Saúde

Medo da Covid-19 aumenta a procura por tratamento para obesidade

O acesso à informação contribui para mudança de comportamento de muitos pacientes

Acorda Cidade

A obesidade ganhou mais espaço na mídia com a pandemia, por ser fator risco para complicações e morte para a Covid-19 – como acontece, também, com outras doenças crônicas: hipertensão arterial, diabetes. O acesso à informação contribui para mudança de comportamento de muitos pacientes, como observa a nutricionista Lorenna Fracalossi, do Núcleo de Obesidade do Centro de Diabetes e Endocrinologia da Bahia (Cedeba).

“A sensação de medo pode ser constatada pela volta de usuários que deixaram o tratamento até há cinco anos. Quem está retornando conta com as consultas médicas com o recurso da Telemedicia e Teleatendimento em Nutrição, Fisioterapia, Psicologia, Serviço Social, exatamente como os demais usuários, diante da necessidade do distanciamento social, exigência da pandemia”, analisa Lorenna Fracolossi. Segundo a profissional, a maioria dos pacientes com Obesidade aprovou o atendimento remoto porque evita deslocamentos, além de possibilitar um contato mais frequente com a equipe multiprofissional.

“Como o laboratório e o diagnóstico por imagens estão funcionando, o paciente continua sendo acompanhado com muita atenção. Ao receber o resultado do exame de laboratório, que é encaminhado por e-mail, o paciente envia por meio eletrônico para ser avaliado na consulta”, explica a nutricionista.

O atendimento remoto, implantando pelo Cedeba há um ano, logo que as consultas presenciais foram suspensas – o retorno gradual começou em setembro para consultas médicas e exames – tem sido muito importante para o acolhimento dos pacientes. Para aqueles que moram distante de Salvador, como no Sul ou no Oeste da Bahia, muito mais. Em resumo: encurtou distâncias, possibilitando a continuidade da assistência com qualidade.

As mudanças na forma de atendimento, como analisa Lorenna Fracalossi, coincidem com mudanças na assistência Nutricional na linha da Nutrição Comportamental, que enfatiza mais a orientação e aconselhamento nutricional por meio da conversa, não necessitando ficar frente a frente com o paciente.

Entendendo a obesidade

Quando se fala em obesidade, a primeira ideia que se tem é peso, mas não é tão simples assim, como explica a nutricionista. “A obesidade não é apenas uma questão de peso. Suas raízes são profundas. Envolvem questões relacionadas com estilo de vida, saúde mental, estigma, privação de sono, alimentação, sedentarismo, efeitos metabólicos, genéticos e biológicos. Não é o peso e o tamanho do corpo de alguém que determinam sua saúde”, afirma.

Afinal, como se define a obesidade? O IMC (Índice de Massa Córporea) é o diagnóstico mais clássico, antigo e mais utilizado, segundo explica Lorenna. Foi adotado pela OMS, no entanto, tem muitas limitações, pois não contempla a composição corporal e se restringe apenas a relação peso versus altura. Como por exemplo pessoas muito musculosas podem ser classificadas com obesidade, segundo o índice.

Dietas milagrosas funcionam?

De jeito nenhum as soluções que prometem milagres funcionam, explica a nutricionista do Cedeba. “Se bastasse comer menos e gastar mais calorias, a solução seria comer menos e fazer exercícios”, pontua.

“No entanto, cada vez mais sabemos que dietas restritivas podem até provocar uma redução de peso, mas a questão é: por quanto tempo? Isso é sustentável? Além de consequências clínicas, problemas psicológicos e sociais, somam-se a esse quadro discriminação e preconceito. Inclusive a palavra obeso, do latim obesus, ou ‘que comeu até ficar gordo’, traz a tona o senso de julgamento moral. A discriminação é considerada a manifestação comportamental do preconceito”, avalia Lorenna.

Ações voltadas para mudanças sustentáveis de comportamento alimentar, estilo de vida, prática de atividade física, podem trazer benefícios físicos, psicológicos e sociais. Ninguém precisa lutar sozinho.

De acordo com a nutricionista, é preciso cuidado, respeito e empatia. É preciso começar a ter uma visão ampliada sobre o assunto. Isso deve ser feito promovendo a abordagem do peso de maneira inclusiva; ajudando o paciente a confiar novamente ou aprender a confiar no seu corpo; focar na melhoria da saúde; cuidar com respeito; comer para o bem-estar; e evitar as dietas restritivas e milagrosas.

Ascom do Cedeba

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