Laiane Cruz
A dona de casa Eliene Cruz, residente no bairro Novo Horizonte, em Feira de Santana, entrou com uma ação na Justiça em Salvador para conseguir reaver o benefício do filho, Reinan Santos Costa, que foi cortado durante a pandemia, após o jovem, que tem deficiência intelectual, completar 18 anos. Desde então, ela vive uma peregrinação até a Defensoria Pública do município, a fim de conseguir um documento chamado curatela, o qual deverá ser entregue à Justiça para que o rapaz tenha a chance de receber o auxílio do governo.
De acordo com Eliene, que está com 54 anos, Reinan, atualmente com 19 anos, foi diagnosticado aos dois anos de idade com hiperatividade, déficit de atenção e de aprendizagem. Ela contou em entrevista ao Acorda Cidade que o filho sempre foi muito agitado e nervoso, o que piorou com a entrada dele na adolescência.
“Por conta do falecimento do pai, ele recebia pensão, mas quando completou 18 anos, perdeu. Eu tinha colocado no processo menor inválido, mas como ele perdeu e já era maior de idade, ano passado, em janeiro de 2020, entrei com o processo de maior inválido e passou o ano todo com esse processo. Também entrei com uma ação de curatela, que é obrigatório para fazer o processo, mas por conta da pandemia, esperei, aguardei o resultado do processo, quando foi agora em 14 de dezembro, foi deferida a pensão dele. Só que tem um grande problema, antes disso, ele tinha o Planserv, que é onde ele fazia os tratamentos dele com psiquiatra, neuro e psicólogo. Ele vivia muito bem com as terapias, mas como ele perdeu o benefício por idade, ele ficou sem esse tratamento e aí tudo começou a piorar”, informou a mãe.
Eliene disse que a curatela é feita na Defensoria Pública, porém como o órgão continua sem prestar o atendimento presencial, ela não ainda não conseguiu obter o documento.
“Quando chegou o resultado, eu fui rapidamente, porque no documento exige que tenha essa curatela, e eu sou a curadora dele. Para ele ter o benefício garantido, senão ele perde. Fiquei desesperada, fui lá, quando cheguei estava fechado, disseram que não estava atendendo presencial. Eu preciso pegar esse documento para poder enviar à Suprev. Disseram que iriam me dar um papel para ligar para lá, mas quando liga quem atende é uma secretária eletrônica, mandando eu ir para os chats no Facebook e fazer um acesso, só que eu faço e não consigo”, explicou a dona de casa, que teme perder o direito a receber o benefício.
A mãe de Reinan não tem condições de trabalhar porque não pode deixar o jovem sozinho. Ela revelou que o marido também é deficiente, e por isso precisa cuidar dos dois. O que mantinha o filho em bom estado de saúde mental eram os tratamentos.
“Ele estava centrado, me obedecia. Agora ele já deu surto aqui, correu pela rua, nervoso, subiu na laje e quase que se joga. 23 horas da noite e ele correndo descalço, eu sem poder ir, porque já estou cansada também. Fica difícil, preciso da ajuda da Defensoria Pública”, apelou a dona de casa, cujo telefone para contato é (75) 98125-6911.
Foto: Ed Santos/ Acorda Cidade (Arquivo)
Procurada pelo Acorda Cidade, a coordenadora da Defensoria Pública de Feira de Santana, Liliane Miranda do Amaral, informou que vai determinar que a triagem verifique a situação e lance todas as informações no sistema. Ela afirmou ainda que a assistida terá acesso a todos os esclarecimentos.
Atendimento remoto
De acordo com a defensora, por conta do agravamento da pandemia, o órgão retornou no mês de janeiro à fase vermelha e o atendimento está ocorrendo de forma remota, com exceção dos casos relacionados à população em situação de rua.
“Todas as urgências demandadas pela população em situação de rua deverão ser atendidas presencialmente na sede. As demais demandas devem ser dirigidas à central, através do telefone 129, o site da Defensoria, a página do órgão no Facebook, aplicativo, e o 0800 071 3121. Manteremos também aqui em Feira de Santana, por conta de algumas dificuldades técnicas, na operadora da central telefônica, duas linhas fixas telefônicas, que são o 3614-8355 e o 3614-6963. Através dessas duas linhas vamos recepcionar as demandas e encaminhar para triagem remota e prestar qualquer informação que seja solicitada pelos nossos assistidos”, informou a defensora.
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade.