao Acorda Cidade, o médico radio-oncologista André Campana explicou que é possível evitar o surgimento da doença através dos exames preventivos de forma regular e a vacina contra o HPV.
"Estamos falando sobre o mês Março Lilás, explicando sobre o câncer de colo do útero e para falar desse câncer, lembramos do dia 4 de março, dia de conscientização do câncer de HPV, um vírus que está responsável por várias doenças, como o próprio câncer de colo de útero, de pênis, câncer de canal anal, câncer de garganta, vagina e vulva. Um vírus que se tem vacina e vale a pena ressaltar que está associado a estas outras doenças. Um vírus transmitido através da relação sexual, uma das formas principais, e por isso há a indicação do uso de preservativos. Mas aqui estamos falando de prevenção, evitar o surgimento e não apenas diminuir o risco. São medidas que evitam que aquela alteração no colo do útero se transforme em um câncer e por isso que deve sempre ser feito os exames regulares preventivos e a vacinação contra o HPV", destacou.
De acordo com o médico, a vacina diminui o risco de obter o câncer e deve ser aplicado em duas doses logo na fase da adolescência entre 9 a 14 anos.
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade
"Essa é uma vacina que diminui o risco de ter o câncer, assim como as outras doenças que citei e deve ser dada em duas doses com intervalos de seis meses. O Ministério da Saúde preconiza que as meninas de 9 a 14 anos façam o uso dessa vacina, mas caso a pessoa já esteja fora dessa idade, procure o ginecologista, converse com ele para que obtenha todas as informações e ele indicará se será necessário ser vacinada", explicou.
Como é identificada a presença do HPV?
Para que se tenha uma identificação do vírus, é necessário o acompanhamento como forma de prevenção. Para o médico, os exames realizados são de suma importância para um tratamento precoce.
"No caso das mulheres, é preciso sempre estar sendo acompanhada pelo ginecologista, no exame preventivo, onde será avaliada a presença ou não do HPV, no câncer do colo do útero. Para os homens, o câncer de pênis está associado a alguns fatores e em, alguma vezes, acontece até a amputação do órgão", afirmou ao Acorda Cidade.
É possível identificar a presença do HPV a olho nu?
Segundo o radio-oncologista, a presença de verrugas nas regiões externas podem indicar a suspeita do vírus.
"Nós temos vários tipos de cepas do HPV, assim como estamos agora falando sobre as cepas da covid-19. Existem vários tipos para o HPV e, às vezes, acontece de ter verrugas nas regiões, mas somente com os exames preventivos através das capturas, será avaliada a presença do vírus", explicou.
Quais sintomas são apresentados?
De acordo com o médico, o sangramento vaginal após uma relação sexualé motivo para buscar orientações com o ginecologista.
"As doenças em estágios iniciais não apresentam sintomas, mas indo ao ginecologista, realizando os exames preventivos, podem ser detectadas. Mas caso essa paciente tenha sangramento vaginal após uma relação sexual ou mesmo sem ter a relação, esse pode ser um indício de alguma alteração relacionada ao útero. Por isso é necessário buscar o ginecologista para que seja avaliado", explicou.
Infelizmente, o número de óbitos causados pelo câncer de colo de útero é alto. Segundo André Campana, o tratamento precoce pode diminuir as chances do desenvolvimento da doença.
"Os números são altos, principalmente quando se fala sobre o câncer de colo uterino. Já o câncer de canal anal, garganta, vagina e vulva, apresentam índices mais inferiores e na maioria das vezes são causados pelo HPV. Quando esse diagnóstico é feito de forma precoce, a exemplo de uma verruga, ela é retirada e fazemos o acompanhamento, mas trago uma informação principalmente para os pais, existe uma baixa incidência nessa vacinação, poucos jovens são vacinados contra esse vírus. É uma vacina que está na rede pública, não é paga e estamos vendo essa pouca procura, por isso, pedimos aos pais que levem os filhos nos postos de saúde e não esqueçam da segunda dose após seis meses, porque vemos cidades que o número da segunda é muito inferior quanto a primeira. Estamos batalhando com esta vacina da covid-19 e não podemos esquecer dessa outra batalha com os jovens que precisam ser vacinados", concluiu.
Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade