Feira de Santana

Por falta de matéria-prima, produção de caixões pode ser interrompida

Há cerca de 7 meses fábrica estão com dificuldades.

Gabriel Gonçalves

As fábricas de urnas funerárias em Feira de Santana e em outras cidades do país correm o risco de terem a produção suspensa por conta da falta de matéria-prima. É o que afirma André Torres, proprietário de uma fábrica. De acordo com ele, o MDF, principal elemento na confecção dos caixões, está em falta.

Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

"Basicamente, as urnas são compostas com madeira pinus, o MDF, as tintas, verniz e o acabamento interno como o forro, além das alças. Essa falta já tem mais ou menos uns 6 a 7 meses que estamos com essa dificuldade de encontrar, inclusive alguns materiais que estava comprando aqui em Feira mesmo, hoje já não tem e aqui para nossa produção, o MDF é o elemento mais importante que faz o fundo e a tampa do caixão", explicou.

Para não atrasar a confecção das urnas, André precisou realizar a compra do material na cidade de Aracaju e explicou que o posicionamento dos fabricantes é relacionado a pandemia.

"Ontem eu comprei 150 folhas de MDF em Aracaju, onde eu achei uma loja de revenda, porque os fabricantes não estão querendo vender. Segundo eles, é por conta da pandemia, onde na verdade, não tem nada haver. Antes até tinha por conta da paralisação das fábricas, mas acredito que essas fábricas estão exportando esse material devido a valorização do dólar e deixando de abastecer o mercado interno", disse ao Acorda Cidade.

Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

Em todo o Brasil, cerca de 13 fabricantes fornecem o MDF. De acordo com André Torres, quando existe a disponibilidade do material, não é vendido na quantidade necessária.

"São várias fábricas em todo o Brasil, cerca de 12 a 13 ao total. Trabalhamos com algumas de Santa Catarina, São Paulo, Mato Grosso e nenhuma delas está tendo em estoque. Quando tem, me ligam dizendo que a carreta chegou, e vamos supor, a carreta trás 12, 13 paletes e me dizem que só tem 6 disponíveis para mim ou até mesmo, 3 paletes e aí eu tenho que ir lá buscar", afirmou.

Por mês, cerca de 2.600 urnas são fabricadas. Caso não seja regularizado o envio de MDF para a fábrica, é provável que todo estoque de urnas dure por apenas dois meses, segundo o proprietário.

Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

"Aqui nós fabricamos cerca de 2.600 urnas por mês. Em termos de fabricação, eu tenho material para uns 15 a 20 dias, com relação às urnas em estoque, é provável que dure até pelo menos dois meses, caso não regularize essa situação do insumo, principalmente do MDF. Atualmente, nós temos aqui cerca de três mil urnas estocadas", explicou.

Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

Sem previsão de reposição de material, André Torres informou ao Acorda Cidade que a falta dessas urnas funerárias pode não atingir apenas Feira de Santana, mas como o Brasil inteiro.

"Essa situação não restringe apenas Feira de Santana, porque é de forma geral. Algumas empresas de São Paulo e outras regiões já fecharam as portas e aqui mesmo, já estamos dando férias para alguns setores porque não tem como rodar, já que não se tem uma produção como antes e o pior, férias são 30 dias e depois, a gente vai fazer o quê? Nossa fábrica distribui para outras cidades aqui do estado da Bahia, parte do Tocantins e Pará, então falando aqui da nossa fábrica, temos o material em estoque para no máximo 60 dias", concluiu.

Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade
 

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