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O médico João Pedro Feitosa, voluntário brasileiro que participava dos testes da vacina de Oxford morreu, informou a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) nesta quarta-feira (21). Pesquisadores ligados aos testes do imunizante no Brasil informaram que ele tinha 28 anos e morava no Rio de Janeiro.
A Anvisa disse ter sido notificada do óbito em 19 de outubro, e que foi informada que o comitê independente que acompanha o caso sugeriu o prosseguimento do estudo (veja íntegra da nota da Anvisa abaixo). "O processo permanece em avaliação", disse a agência.
O médico fazia parte do grupo controle do estudo e tomou o placebo – ou seja, não recebeu uma dose do imunizante em desenvolvimento.
O que se sabe sobre o caso
-Voluntário eramédico recém-formado
-Elemorreu devido a complicações da Covid-19
-Após avaliação de comitê independente, testes não foram suspensos
-AstraZeneca e Oxford alegam cláusulas de sigilo para não divulgar mais detalhes do caso
Desenvolvedores dizem que comitê não viu preocupações de segurança relacionadas ao caso
-Anvisa disse que processo permanece em avaliação, mas não determinou suspensão do estudo
Testes e acordo no Brasil
A vacina desenvolvida em parceria entre o laboratório AstraZeneca e a Universidade de Oxford é a principal aposta do governo federal para uma futura campanha de vacinação contra o novo coronavírus.
O estudo está na fase 3 dos testes, que começaram no Brasil em junho. Nesta fase, a eficácia da vacina na imunização é verificada a partir do monitoramento de milhares de voluntários. No país, 8 mil voluntários já participam do estudo.
Antes da fase 3, sua segurança foi verificada em estudos e nenhuma reação grave foi verificada, somente reações leves
O Ministério da Saúde prevê o desembolso de R$ 1,9 bilhão para o projeto AstraZeneca/Oxford, e espera oferecer 100 milhões de doses no primeiro semestre da vacina, caso os estudos confirmem sua eficácia e segurança. Além disso, prevê produzir mais 165 milhões de doses no Brasil no segundo semestre.
Segurança da vacina de Oxford
Um estudo com resultados preliminares da vacina de Oxford (AZD1222) foi publicado em 20 de julho, na revista científica "The Lancet". A pesquisa cita reações consideradas leves e moderadas e não fala sobre efeitos colaterais graves:
-Dor após a vacinação: 67% sem paracetamol; 50% com paracetamol.
-Fadiga: 70% sem paracetamol; 71% com paracetamol.
-Dor de cabeça: 68% sem paracetamol; 61% com paracetamol.
-Dor muscular: 60% sem paracetamol; 48% com paracetamol.
Os testes iniciais, das fases 1 e 2, foram realizados na Inglaterra, com 1.077 voluntários, divididos em dois grupos: 543 pessoas receberam a vacina experimental, e outras 534 receberam uma vacina de meningite (o grupo controle) – 56 participantes da vacina experimental receberam paracetamol profilático.
Nota da Anvisa sobre a morte do voluntário
"Em relação ao falecimento do voluntário dos testes da vacina de Oxford, a Anvisa foi formalmente informada desse fato em 19 de outubro de 2020. Foram compartilhados com a Agência os dados referentes à investigação realizada pelo Comitê Internacional de Avaliação de Segurança. É importante ressaltar que, com base nos compromissos de confidencialidade ética previstos no protocolo, as agências reguladoras envolvidas recebem dados parciais referentes à investigação realizada por esse comitê, que sugeriu pelo prosseguimento do estudo. Assim, o processo permanece em avaliação.
Portanto, a Anvisa reitera que, segundo regulamentos nacionais e internacionais de Boas Práticas Clínicas, os dados sobre voluntários de pesquisas clínicas devem ser mantidos em sigilo, em conformidade com princípios de confidencialidade, dignidade humana e proteção dos participantes.
A Anvisa está comprometida a cumprir esses regulamentos, de forma a assegurar a privacidade dos voluntários e também a confiabilidade do país para a execução de estudos de tamanha relevância.
A Agência cumpriu, cumpre e cumprirá a sua missão institucional de proteger a saúde da população brasileira."
Fonte: G1