Laiane Cruz
O Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Feira de Santana está produzindo um documentário em celebração aos seus 50 anos, completados em janeiro deste ano. De acordo com a presidente da entidade, Conceição Borges, devido à pandemia, não foi possível realizar uma grande festa como nos anos anteriores. No entanto, a produção cinematográfica será de grande importância para contar toda a história de luta e batalhas travadas pelo sindicato para garantir os direitos dos trabalhadores do campo.
“Nós da diretoria do sindicato aprovamos no Conselho Deliberativo que o sindicato vai celebrar seus 50 anos organizando e fazendo um documentário. Nós já começamos, mas em função do crescimento da pandemia a gente segurou um pouco e acreditamos que a vacina vai chegar pra todos nós e se isso acontecer ele deve ficar pronto entre junho e julho deste ano. Vamos celebrar os 50 anos do sindicato celebrando também a Semana do Agricultor com esse documentário. E certamente essa celebração vai durar até os 51 anos, porque o documentário será muito importante e a gente precisa que esse documentário seja apresentado pra gente conhecer a história, como o sindicato sobrevive, suas principais lutas e conquistas”, afirmou Conceição Borges.
Foto: Arquivo Pessoal
De acordo com ela, atualmente ainda há um desafio muito grande para garantir ao campo sua sustentabilidade e também convencer o poder público a nível federal, estadual e municipal, para investir no campo e garantir vida para quem mora no campo e alimento saudável para todos que precisam.
“Esse sindicato tem a grande tarefa de lutar e defender os trabalhadores do campo, da agricultura familiar. Neste período de 50 anos tivemos grandes lutas, grandes batalhas. O sindicato quando nasceu não tinha essa grande missão e se destacou em 88 quando incorporou a luta junto com os demais movimentos do campo para garantir que os trabalhadores rurais tivessem seus direitos garantidos a partir da constituição, onde conseguimos ali entrar no regime geral da Previdência Social pela garantia dos direitos previdenciários, que até então nós não tínhamos”, disse.
Ela relembrou que em 1994 assumiu a presidência do sindicato, mas desde 1991 vinha participando da organização de base, da coordenação do movimento de mulheres trabalhadoras rurais aqui da região de Feira de Santana e também do Nordeste.
“Nesse período, apesar de termos conseguido os direitos previdenciários, tínhamos muita dificuldade de acessar e organizar a documentação. Então nós travamos uma grande batalha, primeiro para garantir que as mulheres tivessem esse direito, pois os homens, na maioria das vezes, tinha documentação, mas as mulheres não tinham, principalmente profissão declarada. E aí a gente travou uma batalha junto com outros movimentos de mulheres para fazer uma campanha de nenhuma trabalhadora rural sem documento e isso durou até 2008 ou 2009. Nesse período também saí do sindicato e assumi a secretaria de formação do sindicato. Travamos mais uma batalha para garantir que o homem e a mulher do campo tivessem acesso ao crédito. Então foi muita luta, muitas mobilizações, grandes ocupações, participações, principalmente nas atividades que aconteciam em Brasília, a exemplo do Grito da Terra Brasil e ali o sindicato se fazia presente”, relembrou ao Acorda Cidade.
Ainda conforme Conceição Borges, no ano de 2020 ela assumiu novamente a presidência do sindicato, sempre na luta diária de garantir que a agricultura familiar tenha seu lugar de destaque na sociedade. “Nós garantimos alimentos saudáveis para toda a comunidade e isso tem sido uma luta intensa do nosso sindicato. Então esse ano era pra gente ter feito uma grande festa. Não pudemos, mas também não dá pra esquecer de trazer todo esse resgate”, destacou.