Gabriel Gonçalves
Abandonado e sem nenhuma previsão de retomada das obras, o Centro de Convenções de Feira de Santana está muito distante para ser inaugurado. Trazendo insatisfações para moradores do bairro, o local, que hoje parece ser mais um terreno baldio na cidade, está abrigando marginais, além de um grande depósito de lixo e matagal.
Foto: Ed Santos/ Acorda Cidade
De acordo com o comerciante Diógenes Matos Oliveira, morador do bairro São João há 36 anos, além do terreno abandonado e a falta de iluminação, o local se tornou perigoso para quem passa por ali.
"São mais de 20 anos. Entra governo, sai governo, entra prefeito, sai prefeito e não se resolve nada. Os moradores ficam à mercê da escuridão e tudo de ruim que aparece aí. Devido ao matagal, muitos animais ficam aqui pela região. Os marginais ficam usando droga lá dentro, então deram um desprezo para essa obra", disse ao Acorda Cidade.
Foto: Ed Santos/ Acorda Cidade
Ainda segundo o comerciante, a prefeitura realiza a limpeza da área externa e diz que a obra sendo concluída, a cidade terá uma mega infraestrutura.
"Uma vez ou outra o prefeito sempre manda limpar, mas é só por fora ali nas calçadas. Já a parte de dentro é do governo que abandonou aí e nada de novo até agora. É preciso terminar essa obra aí, porque a infraestrutura é muito boa e a cidade precisa disso. Seria bom para todo mundo, bom para a cidade, mas com esse abandono ficamos temerosos. Acredito que será concluída essa obra, porque enquanto tivermos Fé, temos esperança", finalizou.
Foto: Ed Santos/ Acorda Cidade
Para o secretário de planejamento do município, Carlos Brito, o Governo do Estado abandonou a obra gerando tristeza para a cidade pelo dinheiro público que está se deteriorando.
"O Centro de Convenções está abandonado há muitos anos pelo Governo do Estado. Isso de fato é uma tristeza porque é dinheiro público que está se deteriorando, sendo jogado fora basicamente. Hoje em função do custo de material de construção, esse valor duplicou, então é um sinal que teremos muitas dificuldades para o governo aportar recursos naquela obra", explicou.
Com relação à limpeza do local, o secretário explicou que o município não tem a permissão para acessar a área interna do campo de obra, mas afirmou que a prefeitura irá solicitar o acesso para diminuir o grande matagal que se formou.
"Como o bem é de responsabilidade do governo, se cometer o desatino de entrar naquele espaço, podemos ser acusado de muitas coisas, mas isso é questão de bom senso fazer a limpeza da parte externa. Mas estamos dentro de um setor com uma área muito densa e vamos tentar pedir a permissão para reduzir aquele matagal, que inclusive é foco de muitas doenças, assaltos, marginais que se escondem, ameaçando a segurança das pessoas que moram no seu entorno", disse ao Acorda Cidade.
Foto: Ed Santos/ Acorda Cidade
De acordo com o secretário Carlos Brito, todo o processo do Centro de Convenções teve início ainda na gestão do ex-governador Paulo Souto, e quando o estado finalizasse a obra, seria repassado para o município.
"Esse processo vem causando muitos desgastes em todos nós que estamos envolvidos com aquela obra. Inicialmente o equipamento foi feito após um acordo com o governo na época de Paulo Souto em que o estado faria a obra e passaria para o município e de repente entrou outro governo, as pessoas continuaram com a obra, porque a mesma estava parada e logo depois de algumas intervenções, a obra foi abandonada", explicou.
Há cerca de três anos, o governo municipal foi convidado para retomar com as obras do Centro de Convenções. Segundo Carlos Brito, foi feito um convênio entre o estado e o município, mas no decorrer das obras, o governo municipal foi surpreendido pela Conder informando que o município estava com inadimplências com o consórcio de gerenciamento da UPA do Hospital Geral Clériston Andrade (HGCA).
"Foi feito um convênio entre as duas partes no valor de R$ 330 mil. Depois que o projeto já estava em andamento, fomos surpreendidos pela Conder informando que não poderia passar a verba para o município porque o governo municipal estava inadimplente com o consórcio de gerenciamento da UPA do Clériston. Em nosso entendimento, o consórcio é uma sociedade de pessoas e neste caso foi entre entes públicos que são donos de um negócio. Então fica o questionamento o que tem haver um consórcio com um convênio? Absolutamente nada", questionou o secretário.
Ainda segundo Carlos Brito, esse foi o argumento para não repassar a verba para o município, e por isso o governo municipal rompeu o contrato devolvendo cerca de R$ 36 mil para o estado.
"O projeto está nesse momento na mão da Conder. Já pagamos o projeto e se eles tivessem o interesse em tocar esse projeto, já estava atualizado e aprovado por eles, mas acredito que seja falta de vontade. Não existe nenhum empecilho de natureza para terminar aquela obra", finalizou.
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade