Gabriel Gonçalves
Neste sábado, dia 6 de março de 2021, faz exatamente um ano que foi confirmado o primeiro caso de covid-19 em Feira de Santana. A notícia foi divulgada pelo Secretário de Saúde do Estado da Bahia, Fábio Vilas Boas, afirmando que se tratava de uma mulher de 34 anos que tinha retornado da Itália. Foi também o primeiro caso registrado no Nordeste.
A rotina de todos precisou ser modificada como ocorreu em todo o mundo. No Brasil, a doença já ceifou a vida de mais de 260 mil brasileiros, e no município de Feira de Santana, o número de óbitos se aproxima de 500. Mais de 26 mil moradores de Feira já foram infectados.
Em entrevista ao Acorda Cidade, o comerciante Enoque Miranda afirmou que é necessário ter esperança e explicou que durante todo esse período, presenciou de perto, todo o sofrimento de duas pessoas que tiveram a doença.
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade
"A minha cunhada que mora em Jequié pegou o vírus e passou por uma situação muito difícil, assim como um amigo de infância da mesma cidade que ficou em estado crítico, mas graças a Deus, todos conseguiram se recuperar, mas infelizmente mudou bastante a rotina de todos. Mesmo nesta situação atual, precisamos ter esperança de que isso vai passar", afirmou.
Ainda segundo Enoque, as aglomerações no transporte público da cidade tem colocado os trabalhadores em risco..
"Todo mundo tem uma parcela de culpa, não somente do governo. As aglomerações continuam e não é pouco não, o comércio pode até abrir, mas a disseminação não está somente no comércio, e sim no risco que os funcionários precisam passar, pegando transporte público", disse.
A florista Simone Silva informou que neste período da pandemia, a situação tanto financeira, quanto de saúde, se agravou para muitas pessoas.
"Está sendo um ano difícil para todos. Seja pela questão de saúde, trabalho, estamos vendo aí muitas pessoas passando por necessidades, muitos pacientes perdendo a vida, mas é necessário termos fé em Deus, pois iremos passar por este momento. Estamos em um deserto e por isso precisamos orar e sempre colocar Deus em primeiro lugar, pois assim iremos vencer", declarou.
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade
Simone relembrou que no início da pandemia, a comercialização de flores teve uma queda por conta da suspensão de todos os eventos no município.
"Nós que trabalhamos com flores, trabalhamos diretamente também com festas, casamentos e foi um baque. Na primeira semana, tivemos todos os casamentos cancelados e até hoje não tivemos nenhuma outra festa para ornamentar. Os clientes nos solicitam um ou dois arranjos para fazer só aquele momento mais reservado com os familiares, mas ainda assim, continua sendo difícil", disse ao Acorda Cidade.
O cordelista e folheteiro Jurivaldo Alves da Silva explicou que durante todo esse período, a forma de pensar de muitas pessoas foi modificada, e recordou-se de que os eventos em que participava de forma presencial, em 2020, não foi possível mais comparecer.
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade
"Além da perda de uma vida, vem a perda financeira e isso fez modificar muito o raciocínio de muitas pessoas. Eu perdi mais de 20 eventos que faço fora daqui de Feira como no Cariri, Flica em Cachoeira, a Romaria em Bom Jesus da Lapa, Milagres, Anguera, Paulo Afonso e demais cidades. O que mantém de pé esse tipo de comércio, são esses eventos, mas infelizmente, tão cedo não teremos eventos de forma presencial", disse.
Para o cordelista, a velocidade da vacinação está lenta, mas por enquanto, esta é a única esperança da população.
"A nossa esperança como eu estou doido que logo aconteça, é a vacina. Enquanto não houver [vacinação em massa], será complicado. Do jeito que a carruagem está andando, está piorando a situação e a vacina está muito lenta. Eu me senti como se estivesse em uma prisão domiciliar, acostumado a trabalhar todos os dias, precisei ficar cerca de 15 a 20 dias em casa. Faço parte do grupo de risco e estou aqui pela minha teimosia, mas quem puder ficar em casa, que fique pois é a melhor opção", afirmou Jurivaldo.
Com quatro pessoas na família infectadas pelo Covid-19, o cordelista afirmou que todos tiveram uma recuperação sem sequelas e destacou que a comercialização de cordéis teve uma grande queda, principalmente, por não ter aulas presenciais nas escolas.
"Na minha casa, quatro pessoas foram infectadas, mas graças a Deus, todos se saíram bem. Em especial para mim, primeiro veio o prejuízo financeiro, porque caiu a venda do cordel. Outra coisa que mantém essa renda, eram as escolas e infelizmente, as aulas presenciais foram suspensas, é uma coisa horrorosa e merece ainda ter muito cuidado, estamos na faixa de risco e estou louco para ser vacinado", concluiu.
Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade