A MONTANHA era iluminada por uma fogueira, onde três irmãos se aqueciam. De tempos em tempos, o vento trazia os uivos dos lobos famintos, às vezes longe, depois mais perto. Logicamente, as crianças tinham medo e quiseram saber se havia um meio de espantar o medo. O pai garantiu que era possível, bastava só pensar como pensavam as ovelhas.
O PAI, explicou porque as ovelhas não tinham medo, mesmo dormindo nas pastagens, próximas da floresta onde os lobos uivavam ameaçadores: Elas escutam a doce flauta do pastor. A melodia dá a elas tranqüilidade. A música espanta os lobos, quis saber uma das crianças? Não, eles não fogem, mas as ovelhas sabem que o pastor cuida delas. Ele não dorme. Ouvindo a flauta, as ovelhas dormem sem medo, embora o perigo continue a rondar.
ESSA HISTÓRIA lembra o Salmo 22 que diz: “O Senhor é o pastor, nada me falta… Ainda que eu ande por um vale de espessas trevas, não temo mal algum, porque tu estás comigo”. E no Natal, os anjos anunciaram que o medo cederia seu lugar para a alegria e a paz. A melodia dos anjos encheu de encantamento os habitantes de Belém. Essa música seria para todos e para sempre.
O NATAL, a cada ano, traz presente a certeza desta segurança: Os “lobos” continuam uivando, ameaçadores, até mesmo dentro de nós, mas não existem mais motivos para ter medo ou desesperar. Natal é a certeza que os lobos, isto é, todos os males, não são rivais à altura do Pastor. O mal e o pecado não terão a última palavra. Jesus armou sua tenda entre nós, e nos prometeu: “Não tenham medo, estou todos os dias com vocês até o fim do mundo”.(Mt 28,20).
PENSANDO nisso, neste Natal, somos de novo desafiados, por Deus, a dizer não ao medo e erguer a bandeira da Coragem e da Esperança. Esperança de vencer a Pandemia do coronavírus. Esperança de ver crianças felizes, idosos sorrindo, famílias se abraçando, água, terra, saúde, educação, segurança pública, trabalho, casa, vida com dignidade para todos. Só assim posso dizer: Feliz Natal!
Dom Itamar Vian
Arcebispo Emérito
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