Feira de Santana

Prefeitura notifica estado após derrubada de árvores em Horto utilizado pela Uefs

De acordo com Camilo Cerqueira, chefe de fiscalização da Semman, o estado cedeu um terreno pertencente ao horto para construção de uma unidade do Tribunal de Justiça da Bahia.

Laiane Cruz

A Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Feira de Santana notificou, na manhã desta quinta-feira (4), o governo do estado acerca da derrubada de árvores em uma área do Horto Florestal que é utilizado pela Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs).

Foto: Paulo José/ Acorda Cidade

De acordo com Camilo Cerqueira, chefe de fiscalização da Semman, o estado cedeu um terreno pertencente ao horto para construção de uma unidade do Tribunal de Justiça da Bahia. No entanto, a secretaria não foi notificada sobre a ação.

“Saiu nos meios de comunicação e houve uma denúncia anônima também. Então nós viemos ao Horto, na propriedade que é ligada à Uefs, porque está havendo uma situação entre o Tribunal de Justiça da Bahia e a Universidade. Aqui tem várias árvores que estão sendo tratadas, plantadas, árvores históricas, regionais e nativas. E vai existir aqui a sede do Tribunal de Justiça. Onde eles estão fazendo, ontem, teve a derrubada de uma cerca, de um muro, e instalado um portão. Imediatamente estivemos aqui, tiramos fotos e entregamos uma advertência. No momento que eles retornarem serão notificados, pois não pode haver nenhum tipo de corte sem autorização”, informou Camilo Cerqueira.

Foto: Paulo José/ Acorda Cidade

Segundo ele, a Semman tem o papel de fiscalizar essas ações, que precisam ser feitas dentro da legalidade. “Não é simplesmente chegar na cidade, cortar árvores, fazer o desmatamento, porque é um local onde há não só árvores frutíferas, mas árvores nativas e a gente vai tomar as medidas legais. Houve a notificação e, se houver qualquer embate, vamos fazer dentro da legalidade, fazer os ritos que têm que se fazer contra os infratores, seja órgão do estado ou particular. Qualquer poda, derrubada, em área privada ou particular, precisa de autorização. Principalmente aqui que são árvores de estudo, defesa de doutorado e mestrado”, reclamou.

Perdas cientíticas

O coordenador do Horto Florestal e professor, Clayton Queiroz, informou que há 22 anos alunos da universidade dos cursos de graduação e pós-graduação desenvolvem atividades de pesquisa e extensão no local. Segundo ele, essa área foi cedida para a Uefs e a perda do terreno vai prejudicar a produção científica da instituição de ensino.

Foto: Paulo José/ Acorda Cidade

“O governador concedeu uma área para construção de uma unidade do Tribunal de Justiça da Bahia, então desde o ano passado vem se movendo um processo pelo SEI onde o TJ solicitou um espaço para a construção. A Secretaria apresentou os espaços que seriam do governo e o horto foi um desses locais. O horto foi cedido para a Uefs, para aulas de graduação e pós-graduação, está sendo utilizado o espaço. A Uefs informou que essa área não poderia ser cedida, pois está sendo usada para ensino, pesquisa e extensão, e isso traria consequências catastróficas tanto para a instituição quanto para a comunidade. Entretanto, no ano passado o governador cedeu esse espaço de 8 mil metros quadrados ao lado do Ministério Público, que também já tinha sido retirado do horto para o MP”, relatou o coordenador.

Ele afirma que a Uefs vai sofrer muito com a retirada das pesquisas, pois algumas plantas podem não sobreviver. Além disso, há no local uma estufa que foi comprada com projetos em parcerias com órgãos federais e do estado, que também terá que ser realocada. “Temos árvores aqui plantadas no local que são oriundas de projetos, temos todo um arsenal aqui nesse local.”

Foto: Paulo José/ Acorda Cidade

A técnica agrícola e graduanda e Agronomia Ana Isabel salientou que muitos alunos de Feira e outras cidades já desenvolveram experimentos no Horto.

“Hoje temos alunos da área de farmácia, biologia e agronomia desenvolvendo atividades, não só da universidade daqui de Feira como de outras instituições que vem também aqui pra o campus. Então é uma área que tem grande utilidade e apesar de não ser muito divulgada temos muitas pesquisas aqui nessa área”, disse.

Para ela, a perda de mais uma área do espaço traz um sentimento de frustração pra toda a equipe.

“É mais uma perda para o nosso trabalho de pesquisa e a ciência em si. A gente sabe que a ciência depende muito da pesquisa, então é mais uma perda essa área, são menos experimentos que vão sendo feitos. Aqui é um campo externo da universidade e nós temos todo o apoio da instituição. Apesar da pandemia, algumas pesquisas não puderam parar porque tinham prazo, então tivemos esse desenvolvimento com os devidos cuidados”, finalizou.

Foto: Paulo José/ Acorda Cidade

Com informações do repórter Paulo José do Acorda Cidade. 

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