Acorda Cidade
Após diversas idas e vindas sobre permitir o retorno ou não das aulas presenciais, o clima de incerteza ainda predomina. Enquanto isso, alunos e pais se preparam para o retorno de mais um ano de aulas remotas. O professor Antonio Gouveia, pedagogo, Coordenador do curso de Pedagogia e da Pós Graduação em Educação da UNIFACS, explica de que forma a família pode auxiliar o estudante a manter o estímulo pelo aprendizado mesmo estando em casa.
Para o educador, vale ressaltar que a escola possui um papel de disciplinar. “A escola impõe um ritmo ao estudante. Tem o horário para estudar, o horário do intervalo. Além disso há a organização dos espaços, com regras bem definidas de comportamento. Todos esses aspectos de disciplina são muito importantes para o desenvolvimento”, afirma.
Já em casa, o educador acredita que é importante trazer um pouco da disciplina que o estudante teria na escola. O ideal é que a criança ou o jovem possa ter um local adequado para estudar, com mesa, cadeira, boa iluminação e longe de barulhos, na medida do possível. “Nem sempre as casas possuem essa estrutura, mas o ideal é que o aluno possa ter um espaço mais reservados para se concentrar”, afirma Antonio.
Supervisão
No entanto, não é apenas um espaço adequado que vai garantir o sucesso na aprendizagem. O pedagogo afirma que é de fundamental importância que os pais mantenham um papel ativo em relação à rotina de aulas dos filhos. “O estudante deve ter uma supervisão periódica, mas não no sentido de fiscalização e punição, mas de acolhimento e estímulo”, aponta ele.
Ainda segundo o professor, estando em casa, é natural que o estudante se desestimule com os estudos. “A aprendizagem domiciliar não é a mesma coisa estar na escola. Não há interação com colegas, não há o estímulo do grupo. Então também se faz necessário o suporte emocional por parte da família”, afirma Antonio.
Estratégias
Um dos maiores desafios enfrentados por pais e professores é manter o interesse dos alunos no que está sendo ensinado. Antonio acredita que uma boa estratégia que pode ser desenvolvida pelos pais para motivar os estudantes é demonstrar entusiasmo pelos assuntos. “Os pais também podem e devem estimular o estudante a buscar outras linguagens midiáticas para enriquecer o seu processo de aprendizagem e complementar o conhecimento do que foi aprendido na aula, através de leituras ou filmes, por exemplo”, sugere ele.
Outro ponto é dar autonomia a criança ou ao jovem para opinar na sua rotina de estudos. O pedagogo recomenda combinar, sem impor, uma agenda de estudos. Assim a própria criança ou jovem pode definir o horário (no contraturno das aulas) em que ele vai se dedicar às tarefas escolares. “A aprendizagem de uma forma forçada se torna desprazerosa. É preciso haver uma satisfação do estudante. Ao entrar num diálogo com o filho para estabelecer uma agenda de estudo, o estudante passa a ter mais autonomia para decidir sem deixar de cumprir com o que é necessário para o seu crescimento”, acredita.